Quem
diria, há não muitos meses, que ainda antes de Maio de 2016 as primárias do
Partido Republicano para a eleição do próximo presidente dos EUA, que começaram
com 17 candidatos e nenhum favorito destacado, já estariam praticamente
terminadas, enquanto que as primárias do Partido Democrata, com cinco
candidatos e uma favorita destacada, ainda não?
Porém,
é esse o real cenário actual: Donald Trump já estava à frente em votos e em
delegados, e, após as desistências (formalmente, «suspensões de campanha») de
Ted Cruz e de John Kasich, ficou sozinho na corrida e é, pois, o «nomeado presuntivo» entre os «encarnados»; Hillary Clinton continua a ter a (cerrada) concorrência
de Bernie Sanders, mas continua a ser apontada como a virtual vencedora entre
os «azuis». No entanto, enquanto o milionário continua a ter as suas (muitas)
afirmações e acções contraditórias, controversas, duvidosas, quando não
ofensivas, devidamente divulgadas e escrutinadas, as da ex-primeira-dama,
ex-senadora e ex-secretária de Estado nem tanto. Pelo que novamente no
Obamatório se procede a uma inventariação… longe de ser exaustiva dos momentos
de «hilaridade» (ou nem tanto) que a campanha da esposa de Bill Clinton – que,
definitivamente, não é tão sensata quanto ele, o que é dizer muito – tem proporcionado,
em especial desde Outubro último.
E
há tanto por onde escolher… sabiam que ela alega que, quando era mais jovem,
tentou alistar-se nos Marines, mas foi recusada? Que se riu quando um dos seus
apoiantes lhe disse que lhe apetecia estrangular Carly Fiorina? Que deu números errados (pronto, está bem, mentiu…), durante um debate, sobre a quantidade de mortos
por armas de fogo? Isto como mais uma forma de apelar a um maior «gun control»,
apesar de, confirmou-se depois, tanto ela como o marido já beneficiarem há décadas de segurança armada… paga pelos contribuintes. Entretanto, e porque não
lhe bastou criar (ou participar n)uma falsa narrativa envolvendo um vídeo
(aquele que supostamente causou o ataque ao consulado em Benhazi), decidiu
criar (ou participar n)outra, dizendo que Donald Trump estava a ser «usado (mostrado) literalmente» em vídeos de propaganda do ISIS, o que não era verdade.. mas o marido foi; depois, e
pior, chamou indirectamente (ou será que foi directamente?) de mentirosos aos familiares das vítimas do atentado na Líbia.
As
fontes do seu financiamento – pessoal, familiar, político – constituem outro
factor de perturbação constante para Hillary Clinton e para a sua campanha. Às
perguntas sobre se o dinheiro que a Goldman Sachs, e outras empresas de Wall
Street, lhe pagaram por discursos não poderia ser considerado excessivo, ela
respondeu «foi o que eles ofereceram…» Tal
como «não é muito» os 150 mil dólares em contribuições que ela recebeu de
companhias de petróleo e de gás… e, de facto, não é, mas para os fanáticos
contra as energias fósseis um dólar já seria demais. Já das empresas mineiras
de carvão, e respectivos trabalhadores, não é de esperar grandes donativos,
pois ela prometeu levá-los à falência. Será por isto também que ela afirma ser,
nos EUA, «o (a) funcionário(a) público(a) mais transparente dos tempos modernos»?
As funcionárias… privadas da Fundação Clinton não deverão tirar disso grande
satisfação, já que ganham em média menos 38% do que os seus colegas masculinos. Mais uma vez, não acreditem quando os democratas se queixarem - acusando frequentemente, em simultâneo, os republicanos - de discriminação salarial.
