Combater para diminuir – porque eliminar
completamente não é, já o aceitei há algum tempo, possível – a desinformação,
as mentiras e a propaganda que há muito tempo são expelidas contra o Partido
Republicano dos Estados Unidos da América e, mais recentemente (desde 2015),
sobre Donald Trump, é uma tarefa interminável mas também ingrata. E torna-se
mais penosa quando entre os que espalham essas falsidades estão pessoas que
conhecemos pessoalmente, e que estimamos.
Um desses exemplos é João-Afonso Machado, tal como
eu militante monárquico em Portugal, tal como eu «bloguista» e escritor (editado),
e que, aliás, e nessa qualidade, convidei para participar na antologia
colectiva de contos de Ficção Científica e Fantasia «Mensageiros das Estrelas»,
lançada em 2012 e por mim co-organizada. JAF é também colaborador do blog
Corta-Fitas, e no passado dia 3 de Maio publicou uma posta intitulada
«Trampas», o que por si só indica desde logo o tom, o sentido e o conteúdo do texto, e
neste o actual Presidente dos EUA é alvo de uma violenta invectiva por ter
difundido uma imagem... «criativa» - isto é, que não é verdadeira mas sim
gerada digitalmente – dele próprio com as vestes papais... o que, ironicamente,
agora quase pode ser considerado uma premonição, porque apenas cinco dias
depois, a 8 de Maio, foi escolhido e anunciado o substituto do argentino Joseph
Bergoglio, que escolheu o nome de Francisco, enquanto Sumo Pontificie: o
norte-americano Robert Prevost, que escolheu o nome de Leão XIV. E naquela
posta deixei o seguinte comentário: «(...) No que respeita a matéria religiosa,
impõe-se relembrar - ou revelar para quem não sabe, como provavelmente é o caso
do meu caro João-Afonso Machado - que o suposto “devoto católico” Joe Biden,
defensor do “casamento gay” e do aborto até à data de nascimento, promoveu uma
ofensiva generalizada contra cristãos em que se destacou a classificação, pelo
FBI, daqueles enquanto “extremistas” que deveriam ser vigiados nas suas
igrejas, e ainda acusação, condenação e prisão de vários (pacíficos) activistas
pró-vida, que Donald Trump perdoou e libertou pouco depois da sua tomada de
posse. Afirmar, escrever, que o actual Presidente dos EUA tem “demência”
(na verdade, o seu antecessor é que a tem), que pratica “heresias”, anunciou “loucuras
e mentiras”, que sofre de “megalomania”, que é um “imbecil, ordinário,
personagem reles”, um “anormal assassino” (mas quem é que ele “assassinou”?
Ele, sim, é que foi quase assassinado...), é não só injusto mas também
disparatado. Na verdade, ele tem, sempre teve, sentido de humor, este faz parte
da sua “persona” pública há décadas, como é comprovado pelas suas presenças em
vários filmes e séries de televisão dentro do género da comédia, como, por
exemplo, “Home Alone 2”, “The Nanny”, “The Fresh Prince of Bel-Air” e “Saturday
Night Live”. Já neste blog apelei a que se tenha calma, se respire fundo,
se “conte até dez” antes de se escrever e publicar um texto depreciativo do Nº
47; que se tenha em consideração todo o contexto do assunto em causa, e ainda,
muito importante, que se faça o contraste com os degenerados democratas,
crónicos criminosos e apoiantes de criminosos, tanto nacionais como
estrangeiros. Repito que não quero de todo que o Corta-Fitas tenha o mesmo
triste destino do Delito de Opinião, que se transformou numa sarjeta do mais
reles e ridículo “TDS”.»
