Segue-se
a segunda (e última) parte do «especial» dedicado, no Obamatório, à minha
recente discussão virtual com Pedro Correia a propósito do texto «Saudades antecipadas de Obama» que aquele escreveu e publicou no blog Delito de Opinião,
e que acabou por constituir um pretexto para uma (breve) «revisão da matéria
dada» nos últimos sete anos. Na primeira parte terminei expressando o meu
espanto – sim, ainda é possível ele dizer e/ou fazer algo que até a mim
surpreende – por Barack Obama ter equiparado o capitalismo ao comunismo… isto
na Argentina onde dançou o tango enquanto em Bruxelas se choravam os mortos de mais um atentado terrorista perpetrado por muçulmanos extremistas, e depois de
Cuba, onde confraternizou com repressores comunistas…
…
E Pedro Correia ripostou com a relativização que já usara antes, recordando episódios,
factos históricos anteriores de presidentes norte-americanos que foram ao
encontro… de homólogos pouco respeitáveis e recomendáveis, e isto porque «os interesses são permanentes e as
alianças variam em função dos interesses e submetem-se a eles.» Eu contrapus: «O que diria hoje eu se visse um presidente
americano a deslocar-se ao encontro de um Estaline? Ou de um Mao (e a Revolução
Cultural, em 1972, já terminara ou estava a cessar)? Reitero o que disse no meu
comentário anterior: dependeria da confiança que esse presidente inspirasse.
Roosevelt, Nixon, Reagan, e até Bill Clinton, inspiravam. Apesar das suas
falhas em algumas (e diferentes) matérias, ninguém duvidava de que acreditavam
na supremacia do capitalismo sobre o comunismo, e lutavam efectiva, contínua e
consistentemente nesse sentido. Barack Obama não. Sem dúvida que há que
enterrar os últimos resquícios da Guerra Fria. O problema é que esses...
resquícios não querem ser enterrados. Cuba e Coreia do Norte não só não
melhora(ra)m como estão cada vez mais arrogantes, agressivos. O Pedro soube,
leu, (d)o artigo (supostamente) escrito por Fidel Castro depois da visita de
Obama? Nenhuma abertura promete(u), tal como não são sinais de desanuviamento
as constantes ameaças apocalípticas feitas pelo mais novo dos Kim. Ambos não
respeitam, não receiam, o actual presidente dos EUA... e também por o terem
visto a fazer vénias, a curvar-se, perante o rei da Arábia e o imperador do
Japão. Concordo que há uma equivalência entre o nazismo e o terrorismo de
matriz islâmica - que, aliás, não é só de agora, porque muitos muçulmanos,
incluindo o seu então líder “espiritual” máximo, eram apoiantes declarados de
Hitler. Porém, é uma ingenuidade falar-se apenas do “terror sunita” quando
existe um “terror xiita” pelo menos tão perigoso e preocupante quanto aquele.
No Irão também se executam “blasfemos” e homossexuais. O regime de Teerão, além
de ser ele próprio uma organização terrorista, apoia terroristas no estrangeiro
há quase 40 anos. E, agora, com a “generosa” contribuição da actual
administração norte-americana, esse apoio vai aumentar.»
O meu interlocutor «voltou à carga» e
(re)começou por dizer que «a história
precisa de tempo para sedimentar-se. Roosevelt e Truman, por exemplo,
beneficiam hoje de uma distância temporal para serem avaliados com a justiça que
só o distanciamento permite. Mas você certamente não ignora que foram ambos
alvos das mais duras críticas enquanto exerceram funções. A corrente
isolacionista, muito forte nos EUA, lançou os insultos mais desprimorosos a
Roosevelt, acusando-o de envolver o país no conflito mundial. E só Pearl Harbor
silenciou essas críticas. Truman, por sua vez, foi acusado de ser um dos mais
impreparados presidentes de sempre - incluindo por gente do Partido Democrata.
Foi reeleito à tangente e impiedosamente ridicularizado por cartunistas e
colunistas até ao último dia na Casa Branca. Chamaram-lhe de tudo, incluindo
"criminoso de guerra" por ter mandado arrasar Hiroxima e Nagasáqui.»
Depois regressou a casos mais recentes… Pela minha parte, reconheci e concordei
que «o Pedro - tal como muitas outras pessoas - é “incapaz de compará-lo (o
regime cubano) com o regime totalitário da Coreia do Norte, imensamente pior.”
Sem dúvida. Porém... Cuba e Coreia do Norte mantêm relações - diplomáticas,
culturais, económicas e militares (incluindo tráfico de armas... há três anos
um navio norte-coreano carregando armamento cubano foi arrestado no Panamá) -
muito próximas há mais de 50 anos. Aliás, Teerão tem em Havana outros dos seus
maiores amigos. Um autêntico (outro) “eixo do mal” que a fraqueza, a
incompetência e o relativismo ideológico de Barack Obama e dos “democratas”
norte-americanos mais não têm feito do que reforçar.»
O
criador e coordenador do DdO considerou, enfim, que seria preferível esperar «pelo próximo ciclo político para avaliar
inteiramente o que ainda não se esgotou. O tempo é o melhor juiz, como creio já
ter dado alguns exemplos.» No entanto, neste caso a minha opinião é a de que já
passou tempo suficiente: «eu não preciso de esperar pelo próximo ciclo
político (norte-americano) para avaliar (quase) definitivamente a presidência
de Barack Obama. A menos que aconteça um milagre de autênticas características
mágicas, avassaladoras, a apreciação será sempre negativa. E desde
2007-2008 que eu sei que tipo de pessoa ele é: educado, inspirado, por Frank
Marshall Davis, comunista; na juventude (ele admite-o) procurava rodear-se de
marxistas - aliás, os seus registos universitários (incluindo trabalhos, teses,
que escreveu) continuam selados, o que só aumenta as suspeitas de que
proporcionariam revelações desagradáveis; já na idade adulta, e em Chicago,
tornou-se próximo de fanáticos (Jeremiah Wright, seu pastor durante 20 anos,
que o casou, conhecido por gritar “God damn America!”), terroristas (Bill Ayers
e Bernardine Dohrn, casal em cuja casa iniciou a sua carreira política),
corruptos (Rod Blagojevich, actualmente preso) e mafiosos (Tony Rezko, que lhe
arranjou uma casa em condições favoráveis). Entrado na Casa Branca, mostrou-se
pior do que Richard Nixon: ameaças a jornalistas e a “whistleblowers”, escutas
telefónicas e processos em tribunal; assédio, perseguição e sabotagem a/de
opositores políticos (republicanos, conservadores) através, principalmente, do
serviço de IRS; libertação (perdão) constante de criminosos, tanto nacionais
(traficantes de droga) como estrangeiros (jihadistas); instrumentalização de
todo o aparelho do Estado, do governo federal, na prossecução de causas
“fracturantes” e “politicamente correctas”, em especial a “agenda LGBT” e as
“alterações climáticas”. Não, nem é necessário considerar a sua
(desastrosa) diplomacia, feita de fraqueza, “linhas vermelhas” transpostas sem
consequências, negligência e até desrespeito por aliados, e transigência com
inimigos, para se poder afirmar, com certeza, que estes oito anos constituem
uma catástrofe para os EUA e para o Mundo. “Saudades”? Nenhumas!»
Pedro
Correia não é, no entanto e infelizmente, o único jornalista português a manifestar
antecipadamente «saudades» por Barack Obama deixar de ser presidente dos EUA.
Teresa de Sousa, em artigo no Público do passado domingo, exprimiu exactamente
o mesmo sentimento. O que demonstra, mais uma vez, que a experiência e o (suposto)
conhecimento adquirido dos assuntos proporcionado (em princípio) por aquela não
são obstáculos a que se caia em equívocos e se passe por situações embaraçosas, e não propriamente dignas da profissão que se tem.
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