Há
exactamente um ano, na evocação que no Obamatório sempre se faz nesta data do
ataque terrorista de 2001 (e, depois, também o de 2013 em Benghazi) contra os
Estados Unidos da América, estava-se muito longe de imaginar e de prever que,
menos de um mês depois, a 7 de Outubro de 2023, ocorreria aquele que acabou por
se revelar não só o pior atentado cometido pelo extremismo islâmico desde o que
tomou como alvos Nova Iorque e Washington mas também o maior crime anti-semita desde o Holocausto na Segunda Guerra Mundial. Cerca de 1200 mortos, 1200
feridos e 250 raptados resultaram de uma incursão do Hamas no Sul de Israel,
provenientes da Faixa de Gaza, incursão essa que teve aspectos revoltantes, horrorosos, que demonstraram a crueldade desumana dos piores fanáticos que
existem neste planeta.
Seria
talvez de esperar que uma onda de solidariedade gigantesca para com o povo
israelita e outra, simultânea, de condenação das acções dos terroristas
muçulmanos se erguessem em resposta ao crime hediondo. Porém, infeliz, incrível
e inacreditavelmente, não foi bem isso o que aconteceu. As expressões de
simpatia para com a nação judaica, se é que existiram, rapidamente foram como
que apagadas pelas várias manifestações de anti-semitas e de apoiantes de
fundamentalistas maometanos que têm ocorrido desde então, e não falamos das que
tiveram lugar em países que têm o crescente nas suas bandeiras. Várias cidades da Europa – Lisboa incluída – e dos EUA foram regularmente
ocupadas, nestes quase 12 meses, por milhares de indivíduos que não podem deixar de ser considerados neo-nazis – eles são a favor da extinção de Israel
e, por arrastamento (e massacres), de toda a sua população, e é isso que a
frase «do rio até ao mar» quer dizer; e, para neo-nazis, nenhuma tolerância é
devida. Não está em causa aqui a liberdade de expressão mas sim o incitamento à
violência e o auxílio - moral, se não mesmo material - ao assassinato em massa, largamente financiados e elogiados pelo Irão, pelo que proibições e detenções
já deveriam ter sido realizadas, e em larga escala.
É
aos democratas que se deve «agradecer» que Nova Iorque e Washington, urbes que
eles controlam, tenham sido cenários de repulsivas demonstrações de ódio, e que, ocasional e previsivelmente, resvalaram para a violência física: por exemplo(s), na «Grande Maçã» houve uma tentativa de atropelamento colectivo e na «Cidade dos Anjos» houve agressões junto a uma sinagoga. Existiram, e continuam a existir, ameaças: além das ruas têm sido as universidades os espaços onde a intimidação dos apoiantes do Hamas mais frequentemente
tem acontecido, sendo os estudantes judeus constantemente apontados e assediados.
O facto essencial é este: onde há 23 anos milhares de pessoas foram mortas
agora viu-se serem desfraldadas e agitadas bandeiras dos «irmãos» espirituais e
materiais dos que pilotaram aviões contra o World Trade Center e o Pentágono,
bandeiras americanas a serem queimadas – o que não é propriamente uma novidade
pois os «burros» fazem isso há décadas – e também se ouviram gritos de «morte à América» como em Ramallah e em Teerão. Afinal, o que aconteceu, o que falhou,
para que tantas, milhares de pessoas – muitas delas muçulmanos de «importação»
mas também bastantes que não o são, mais concretamente jovens estúpidos
altamente influenciáveis – se manifestem contra um falso genocídio e a favor de
um verdadeiro, acreditando em novas versões de seculares mentiras anti-judaicas, e em países da civilização ocidental onde se esperaria existir
lucidez e sensatez abrangentes? Resumidamente, uma longa e persistente doutrinação
esquerdista, neo-marxista, nas universidades, e uma endémica desinformação do mesmo cariz na «lamestream media», reforçadas – o que é mais grave – pela ambiguidade «azul» no
apoio a Israel.
Efectivamente,
neste quase um ano que passou várias foram as instâncias ou os (quase)
incidentes (pouco) diplomáticos da actual «administração» e de alguns
proeminentes congressistas – dos quais se destaca muito negativamente Chuck Schumer, judeu desavergonhado e desonroso – com o governo de Israel, tendo este
sido pressionado sucessivamente para atenuar e até para cessar as suas (justificadas) acções
retaliatórias contra o Hamas em Gaza, indispensáveis para, talvez desta vez,
eliminar definitivamente aquela organização terrorista. No entanto, nem mesmo as
mortes de diversos reféns, incluindo os de nacionalidade americana, parecem ser
suficientes para que a cobardia e o calculismo político-eleitoral deixem de ser
os factores fundamentais daqueles que ocupam a Casa Branca e o Departamento de
Estado. Tal ficou, aliás, claramente demonstrado quando Kamala Harris – ou quem
de facto manda nela – escolheu Tim Walz para seu candidato a «vice» em vez de
Josh Shapiro. Não é difícil perceber porquê: o primeiro é governador de um dos
dois Estados com as maiores comunidades muçulmanas, o Minnesota (o outro é o Michigan), de que,
recorde-se, Ilhan Omar é representante, e por mais de uma vez defendeu e/ou elogiou islamitas radicais, algo que Joe Biden e Kamala Harris também fizeram, além de os financiarem, tanto directa como indirectamente - afegãos, iranianos e «palestinianos»; o segundo, governador de um dos mais fulcrais swing
states do país, a Pensilvânia, não terá sido escolhido porque é judeu e isso
poderia irritar (ainda) mais os celerados que pugnam pela destruição de Israel.
É incompreensível, por padrões de lógica e de sanidade mental, que existam
fiéis da religião hebraica que votem democrata nos dias de hoje. Todavia, não é
tão absurdo, tão ridículo, quanto supostas feministas e supostos activistas
pró-LGBT – os tristemente famosos «Queers for Palestine» - marcharem a favor
das gentes mais misóginas – exemplo máximo do patriarcado! – e mais homofóbicas
que existem.
Entretanto,
e num outro aspecto (igualmente importante) deste problema e desta situação, é indispensável
que obras como «A Zona de Interesse» - tanto o filme (que este ano ganhou o Oscar para a melhor obra em língua estrangeira) como o livro em que se
baseia – continuem a ser produzidas e divulgadas. Vem juntar-se a uma longa
lista de trabalhos documentais e artísticos - que
inclui, em especial, «A Lista de Schindler» - que desde o final da Segunda
Guerra Mundial serviram, mais do que para entreter, para recordar e denunciar
os horrores cometidos contra o povo judeu. Infelizmente, e para muitos, «quem
esquece a História está condenado a repeti-la», e continuamos a assistir, com
espanto e indignação, a manifestações de anti-semitismo que há não muito tempo
se diria serem pouco menos do que impossíveis, e que se insurgem contra o
direito – e o dever – de Israel se defender dos que não hesitam em agredir,
torturar, em violar e matar pessoas, inocentes, que seguem outras religiões, e
que, ao mesmo tempo, não se incomodam em fazer dos seus próprios compatriotas escudos humanos, lançando ataques e atentados a partir de escolas, hospitais e
instalações de agências humanitárias. E, quais aprendizes de Joseph Goebbels,
mentem constante e descaradamente, pelo que nenhuma «informação» vinda deles,
sobre números de vítimas ou qualquer outro tema, é minimamente digna de crédito.
As novas «noites (e dias) de cristal» são já demasiadas, e tornam-se ainda mais
inadmissíveis e insuportáveis no dia 11 de Setembro.
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