«TDS» significa, obviamente, «Trump Derangement
Syndrome», e, não, não é um exagero afirmar-se que o Delito de Opinião actualmente
– e metaforicamente – se assemelha a um escoadouro de repelentes resíduos
anti-conservadores e até anti-americanos. Tal tendência não é de agora, note-se
– na verdade, começou a verificar-se há cerca de três anos, e uma e outra vez
senti-me na obrigação de a denunciar. Porém, agravou-se, e de que maneira, com
a vitória de Donald Trump em Novembro passado e a sua (segunda) tomada de posse
em Janeiro último. E foi também, curiosamente, no Corta-Fitas, mas previamente,
em Março, que, com alguma surpresa, acabei por ter uma... confrontação, mais
concretamente uma troca algo tensa e azeda de comentários, com um dos colaboradores
do Delito de Opinião. Tudo começou com um texto de José Miguel Roque Martins a
que o seu colega Henrique Pereira dos Santos respondeu, e a ambos respondi:
«(...) É agradável haver mais alguém que não se deixa intimidar pelo ambiente
de aparente histeria colectiva que se verifica em Portugal (mas não só) em
relação à actuação da presente administração norte-americana, em especial
perante a guerra na Ucrânia (mas não só)... E de que este texto de José Miguel
Roque Martins, infelizmente, parece fazer parte. “Trump e Vance atacam de forma
brutal Zelinsky”, “os argumentos ridículos, o tom usado, a ainda maior agressão
de cancelamento, são obviamente mais que deploráveis”, “apenas mais um acto de
agressão ordinário, cobarde, de macho alfa” - expressões, exclamações, típicas
de uma auto-confessada “alma sensível”, que acredita que em diplomacia é a
elegância que predomina, mas que evidentemente (aqui) não sabe do que fala. (...)
Não quero de todo que ao C-F aconteça o que aconteceu a outro blog, que tem a,
digamos, “criminalidade de pensamento” como designação, e do qual se diria que
quase todos os seus “escribas” (e a maioria dos que lá comentam) enlouqueceram
desde 20 de Janeiro último, acumulando “postas” agora praticamente diárias em
que abundam as mentiras, os insultos e as teorias da conspiração, umas mais
risíveis do que outras, sobre Donald Trump e a sua equipa governativa.»
Aconteceu que João Pedro Pimenta, um dos autores do
Delito de Opinião, de algum modo descobriu este meu comentário e deu início a
um «duelo» de textos comigo, com recurso frequente a expressões algo abrasivas.
Praticamente todas as suas intervenções seguiram o mesmo pré-conceito: sim,
Donald Trump, J. D. Vance, Elon Musk e todos os que acompanham o Nº 47 são muito maus, e eis «exemplos» disso. Pelo que tive de dar a JPP algumas noções do que é a verdade dos factos: «(...) Ao afirmar que a actual
administração norte-americana, liderada por Donald Trump e J. D. Vance, é “um
bando de mafiosos instalados no poder, aliados explícito(s) de Putin e inimigos
da Europa” você cometeu a “proeza” de cuspir três enormes e ridículas mentiras
numa curta frase; mostrou-se mais sucinto do que os seus comparsas no que se
refere a debitar parvoíces, pelo que suponho que lhe devo dar os “parabéns”. Os
meus argumentos, ao contrário dos seus e da maioria dos partilhados pelos “co-delituosos”,
e ainda os de muitos outros iludidos pelos “me(r)dia” que por aí andam a
papaguear propaganda, não consistem em bazófia não fundamentada: assentam em
factos. (...)» O Pimenta ripostou com mais (três) mentiras, e fui forçado a administrar
uma «desintoxicação» mais alongada, tanto que requereu uma continuação: «(...) Primeira: ninguém impediu a
Associated Press de fazer perguntas. O que acontece(u) é que, sendo muitos os
jornalistas, nem sempre há lugar para todos no Air Force One, na sala de
imprensa da Casa Branca ou em outros espaços afectos à Presidência, pelo que
alguma rotatividade tem de existir. A AP não merece quaisquer privilégios, não
tem de ter prioridade, e não apenas por também se ter tornado num instrumento
de “wokistas”. Segunda: Donald Trump não tentou provar que Barack Obama não é
americano. Quem inicialmente lançou dúvidas sobre a nacionalidade do Sr.
Hussein foi Hillary Clinton, nas primárias democratas para eleição presidencial
de 2016; Trump, no seu estilo característico, recuperou as insinuações como
forma de acicatar os opositores. E o próprio BHO ajudou à incerteza durante
anos – há pelo menos uma (auto)biografia em que se afirma que ele nasceu no
Quénia. Terceira, Donald Trump – e J. D. Vance, e Elon Musk – não são aliados
de Vladimir Putin; esta é demasiado idiota, e é preciso ser-se, estar-se,
desinformado e manipulado em último grau para acreditar numa patranha tão
ridícula. Antes de mais, Musk assegura, com a Starlink, as comunicações
essenciais, militares e não só, da Ucrânia. Quanto a Trump, se ele é um “aliado”
de Putin e da Rússia é certamente o mais estranho de sempre. No primeiro
mandato alertou os alemães contra a dependência energética de Moscovo e impôs
sanções ao oleoduto Nordstream 2, que Joe Biden depois levantou; mandou mísseis
e outro material bélico para Kiev, depois de Barack Obama pouco mais ter
enviado do que cobertores; em 2018 autorizou que cerca de 200 mercenários
russos na Síria fossem abatidos. Já Joe Biden, que recebera dinheiro, através
do filho, de uma figura da “oligarquia” russa (e de ucranianos, e de chineses,
e de...), afirmou que se a Rússia apenas fizesse uma “pequena incursão” tal não
seria um grande problema, e Putin assentiu, lançando o que ele designou de “operação
militar especial”. Entretanto, os europeus têm continuado a comprar petróleo
aos russos, mesmo que por “portas travessas”, indirectamente, assim ajudando a
financiar o esforço de guerra do Kremlin; eu diria que isso os torna, verdadeiramente,
“putinistas”, e não os americanos.»
Rematei reiterando o meu espanto perante a degradação
que tem caracterizado aquele espaço da blogosfera: «Para minha grande surpresa,
e certamente haverá outros como eu, o Delito de Opinião tem vindo a
radicalizar-se nos últimos meses. A linguagem de quase todos os seus ”escribas”
assemelha-se à que os extremo-esquerdistas habitualmente usam (...). Pior, ela está
a ser pontuada por uma inesperada, e reles, misoginia: hoje o seu camarada
Paulo Sousa chamou a Tulsi Gabbard um “coiro trumpista”, e há poucos dias o seu
“querido líder” P(edro) C(orreia) chamou a Alice Weidel – uma lésbica
pró-Israel! – uma “besta neonazi”. A estupidez e a histeria podem efectivamente
ser contagiosas, e eu recomendaria que começassem a procurar aconselhamento
profissional adequado assim que possível.» A réplica final de João Pedro
Pimenta mais não fez do que confirmar a minha recomendação, ao conter a alegação
ridícula de que a líder da Alternativa para a Alemanha e o dono da Tesla são
neo-nazis, sim, mas contemporâneos (!!), porque excluem o anti-semitismo. E a minha paciência esgotou-se: «(...) Quando se é um casmurro empedernido, que se
recusa a aceitar os factos mais básicos e comprováveis (e que, não, não são “areia
para os olhos”), é isto que acontece. Não vale a pena continuar a discutir com
quem não tem honestidade intelectual, com quem se recusa a “perder” a qualquer
custo, que não quer “dar parte de fraco", e que por isso não hesita em
cair no absurdo... De que é também exemplo continuar a insistir, estupidamente,
que “Trump, Vance e Musk são objectivamente aliados de Putin e inimigos da
Europa”. Eles são, sim, tal como muitos outros, entre os quais eu, português e
europeu, me incluo, inimigos de politiqueiros loucos que querem arrastar este
continente e os seus países para uma espécie de suicídio colectivo, através da
imigração ilegal em massa, da sabotagem energética e económica induzida pelo
culto ambientalista fanático, da censura e da prisão de cidadãos comuns por
expressarem as suas opiniões e até por rezarem – e foi contra isto que J. D., correcta e corajosamente, se insurgiu em Munique. E a posição dele só é
reforçada pela contestação de conformistas e de cobardes.»
Evidentemente, não é só no Delito de Opinião que o
«Síndroma de Desarranjo por Trump» se manifesta em Portugal. O jornal Expresso, qual esgoto, é para tal outro canal fundamental, e nele se destaca Miguel Sousa Tavares, em acelerado apodrecimento mental. E pelo menos duas
pessoas minhas amigas difundiram(-me) por WhatsApp uma conta no Twitter/X com a notícia falsa de que DJT teria dito ao presidente italiano
Sergio Mattarella, aquando de uma visita deste a Washington em Outubro de 2019,
que os EUA e a Itália eram aliados desde o tempo da Roma antiga. Não restam dúvidas: há gente que acredita mesmo em tudo.
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