Outra
constante na campanha de Hillary Clinton – e que quase começa a parecer uma «maldição» (auto-infligida) – tem
sido a de proferir frases que são imediatamente anuladas, ou contraditadas,
por acontecimentos passados, mais ou menos remotos. A candidata afirmou que se
deve acreditar em todas as mulheres que alegam ser vítimas de violação… e, numa
acção de campanha, em Dezembro último, em New Hampshire, perguntaram-lhe se isso também se aplicava às mulheres que acusaram o marido; criticou, em
Fevereiro, Bernie Sanders por assentar a sua campanha em promessas sucessivas
de «coisas grátis»… mas, antes, criticou Jeb Bush por este acusar os democratas
de fazerem isso; ao seu concorrente directo perguntou, em Março, onde é que ele
estava nos anos 90, quando a então primeira-dama lutava por alterar o sistema
de saúde do país… e a equipa do senador do Vermont respondeu «literalmente, atrás de si»; no mesmo mês, e em entrevista a Chris Matthews, disse que «não perdemos uma só pessoa na Líbia» (!); um dia depois, disse, referindo-se a
Donald Trump, que «o nosso comandante-em-chefe tem de ser capaz de defender o nosso país, e não de o embaraçar»… o que levantou a possibilidade de ela também
se estar a referir ao marido.
Tantas
falhas de memória e até de conhecimento como que dão razão à sua assistente (e
esposa do infame Anthony Weiner) Huma Abedin, que chegou a confidenciar, no
início de 2013, numa mensagem de correio electrónico dirigida a uma colega, que
Hillary Clint «está (estava) confusa frequentemente». E vários outros exemplos
recentes existem dessa… desorientação. Como: afirmar que quer «começar boas coisas antes que aconteçam» (?!); pôr-se a ladrar, literalmente, num comício;
garantiu que sempre tentou dizer a verdade e não acredita que alguma vez tenha
mentido; e confundiu a Constituição com a Declaração da Independência! E há que
não esquecer a sua já longa lista de «flip-flops», de mudanças de opinião e de posição sobre uma série de assuntos. E a pressão vinda da sua esquerda, de
Bernie Sanders e dos seus apoiantes, é tal que as «cambalhotas» a levam a
extremismos indignos, que incluem: afirmar que os fabricantes de armas
transformam cidadãos em terroristas; prometer que serão derrubadas todas as barreiras existentes
à obtenção de cidadania por parte de imigrantes, para isso
criando, eventualmente, uma nova agência federal para auxiliar ilegais;
condenar – na sequência de uma acção em tribunal interposta pela (cada vez mais
desprezível) ACLU – uma lei recentemente aprovada no Indiana que proíbe
qualquer forma de aborto selectivo.
Para
piorar o panorama, alguns dos seus aliados e «camaradas» não a têm propriamente
ajudado com as declarações que fazem, com as atitudes que tomam… aliás, em
alguns casos, por serem quem são. É caso para dizer: «com amigos destes, quem
precisa de inimigos?» Nomeadamente: Lena Dunham, convidada para gerir (durante um dia) a conta oficial de Instagram da candidatura de HC; David Axelrod, que fez
pelo menos não uma mas sim duas críticas a Hillary em campanha; Madeleine
Albright, que mostrou não ser muito… «bright» ao afirmar que «há um lugar especial no Inferno para as mulheres que não se ajudam umas às outras» - ou
seja, neste caso, votar na mãe de Chelsea; Dianne Feinstein, que não soube
responder, quando lhe perguntaram numa entrevista, quais os feitos da Sra.
Clinton enquanto senadora… até disse a um assessor para pesquisar no Google (!);
Peter Schumlin, governador do Vermont e «superdelegado» de Hillary, que negou a
asserção daquela de que vêm daquele Estado muitas das armas usadas em crimes
cometidos no de Nova Iorque; e até Bill Clinton, que confessou que «às vezes desejava não ser casado com ela para poder dizer o que realmente penso»…
embora, o que é um facto, ele já se tenha comportado muitas vezes como se não
fosse! De tal forma, aliás, que, segundo um livro publicado em Dezembro último,
Hillary obrigou-o a fazer o teste do HIV (ela também o terá feito, e deu
negativo para ambos), o que terá tornado verdadeira a piada de Jay Leno…
O que já não é de todo hilariante, muito pelo contrário, é a investigação - e não o «inquérito sobre segurança» - que o FBI tem estado a realizar há vários meses sobre a utilização, por parte de HC (e da sua equipa) nos quatro anos que serviu como secretária de Estado, de um servidor privado para enviar, receber e guardar mensagens de correio electrónico contendo informações classificadas, confidenciais, sensíveis, secretas. Juridicamente falando, o «cerco» estará a apertar-se, a «tempestade perfeita» estará a formar-se. Mais detalhes, mais novidades, deverão surgir em breve.
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