sexta-feira, 13 de maio de 2016

«Hillarity» (Parte 5)

Quem diria, há não muitos meses, que ainda antes de Maio de 2016 as primárias do Partido Republicano para a eleição do próximo presidente dos EUA, que começaram com 17 candidatos e nenhum favorito destacado, já estariam praticamente terminadas, enquanto que as primárias do Partido Democrata, com cinco candidatos e uma favorita destacada, ainda não?
Porém, é esse o real cenário actual: Donald Trump já estava à frente em votos e em delegados, e, após as desistências (formalmente, «suspensões de campanha») de Ted Cruz e de John Kasich, ficou sozinho na corrida e é, pois, o «nomeado presuntivo» entre os «encarnados»; Hillary Clinton continua a ter a (cerrada) concorrência de Bernie Sanders, mas continua a ser apontada como a virtual vencedora entre os «azuis». No entanto, enquanto o milionário continua a ter as suas (muitas) afirmações e acções contraditórias, controversas, duvidosas, quando não ofensivas, devidamente divulgadas e escrutinadas, as da ex-primeira-dama, ex-senadora e ex-secretária de Estado nem tanto. Pelo que novamente no Obamatório se procede a uma inventariação… longe de ser exaustiva dos momentos de «hilaridade» (ou nem tanto) que a campanha da esposa de Bill Clinton – que, definitivamente, não é tão sensata quanto ele, o que é dizer muito – tem proporcionado, em especial desde Outubro último.
E há tanto por onde escolher… sabiam que ela alega que, quando era mais jovem, tentou alistar-se nos Marines, mas foi recusada? Que se riu quando um dos seus apoiantes lhe disse que lhe apetecia estrangular Carly Fiorina? Que deu números errados (pronto, está bem, mentiu…), durante um debate, sobre a quantidade de mortos por armas de fogo? Isto como mais uma forma de apelar a um maior «gun control», apesar de, confirmou-se depois, tanto ela como o marido já beneficiarem há décadas de segurança armada… paga pelos contribuintes. Entretanto, e porque não lhe bastou criar (ou participar n)uma falsa narrativa envolvendo um vídeo (aquele que supostamente causou o ataque ao consulado em Benhazi), decidiu criar (ou participar n)outra, dizendo que Donald Trump estava a ser «usado (mostrado) literalmente» em vídeos de propaganda do ISIS, o que não era verdade.. mas o marido foi; depois, e pior, chamou indirectamente (ou será que foi directamente?) de mentirosos aos familiares das vítimas do atentado na Líbia.     
As fontes do seu financiamento – pessoal, familiar, político – constituem outro factor de perturbação constante para Hillary Clinton e para a sua campanha. Às perguntas sobre se o dinheiro que a Goldman Sachs, e outras empresas de Wall Street, lhe pagaram por discursos não poderia ser considerado excessivo, ela respondeu «foi o que eles ofereceram…» Tal como «não é muito» os 150 mil dólares em contribuições que ela recebeu de companhias de petróleo e de gás… e, de facto, não é, mas para os fanáticos contra as energias fósseis um dólar já seria demais. Já das empresas mineiras de carvão, e respectivos trabalhadores, não é de esperar grandes donativos, pois ela prometeu levá-los à falência. Será por isto também que ela afirma ser, nos EUA, «o (a) funcionário(a) público(a) mais transparente dos tempos modernos»? As funcionárias… privadas da Fundação Clinton não deverão tirar disso grande satisfação, já que ganham em média menos 38% do que os seus colegas masculinos. Mais uma vez, não acreditem quando os democratas se queixarem - acusando frequentemente, em simultâneo, os republicanos - de discriminação salarial. 
Outra constante na campanha de Hillary Clinton – e que quase começa a  parecer uma «maldição» (auto-infligida) – tem sido a de proferir frases que são imediatamente anuladas, ou contraditadas, por acontecimentos passados, mais ou menos remotos. A candidata afirmou que se deve acreditar em todas as mulheres que alegam ser vítimas de violação… e, numa acção de campanha, em Dezembro último, em New Hampshire, perguntaram-lhe se isso também se aplicava às mulheres que acusaram o marido; criticou, em Fevereiro, Bernie Sanders por assentar a sua campanha em promessas sucessivas de «coisas grátis»… mas, antes, criticou Jeb Bush por este acusar os democratas de fazerem isso; ao seu concorrente directo perguntou, em Março, onde é que ele estava nos anos 90, quando a então primeira-dama lutava por alterar o sistema de saúde do país… e a equipa do senador do Vermont respondeu «literalmente, atrás de si»; no mesmo mês, e em entrevista a Chris Matthews, disse que «não perdemos uma só pessoa na Líbia» (!); um dia depois, disse, referindo-se a Donald Trump, que «o nosso comandante-em-chefe tem de ser capaz de defender o nosso país, e não de o embaraçar»… o que levantou a possibilidade de ela também se estar a referir ao marido.         
Tantas falhas de memória e até de conhecimento como que dão razão à sua assistente (e esposa do infame Anthony Weiner) Huma Abedin, que chegou a confidenciar, no início de 2013, numa mensagem de correio electrónico dirigida a uma colega, que Hillary Clint «está (estava) confusa frequentemente». E vários outros exemplos recentes existem dessa… desorientação. Como: afirmar que quer «começar boas coisas antes que aconteçam» (?!); pôr-se a ladrar, literalmente, num comício; garantiu que sempre tentou dizer a verdade e não acredita que alguma vez tenha mentido; e confundiu a Constituição com a Declaração da Independência! E há que não esquecer a sua já longa lista de «flip-flops», de mudanças de opinião e de posição sobre uma série de assuntos. E a pressão vinda da sua esquerda, de Bernie Sanders e dos seus apoiantes, é tal que as «cambalhotas» a levam a extremismos indignos, que incluem: afirmar que os fabricantes de armas transformam cidadãos em terroristas; prometer que serão derrubadas todas as barreiras existentes à obtenção de cidadania por parte de imigrantes, para isso criando, eventualmente, uma nova agência federal para auxiliar ilegais; condenar – na sequência de uma acção em tribunal interposta pela (cada vez mais desprezível) ACLU – uma lei recentemente aprovada no Indiana que proíbe qualquer forma de aborto selectivo.
Para piorar o panorama, alguns dos seus aliados e «camaradas» não a têm propriamente ajudado com as declarações que fazem, com as atitudes que tomam… aliás, em alguns casos, por serem quem são. É caso para dizer: «com amigos destes, quem precisa de inimigos?» Nomeadamente: Lena Dunham, convidada para gerir (durante um dia) a conta oficial de Instagram da candidatura de HC; David Axelrod, que fez pelo menos não uma mas sim duas críticas a Hillary em campanha; Madeleine Albright, que mostrou não ser muito… «bright» ao afirmar que «há um lugar especial no Inferno para as mulheres que não se ajudam umas às outras» - ou seja, neste caso, votar na mãe de Chelsea; Dianne Feinstein, que não soube responder, quando lhe perguntaram numa entrevista, quais os feitos da Sra. Clinton enquanto senadora… até disse a um assessor para pesquisar no Google (!); Peter Schumlin, governador do Vermont e «superdelegado» de Hillary, que negou a asserção daquela de que vêm daquele Estado muitas das armas usadas em crimes cometidos no de Nova Iorque; e até Bill Clinton, que confessou que «às vezes desejava não ser casado com ela para poder dizer o que realmente penso»… embora, o que é um facto, ele já se tenha comportado muitas vezes como se não fosse! De tal forma, aliás, que, segundo um livro publicado em Dezembro último, Hillary obrigou-o a fazer o teste do HIV (ela também o terá feito, e deu negativo para ambos), o que terá tornado verdadeira a piada de Jay Leno
O que já não é de todo hilariante, muito pelo contrário, é a investigação - e não o «inquérito sobre segurança» - que o FBI tem estado a realizar há vários meses sobre a utilização, por parte de HC (e da sua equipa) nos quatro anos que serviu como secretária de Estado, de um servidor privado para enviar, receber e guardar mensagens de correio electrónico contendo informações classificadas, confidenciais, sensíveis, secretas. Juridicamente falando, o «cerco» estará a apertar-se, a «tempestade perfeita» estará a formar-se. Mais detalhes, mais novidades, deverão surgir em breve.               

Sem comentários: