sexta-feira, 27 de abril de 2012

À margem da lei

Como já aqui antes se demonstrou, os democratas têm uma tendência muito, muito superior à dos republicanos para se colocarem à margem da lei, sendo vários os exemplos de «burros» acusados e até condenados em tribunal. Habitualmente, são figuras da segunda, terceira e quarta «linhas» do partido que se vêem na «mira» das autoridades. Porém, quando é o próprio presidente dos EUA a estar envolvido em situações juridicamente mais dúbias, o caso torna-se muito, muito mais grave.
Pois foi exactamente isso o que aconteceu – aliás, está a acontecer – a Barack Obama. Na última semana duas queixas, uma formal, outra nem tanto, foram apresentadas contra ele. A primeira é do RNC (Comité Nacional Republicano, órgão de cúpula do partido), e diz respeito à utilização, pelo Nº 44, de eventos – e de fundos – públicos para acções de campanha já tendo em vista a sua (tentativa de) reeleição; por outras palavras, o que frequentemente acontece é o candidato aparecer «disfarçado» de presidente. A segunda queixa, «informal», é de Ben Shapiro, autor e comentador conservador… e jurista formado em Harvard, que demonstrou como a participação de Obama no programa de Jimmy Fallon constituiu (para além de um desempenho «estiloso» de gosto duvidoso) uma violação da lei das finanças eleitorais norte-americana – por ter constituído, basicamente, uma acção política, um anúncio partidário (mais um) oferecido gratuitamente pela NBC.    
Haverá repercussões? Existirão consequências, sanções? Pouco provável. Afinal, sempre se trata do «comandante-em-chefe»… No entanto, alguns dos seus «aliados» e «subordinados» não deverão ter – e não estão a ter – tanta sorte. Abake Assongba, que está entre os maiores apoiantes e financiadores de BHO, foi acusada de fraude financeira. Quatro militantes democratas do Indiana foram acusados de fraude eleitoral durante as primárias presidenciais de 2008 (no seguimento de um processo já referido aqui no Obamatório); fraude eleitoral que, para a actual «estrela» da MSNBC e antigo funcionário do Partido Democrata Lawrence O’Donnell, é «perfeitamente razoável» se só acontecer uma vez; ele lá deve saber do que fala… O certo é que as primárias «azuis» parecem ser, de um modo geral, muito… animadas: na Califórnia o representante Peter Stark acusou o seu oponente Eric Swalwell de aceitar subornos enquanto conselheiro municipal; e no Connecticut Lee Whitnun acusou Chris Murphy – em directo na televisão! – de ser uma «rameira» (o que também é um crime) por aquele ser pró-israelita! Continuando no âmbito da «brigada dos vícios», na Carolina do Norte Jay Parmley, até há pouco tempo alto dirigente do PD naquele Estado, foi acusado de assédio (homos)sexual, tendo depois a sua ex-namorada alegado que ele a havia contaminado com o vírus da Sida; enfim, eis um democrata que pode não ser adepto do bi-partidarismo mas que, pelo menos, practica outro tipo de «bi-actividade».   
Já se torna difícil determinar e distinguir se, em matéria de maus exemplos, é mais o topo que influencia a base ou se é o oposto. Têm sido tantos os escândalos a afectar a Casa Branca que Darrell Issa, representante republicano, considerou a actual administração como «a mais corrupta da História» dos EUA. De tal forma que o CEO da LightSquared, uma das empresas envolvidas naqueles escândalos, demitiu-se devido à sua proximidade com os actuais ocupantes do Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia – cada vez mais, uma zona de má vizinhança.   

sábado, 21 de abril de 2012

O homem que comeu o cão

Agora, sim, fazem sentido e estão explicadas as (pelo menos duas) ocasiões em que Barack Obama se identificou com um cão: é que ele, em criança, na Indonésia, comeu carne de um! E não se costuma dizer que «é-se aquilo que se come»?
Em última análise, esta «revelação» surgiu apenas por culpa dos democratas, que, (mal) habituados a «fazer(em) muito barulho por nada», a criarem e/ou a divulgarem distracções, a darem importância a trivialidades dos outros para (tentarem) encobrir a sua imbecilidade e incompetência em assuntos fundamentais, esqueceram-se de que não se deve atirar «pedras aos vizinhos» quando se tem «telhados de vidro». Desde o início deste ano que, regularmente, vários dos seus operacionais na política e nos media faziam alusões – e acusações – a algo que Mitt Romney terá feito em 1983, ou seja, há quase 30 anos! Mais concretamente, terá colocado o seu cão numa «gaiola», e posto esta no tejadilho do seu automóvel durante uma viagem de férias com a família. Que «crueldade»! Mas que queriam que ele fizesse? Tendo em conta que tinha cinco filhos, além da esposa, e respectiva bagagem para transportar, antes isso do que deixá-lo num canil… ou então prendê-lo pela trela ao pára-choques traseiro para que ele fosse a correr atrás do carro! Note-se que não foram só «burrinhos» a participar nesta brincadeira, mas também «burrões» como David Axelrod, que «tweetou» uma fotografia, do Sr. Hussein dentro da limusine presidencial com o seu «melhor amigo», e a legenda «é assim que donos dedicados transportam os seus cães». Eric Fehrnstrom, conselheiro de Romney, ripostou: «Em retrospectiva, uma foto arrepiante». Na verdade, e já que se fala nisso… alguém viu o Bo ultimamente?
Quem descobriu esta peculiar «experiência gastronómica» de Barack Obama, talvez indiciadora das contradições culinárias que viriam a abalar a Casa Branca? Foi Sean «Jim Treacher» Medlock, blogger do Daily Caller, que se limitou… a (re)ler o livro «Dreams From My Father», onde o actual presidente descreve as iguarias que o padrasto Lolo Soetoro lhe dava – talvez ilegalmente! – a provar, e que, além de cão, incluíram igualmente cobra e gafanhoto, e talvez (um triste) tigre. Pois é, de repente o «Fungagá da Bicharada» da política dos EUA ganha novos e inesperados animais e respectivos «sabores»… Responderam os democratas e outros fãs do presidente – até a PETA e a Dogs Against Romney (?!) – que ele tem desculpa (ao contrário de Romney, que não comeu o cão!), que era muito novo quando aquilo aconteceu, que não foi ele a tomar a iniciativa… Sim, tudo isso é verdade, só que… foi já como adulto que ele relatou o que «petiscou», e não mostrou qualquer arrependimento, lamento ou repulsa, antes pelo contrário – aliás, mais do que ler, pode-se ouvir isso mesmo através da versão em aúdio-livro narrada pelo próprio BHO… que lhe valeu um prémio Grammy!    
Importante ou não, o certo é que o caso já originou muitos exercícios em humor, como se pode ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Entretanto, e porque pelos vistos os cães já lhes deram, aparentemente, tudo o que tinham a dar, os democratas passaram a atacar Mitt Romney por causa de… bolos. Será que os democratas são ainda mais estúpidos do que parecem? Será que querem mesmo ir por esse caminho… sabendo que é muito provável que possam existir outras «receitas (não muito) secretas» no «livro de cozinha» da família de Barack Obama, em especial a parte daquela que vive no Quénia? Se existirem, ao menos que não tenham os «requintes» das de um Idi Amin ou de um Bokassa!     

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Festas… rijas

É óbvio que a Barack Obama não podem nem devem ser assacadas responsabilidades directas por dois recentes incidentes envolvendo outros tantos grupos de funcionários públicos «apanhados em flagrante» tendo comportamentos (muito) reprováveis. Mas a verdade é que aconteceram na sua presidência, «under his watch», e os implicados são seus subordinados hierárquicos…
Trataram-se, mais concretamente, de duas grandes, escandalosas e rijas… festas, cujas consequências vão implicar muito provavelmente «ressacas» demoradas e dolorosas. Uma foi organizada pela General Services Administration (que consiste, basicamente, numa agência federal para o economato público) em Las Vegas, e, apesar de supostamente ser uma conferência profissional, custou um milhão de dólares e incluiu a participação de um comediante, um «leitor de mentes» e um palhaço – porém, descobriu-se entretanto que esta foi tão só uma da longa série de (elevadas) despesas supérfluas feitas pela GSA à custa de dinheiro dos contribuintes. A outra foi organizada por cerca de duas dezenas de elementos ligados a forças de segurança, entre agentes do Serviço Secreto e militares, em Cartagena, na Colômbia, aquando da última Cimeira das América, e envolveu um igual número de prostitutas locais… que se queixaram de não terem sido pagas pelos «gringos» cuja principal preocupação deveria ser simplesmente a protecção do presidente.  
Decididamente, esta viagem à América do Sul não correu bem – aliás, começou e acabou mal. Antes de partir, Barack Obama discursou em Tampa, na Flórida, no… Hooker’s Point Security Operations Center (!!!). Depois da «bronca» rebentar, disse que ficaria «zangado» se fossem confirmadas as acusações de que (alguns d)os seus guarda-costas requisitaram os serviços de profissionais do sexo; no entanto, e curiosamente, ele não tem qualquer problema em ser visto publicamente (a jogar golfe) com um amigo condenado judicialmente pelo mesmo motivo. Finalmente, confundiu as ilhas Maldivas com as Malvinas… embora devesse designá-las como Falklands, se de facto estivesse inquestionavelmente do lado do Reino Unido na… disputa com a Argentina sobre aquele arquipélago. Bem, ao menos Hillary Clinton também parece ter-se divertido… e sem ter recorrido a «ajuda especializada». Ainda bem que o Bill não foi

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mais do que as palavras, os números

Elas são sempre importantes, quando verdadeiras, quando efectivamente ditas, porque traduzem o carácter – bom, mau ou a falta dele – e as acções de quem as profere. Mas, mais do que as palavras, os números conseguem ser invariavelmente ainda mais eloquentes na descrição de uma situação. Aqui no Obamatório eles são dados com regularidade e propriedade. Eis mais alguns, que caracterizam actualmente com nitidez os EUA…
… Cuja dívida é superior a de toda a União Europeia: 15,1 triliões de dólares contra 12,7. Barack Obama é o presidente em cujo mandato se verificou o maior aumento dessa dívida: 4,94 triliões em pouco mais de três anos (actualização: já atingiu os cinco) contra os 4,9 de George W. Bush em oito. O governo federal dos EUA registou em Fevereiro de 2012 o pior (mais alto) défice mensal da sua História, no valor de cerca de 229 biliões de dólares. O Gabinete de Orçamento do Congresso prevê que as políticas de impostos e de despesa da actual administração deverão provocar défices adicionais no valor de 6,4 triliões de dólares durante os próximos dez anos; e calcula que a taxa real de desemprego era (em Janeiro último) de 15%.
No início de Março, Kathleen Sebelius, secretária de Estado da Saúde e dos Serviços Humanos admitia, durante uma audição perante um painel do Congresso, que não sabia («não tinha ideia») se o ObamaCare iria agravar o défice das contas públicas na próxima década. Agora sabe-se que sim: segundo um estudo, serão mais 340 biliões de dólares; segundo outro, serão 1,76 triliões. Nem todos serão afectados da mesma maneira: no início de Janeiro soube-se que 543812 trabalhadores sindicalizados (isto é, apoiantes do Sr. Hussein) haviam recebido waivers (isto é, dispensas temporárias de pagamento de custos acrescidos com seguros de saúde), enquanto os não sindicalizados «beneficiados» totalizavam… 69813.   
Há quase um ano constatávamos que o único «sector» da economia norte-americana que não parecia afectado pela crise era o da campanha para a reeleição de Barack Obama… e a tendência mantém-se: Joe Biden acusou o GOP de não saber o que significa ser-se da classe média… num jantar de angariação de fundos em que cada casal pagou, pelo menos, 10 mil dólares para entrar. E o presidente irá estar brevemente em duas iniciativas semelhantes, uma em Detroit promovida pela «magnata da pizza» Denise Illitch (que prometeu servir a sua especialidade em pratos de prata) e outra em Los Angeles promovida por George Clooney. Custo de admissão em ambas? 40 mil dólares por pessoa (na primeira pode ficar em dez mil se não for ao cocktail inicial). Um valor digno dos «1%» que o presidente e as «estrelas» que o apoiam dizem (hipocritamente) combater. E não adianta dizerem que nos EUA os ricos «não pagam a crise»… porque não é verdade: 41,5% do total dos impostos é pago pelos 10% mais abastados – uma percentagem que é superior à de qualquer país da Europa. E ainda querem mais?!  
Enquanto uns se divertem, outros trabalham tentando encontrar soluções para os problemas financeiros do país. Porém, nem todos conseguem encontrá-las. É o caso de Timothy Geithner, que, tal como a sua colega Kathleen Sebelius, admitiu a sua ignorância e impotência no Congresso… e perante Paul Ryan! Este, sim, sabe o que se deve fazer, e salientou que, contra os seus números e propostas, Barack Obama apenas costuma fazer «birras verbais», às quais, aliás, já está habituado. Birras essas que, por mais estridentes que sejam, não conseguem ocultar «sete factos devastadores» que descrevem e resumem o estado (deplorável) da economia norte-americana sob Obama.  

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ver a Rússia da Casa Branca

Não, não foi uma gaffe… Uma gaffe é um erro, algo que se diz ou se faz que é, objectivamente, incorrecto, e que não é deliberado. Pelo contrário, ao prometer a Dmitri Medvedev que, caso seja reeleito presidente dos EUA, poderá ter «mais flexibilidade» - isto é, fazer (mais) cedências – em futuras discussões sobre (des)armamento com a Rússia, Barack Obama não estava a cometer qualquer erro… pelo menos, na sua perspectiva. Era exactamente isso que ele pensa(va) e que queria transmitir…
… Só que, infelizmente para ele, um «microfone indiscreto» captou a conversa entre os dois chefes de Estado. Já foi há mais de duas semanas mas os seus efeitos ainda se fazem sentir… porque tal «revelação» é extremamente grave. Porém, não é totalmente surpreendente: está em consonância com o que tem sido a retórica e a práctica políticas do Sr. Hussein. Aliás, já em 2001 ele afirmava que não acreditava num sistema de defesa com mísseis; mais de dez anos depois, já presidente, fez com que a Polónia «partilhasse», para receio e prejuízo daquela nação, a sua «falta de fé» naquele sistema. Não que, evidentemente, a actual administração não tenha as suas «crenças» no que respeita às relações com o estrangeiro, sejam elas civis ou militares: Leon Panetta afirmou que a permissão da comunidade internacional – representada na ONU – é mais importante, tem prioridade sobre a permissão do Congresso para se iniciarem acções das forças armadas norte-americanas em outros países; e Michael McFaul, embaixador dos EUA na Rússia, declarou que «apoiamos os valores universais (quais?), não os valores americanos». Pouco tempo depois, o Sr. McFaul terá recebido a primeira reacção significativa àquela sua demonstração de «boa vontade»… através de uma infiltração, alegadamente perpetrada por jornalistas da televisão estatal russa (!), no seu telefone e no seu correio electrónico.  
Para os actuais ocupantes do Kremlin, practicamente todos ainda «educados» na boa e velha escola comunista da União Soviética, «flexibilização» significa, senão «rendição», pelo menos «condescendência(s)». Que Barack Obama é bastante flexível já não restam quaisquer dúvidas, depois de vermos as vénias que ele fez a vários chefes de Estado estrangeiros. Está por verificar se ele também curvará a espinha perante Vladimir Putin, mas, por enquanto, vai tentando brincar com o incidente (voltou a fazê-lo há poucos dias), desvalorizá-lo, esperando, talvez, que a opinião pública o esqueça. Ele que não tenha ilusões: aquela gravação será repetida regularmente até à eleição de Novembro. Porque aquilo que revela é inquietante, e Charles Krauthammer e Karl Rove, entre outros, explicam porquê. Mitt Romney não deixou igualmente de criticar o presidente… e, em consequência, foi por sua vez criticado pelo Pravda, jornal que prefere – que surpresa! – que o Sr. Hussein se mantenha na Casa Branca, e que considera o ex-governador do Massachusetts como «inelegível» e «desactualizado» por considerar que o regime de Moscovo ainda é um adversário do de Washington. E é, porque: externamente, contemporiza com as ditaduras norte-coreana, iraniana e síria; internamente, impede aos seus cidadãos o pleno exercício das liberdades de expressão e de manifestação… e organiza eleições muito pouco credíveis.
Na minha modesta opinião, aquilo que Barack Obama disse a Dmitri Medvedev é, pura e simplesmente, causa e justificação suficiente para um impeachment, para um processo de destituição – aliás, há uma proposta de lei entregue no Congresso que prevê essa possibilidade, mas que resultou das declarações de Leon Panetta citadas acima. O Nº 44 já fez, antes e depois (atente-se nas inacreditáveis, inadmissíveis ameaças feitas esta semana ao Supremo Tribunal quanto à próxima deliberação daquele sobre o ObamaCare), outras declarações (de intenções) de grande gravidade e mesmo anti-democráticas; nenhuma dessas, no entanto, punha em causa a segurança nacional. 
Muito se divertiram os democratas quando acreditaram – e ainda acreditam – que Sarah Palin tinha dito que conseguia ver a Rússia da sua casa (no Alaska) – na verdade, como nunca é demais repetir, foi Tina Fey quem o disse. Todavia, a visão que a Casa Branca tem actualmente do maior país do Mundo está ao nível de um sketch humorístico do «Saturday Night Live»… e não dá vontade de rir.     

domingo, 1 de abril de 2012

Até parece mentira… (Parte 3)

… Que Eric Holder, actual Procurador-Geral dos EUA, tenha afirmado (em 1995) que se deveria desenvolver métodos de «lavagem cerebral», direccionados em especial aos jovens, de modo a que se diminuísse o uso de armas. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Dick Durbin, senador do Partido Democrata pelo Illinois, tenha afirmado que no futuro um imigrante ilegal poderá vir a ser presidente dos EUA. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que John Kerry tenha exigido à comunicação social que não desse ao Tea Party tempo de antena igual ao dos adversários. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Timothy Geithner, secretário do Tesouro (equivalente a Ministro das Finanças) dos EUA, tenha afirmado que espera há algum tempo ser despedido. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama, e a sua comitiva, durante uma visita a Boston, tenham causado prejuízos no valor de mais de 600 mil dólares. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que um camião carregado com «material presidencial» no valor de cerca de 200 mil dólares, incluindo equipamento sonoro, o pódio e o teleponto, tenha sido roubado (perto de Richmond, na Virgínia). Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha culpado a Internet (ou serão as «Internets»?) pela perda de empregos. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que a Casa Branca tenha violado a lei federal (e o tenha admitido!) em negociações com o governo da China. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha confundido o Kansas com o Texas. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que os representantes democratas tenham impedido a aprovação de uma emenda (que requeria a concordância de dois terços dos membros da Casa) que exige ao governo federal o equilíbrio do seu orçamento. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha pedido ao governo de Teerão que devolvesse um drone norte-americano que caiu no Irão. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que a Amnistia Internacional tenha pedido, a governos de África, a prisão de George W. Bush durante uma visita do anterior presidente dos EUA àquele continente. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Barack Obama tenha dito (ao celebrar o Hannukah com duas semanas de antecedência) que não precisa de uma desculpa para fazer uma festa. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Robert Gibbs tenha insultado Michelle Obama. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que os prisioneiros da prisão de Guantanamo (que ainda está aberta) tenham um novo campo de futebol que custou cerca de 750 mil dólares. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que 52 soldados norte-americanos (para além dos de outros países) tenham sido assassinados por afegãos das «forças de segurança» do regime de Kabul desde 2007. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que a actual administração tenha decidido não acusar um árabe que ameaçou fazer explodir a Casa Branca. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que a NAACP se tenha queixado ao Conselho dos Direitos Humanos da ONU (onde estão representados países como a Arábia Saudita, China e Cuba) das leis eleitorais, propostas pelo Partido Republicano, que exigem aos votantes (um cartão de) identificação com fotografia. Mas sim, é mesmo verdade.
… Que Michelle Obama e as duas filhas tenham visitado Las Vegas numa viagem «à custa do contribuinte»… depois de o marido e pai ter desaconselhado idas à cidade dos casinos «à custa do contribuinte». Mas sim, é mesmo verdade.
… Que o orçamento para 2012 da actual administração tenha sido reprovado por unanimidade (414-0) na Casa dos Representantes… isto é, nem um só democrata o aprovou! Mas sim, é mesmo verdade.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Fungagá da Bicharada

Estreia em Portugal na próxima quinta-feira, 29 de Março, o filme «We Bought a Zoo», realizado por Cameron Crowe e protagonizado por Matt Damon e por Scarlett Johansson. E que decidi aproveitar como uma oportunidade, um pretexto para abordar brevemente a utilização de nomes de animais na política norte-americana, e não apenas «burros» (democratas) e «elefantes» (republicanos)… um autêntico «Fungagá da Bicharada» no outro lado do Atlântico. Pode ser, sem dúvida, «fun»… e sem ter de se ficar «gagá».
Poderá parecer perseguição da nossa parte… mas factos são factos: foi Barack Obama quem mais contribuiu recentemente para «(re)introduzir» a zoologia na ideologia, e começou a fazê-lo logo na campanha presidencial de 2008. Sim, Sarah Palin identificou-se a ela própria como «pitbull» e «Mama Grizzly», mas isso não implicou qualquer ofensa a qualquer adversário – enquanto o Sr. Hussein chamou à ex-governadora do Alaska uma «porca com batôn» e a John McCain um «peixe velho». Já depois de eleito e empossado como presidente, Obama comparou-se a um cão – primeiro favorável, depois desfavoravelmente – e queixou-se várias vezes dos «fat cats» que, supostamente, estariam a prejudicar a economia… sem reconhecer que muitos desses «gatos gordos» (da alta finança de Wall Street) foram, e ainda são, seus apoiantes. Além disso, não deixou de promover uma espécie de «caça» a uma «raposa» (isto é, a Fox News), e deixou algumas «hienas» andarem – e «rirem» – à solta a propósito do atentado que feriu a congressista Gabrielle Giffords. Entretanto, e previsivelmente, «ganhou» alguns «amigos da onça»…
… E foi comparado a um macaco por uma republicana – que não tardou a ser criticada e desautorizada pelos seus colegas de partido. O mesmo não aconteceu a David Axelrod depois de ter declarado, referindo-se a Newt Gingrich, que «quanto mais alto um macaco sobe a um poste, mais se pode ver o seu rabo». Mas já todos sabemos que a «civilidade no discurso» só é obrigatória para um dos lados… Ed Schultz é disso outro exemplo: para ele, os republicanos são como «ratos de esgoto». Já Harry Reid consegue ser mais fantasista, e até poético: para ele os milionários que criam empregos são como «unicórnios»… porque «não existem»!
Enquanto os bichos – reais e imaginários – forem usados unicamente como figuras de retórica no debate e no combate partidário, mesmo que de uma forma excessiva, isso não será muito grave. Pior é quando eles são vítimas verdadeiras de opções políticas. Passaram despercebidas em Portugal duas decisões – duas autorizações – da responsabilidade da actual administração que configuram um desrespeito chocante para com os direitos dos animais... ou, mais correctamente, de alguns animais: uma, o abate de cavalos para alimentação; outra, o sacrifício de (duas) águias – a ave que é o símbolo nacional dos EUA! – num ritual religioso de uma tribo índia. E há ainda o plano de matar exemplares de uma espécie de coruja... para proteger outra! É caso para perguntar: por onde é que anda a PETA quando ela é precisa?

terça-feira, 20 de março de 2012

Bem-vindos ao Illinois!

Realiza-se hoje uma eleição «primária» da campanha presidencial do Partido Republicano no Estado onde têm residência Barack Obama (trocou, por alguns anos, a dele pela Casa Branca em Washington)… e Rod Blagojevich (trocou, por alguns anos, a dele por uma prisão no Colorado)… e Jeremiah Wright… e Louis Farrakhan… e Oprah Winfrey… e Rahm Emanuel…
… E o ex-chefe de gabinete do actual presidente dos EUA, e actual mayor de Chicago, até que poderia dar as boas-vindas a Mitt Romney, Newt Gingrich, Rick Santorum e Ron Paul. Porém, será que os candidatos do GOP podem confiar em «Rahmbo»? Estarão em segurança na cidade de Al Capone? Afinal, trata-se de uma metrópole com tão elevados índices de criminalidade que: a cimeira de 2012 do G-8, que deveria realizar-se lá, foi transferida para Camp David; a venda de armas para defesa pessoal… disparou desde que a lei que a impedia (há quase 30 anos) foi revogada; é notícia quando há um período de 24 horas sem um homicídio ou um tiroteio; dezenas de corpos acumulam-se durante meses nas morgues sem serem reclamados; apenas 30% dos assassinatos de 2011 já foram resolvidos; é desaconselhada a encomenda de refeições por telemóvel; são contratados violadores como baby-sitters; crianças de escola primária são algemadas por se portarem mal nas aulas; polícias decidem «terminar» o direito à Primeira Emenda (liberdade de expressão) de jornalistas; é exigida uma identificação com fotografia a quem quiser comprar produtos de limpeza de canos e de esgotos…
… Que, pelos vistos, não estão a ser suficientes, porque há baratas «jurássicas» na câmara municipal. Aliás, tal não é a única «praga» de parasitas a infestar o Illinois: são vários – por exemplo, este, este e este – os casos de pensões milionárias e de outros benefícios exorbitantes atribuídos, injustificadamente ou mesmo fraudulentamente, a dirigentes de sindicatos. Logo, é preciso mais dinheiro para lhes pagar, pelo que há que ir buscá-lo das formas habituais, ou seja: aumentando impostos, em especial sobre imóveis; e passando (mais) multas, até mesmo a pessoas que estão a assistir a um funeral de um soldado morto no Afeganistão!      
No entanto, nem tudo é mau; há aspectos em que, aparentemente, se verificam progressos: David Axelrod assegura que agora cada pessoa só vota uma vez na «windy city». Todavia, e apesar da «melhoria», há dúvidas sobre quais serão os tais «valores do sul de Chicago» que Michelle Obama afirmou que ela e o marido tentam inculcar nas filhas… é que aquela é a zona da cidade onde a criminalidade é mais grave!  

quarta-feira, 14 de março de 2012

«PALINfrasia»* (Parte 3)

A esqu… erda norte-americana é, definitivamente, esqu… izofrénica. Desde 2008 que os seus diversos «porta-vozes», na política, na comunicação social e no entretenimento, se esforçam por convencer os EUA de que Sarah Palin é imbecil, incompetente, irrelevante... Porém, acabam sempre por demonstrar, com alguma frequência, que ela é exactamente o oposto. Um dos mais recentes exemplos é um anúncio da campanha de Barack Obama em que ela é a «vilã» - e convém sempre recordar que ela não exerce actualmente qualquer cargo público nem está a concorrer para um. Outro exemplo, ainda mais eloquente quanto a esse sentimento (não correspondido) de «amor-ódio» sentido pelos «progressistas» em relação à ex-governadora do Alaska, é o filme «Game Change», estreado no passado dia 10 de Março…
… No canal HBO, que há quem acredite significar, na verdade, «Home of Barack Obama». Os principais nomes da equipa daquele filme - produtor, realizador, argumentista e actores – são todos de democratas e apoiantes de democratas: Tom Hanks, Jay Roach, Danny Strong, Ed Harris, Julianne Moore e Woody Harrelson não só votam e apelam ao voto no PD como costumam contribuir financeiramente para ele e para os seus candidatos. Importa igualmente esclarecer, ou lembrar, que Roach e Strong foram em 2008 também, respectivamente, realizador e argumentista de «Recount», igualmente da HBO, sobre a controvérsia da (re)contagem de votos na Flórida na eleição presidencial de 2000 – e, segundo todas as recensões, aquele filme mostrou-se mais favorável a Al Gore do que a George W. Bush. Repare-se, pois, nesta (mais do que) aparente tendência de lançar filmes anti-PR em anos de eleições presidenciais… uma «coincidência», claro!
Antes de saber se o que está em «Game Change» é verdadeiro ou não, deve-se saber o quanto está, por comparação com o livro «Game Change – Obama and the Clintons, McCain and Palin, and the Race of a Lifetime», de John Heilemann e Mark Halperin, em que o filme é baseado. E a resposta… está desde logo no título: a obra original foi sobre toda a campanha de 2008, tanto do lado democrata como do lado republicano; aliás, nem foi bem metade-metade para cada um, porque a disputa entre Barack e Hillary, e até as peripécias de John Edwards, ocuparam mais páginas do que a nomeação do senador pelo Arizona e a escolha da sua «running mate». Então, por que motivo os responsáveis pelo filme decidiram não adaptar (pelo menos) 50% do material de base, ainda para mais envolvendo aqueles que estão agora no poder, como presidente e como secretária de Estado (ministra dos Negócios Estrangeiros) dos EUA? A resposta mais básica, e correcta, é «porque eles querem (sempre) favorecer os democratas e prejudicar os republicanos»; mas, desta vez, trata-se de algo mais complexo… e maquiavélico: os autores do filme partiram do pressuposto de que Sarah Palin não só se candidataria à nomeação pelo Partido Republicano mas que também, neste momento, poderia estar já na liderança da «corrida» - note-se que «Game Change» estreou poucos dias depois da recente «super terça-feira».
Se na «forma» há alguma surpresa, no «conteúdo» nem por isso: apenas outro «hit job» que, ao contrário dos precedentes, dispõs de mais meios; repleto de mentiras, meias-verdades, deturpações, exageros, omissões; a «consagração» de todos os (falsos) clichés - só faltou Katie Couric e Tina Fey fazerem uma aparição. Heilemann e Halperin nunca estiveram em qualquer comício do PR, nunca falaram com John McCain nem com Sarah Palin; esta não só – obviamente! – se negou a «auxiliar» a HBO como desmentiu veementemente, tal como várias pessoas que a acompanharam de perto em 2008, que o «retrato» corresponde à realidade. Mas não todas: houve duas excepções, dois «informadores» que tentaram fazer de Palin o bode expiatório do fracasso de há quatro anos e assim ocultar as suas culpas na (má) condução da campanha de McCain, em especial pela insuficiente, ou mesmo inexistente, denúncia do passado duvidoso de Barack Obama, e pela má resposta ao eclodir da crise financeira. Trata-se de Steve Schmidt e de Nicolle Wallace, respectivamente estratega e conselheira principal da candidatura McCain-Palin, que assim assumem aquilo que de facto são: traidores. Para cúmulo, Meghan McCain afirma que Wallace nem sequer votou no pai!          
No entanto, e porque, como se costuma dizer, «tudo o que é de mais é moléstia», até na «lamestream media» parece começar a registar-se algum enfado com tantos excessos anti-Sarah Palin. O Washington Post não tardou em noticiar que «Game Change» constituiu um relativo fracasso de audiência. E, no ano passado, o New York Times, cinco dias depois de ter elogiado (!) um discurso da ex-governadora, criticou (muito) desfavoravelmente um livro sobre ela, repleto de rumores, escrito por um voyeur ordinário e sensacionalista… que, curiosamente, foi tido como credível, em Portugal, por Diário de Notícias, Público e SIC. Sim, ainda há muito a fazer para combater essa estranha doença a que demos o nome de «PALINfrasia».
(* palinfrasia s. f. MEDICINA perturbação da elocução caracterizada pela repetição da última sílaba das palavras e, às vezes, de todas as sílabas de cada palavra (principalmente no atraso mental e na demência precoce) (Do gr. pálin, «de novo» + phrásis, «elocução» + ia) ) (Dicionário da Língua Portuguesa 2006, Porto Editora, página 1240)        
(Ler também: «Palin Power»; «PALINfrasia»; «PALINfrasia (Parte 2)».)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Entretanto, no Afeganistão…

… E enquanto quase toda a gente anda entretida e distraída com as primárias do Partido Republicano para a eleição presidencial deste ano, gastando milhares de caracteres em análises, especulações e previsões de resultados – mais recentemente, os da passada («super») terça-feira – como se aquelas constituíssem uma qualquer competição desportiva (onde será que eu já li isto? ;-)), os estrangeiros, em especial norte-americanos, civis e militares, lá (temporariamente) residentes continuam a sofrer as consequências do «business as usual» de Barack Obama e da sua administração no que respeita aos muçulmanos: manifestações, atentados e assassinatos que não diminuem, antes pelo contrário, após tentativas de apaziguamento… de pessoas que não querem, que nunca irão querer a paz, que preferem continuar a penar no seu inferno quotidiano feito de pobreza e, pior, de intolerância, misoginia e obscurantismo.
É mesmo necessário enunciar, e demonstrar, até que ponto é ridículo, ofensivo, humilhante… e inútil estar (novamente) a pedir desculpa ao Islão, desta vez por causa de alguns exemplares do Corão destruídos inadvertidamente numa base da NATO em Kabul (antes foi por soldados americanos terem urinado em cadáveres de terroristas)? Porém, isso é o que Barack Obama, e repetidamente, fez, e a única dúvida é se, mesmo ao telefone com Hamid Karzai, se terá curvado enquanto falava… Eu próprio, enquanto leitor e escritor, não gosto que se destruam e/ou se proíbam livros, sejam eles quais forem – sim, incluindo o «Mein Kampf» e os que já seguem o AO90 – mas nunca iria ao cúmulo de agredir e de matar por causa de umas dezenas ou centenas de folhas de papel. Além de que, e isto é fundamental, foram (prisioneiros) muçulmanos que «desrespeitaram» primeiro esses exemplares do Corão, ao escreverem neles mensagens uns aos outros – e foi por isso que eles foram queimados (os livros, não os prisioneiros, embora nada se perdesse se…). Mais: quantos exemplares do Corão terão sido destruídos nos muitos ataques a mesquitas perpetrados nos últimos anos por outros muçulmanos?
Barack Obama, a sua administração e todos os democratas em geral dão grande importância à «sensibilidade» dos islamitas. Porém, não tanto, ou nada, à dos cristãos. Onde está o pedido de desculpa pela tentativa (que ainda não cessou completamente) de obrigar instituições católicas norte-americanas a fornecerem gratuitamente contraceptivos? Onde está o pedido de perdão pelos milhares de exemplares da Bíblia destruídos deliberadamente, em 2009, também no Afeganistão? Onde está a renovada indignação e o repetido protesto, por parte da Casa Branca, contra o governo de Teerão e a favor do iraniano que corre o risco de ser executado… por ser cristão? Enfim, quando é que os seguidores de Maomé se penitenciarão pelas perseguições e pelos ataques que fazem constantemente aos de Jesus?
É evidente, e indubitável, que os pedidos de desculpa de Barack Obama não só não cessaram ou, pelo menos, atenuaram a violência, como, pelo contrário, a intensificaram – é o que costuma acontecer quando se dá «parte de fraco» (e se parece admitir uma «culpa»… inexistente) a quem não respeita os outros nem merece respeito. No entanto, Hillary Clinton teve o atrevimento de dizer que os republicanos, com os seus protestos contra as desculpas obamistas, podiam «inflamar» ainda mais a situação! Pior, o Sr. Hussein terá dado a entender ao Sr. Karzai que os que queimaram os livros seriam castigados e, eventualmente, julgados! Só uma palavra é suficiente para caracterizar efectivamente a conduta desta administração: cobardia.
Entretanto, para quê perder mais tempo e recursos humanos – vidas preciosas – e materiais com gente que não merece o esforço? Cenk Uygur e Rush Limbaugh, bem como um número crescente de democratas e de republicanos, acreditam que já é chegada a altura de vir embora. E, digo eu, a salvar algo do Afeganistão que sejam (algum)as mulheres; os homens, o Diabo que os carregue!

sábado, 3 de março de 2012

Obituário: Andrew Breitbart

Este é o primeiro obituário no Obamatório, e é inesperado, doloroso, inacreditável. Mas não são todos? Na verdade, uns são mais do que outros. Quanto se trata de alguém ainda muito novo (43 anos, nasceu a 1 de Fevereiro de 1969), incrivelmente activo, quase que omnipresente, e que se preparava provavelmente para fazer deste ano de 2012 um dos mais marcantes da sua – e das nossas – vida(s), a surpresa, e a tristeza, são maiores. É o caso de Andrew Breitbart, falecido a 1 de Março último em Los Angeles.
O primeiro livro dos vários que ilustram, do lado direito (obviamente!), este blog, é dele: «Righteous Indignation» detém a posição cimeira porque os autores estão alinhados segundo a ordem alfabética dos seus primeiros nomes; porém, aquela obra merece igualmente estar no topo porque relata o percurso pessoal, profissional e político de Andrew Breitbart, da esquerda para a direita, ao som de grupos da New Wave britânica e num meio cultural e social totalmente hostil a essa transição ou «traição» (tão bem que o compreendo, tanto que me posso identificar com ele…), começando quando ele se interrogou, e se indignou, com o tratamento que os «progressistas» e «liberais» deram a Clarence Thomas quando foi nomeado para o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA; fala dos muitos anos em que ele foi o Nº 2 de Matt Drudge no Drudge Report, e depois quando ajudou Arianna Huffington a fundar o Huffington Post; finalmente, quando se lançou por conta própria com o Breitbart.com e os seus vários «Big’s» (Governo, Hollywood, Jornalismo, Paz). E é aqui que está a sua (outra) ascendência sobre o Obamatório: ainda não fiz essas contas (nem sei se alguma vez as farei), mas não tenho dúvidas de que a maioria das ligações que inseri nos meus textos neste blog desde há mais de três anos provém, precisamente, dos sítios na Internet criados e liderados por ele; um facto que se deve não ao acaso ou à ordem alfabética mas sim à importância, à qualidade, à relevância das informações acedidas através daquelas ligações.
Andrew Breitbart não se distinguiu apenas pelo seu espírito de empreendedor, de agregador de notícias e de aglutinador de talentos, de congregador de personalidades, mas também, e talvez principalmente, enquanto possuidor de uma espantosa coragem, tanto física como intelectual: abundam os exemplos, e respectivos registos audiovisuais, dos confrontos mais ou menos animados, exaltados, intensos, que manteve com opositores, em programas de rádio e de televisão, em conferências, em manifestações. E em que, frequentemente, para os desarmar, para os vencer, nem era necessário repetir os seus ideais e as suas ideias, os seus argumentos: bastava perguntar aos seus interlocutores: «porque estão aqui?»; «sabem porque, ou contra, estão a protestar?»; «que disseram ou fizeram de negativo aqueles contra os quais se estão a insurgir?». E era depois vê-los, invariavelmente, a repetirem palavras de ordem, a balbuciarem algo de ininteligível, a ficarem calados, a afastarem-se ou a serem afastados das câmaras… e, frequentemente, descobria-se que aqueles «protestos espontâneos» tinham sido (e continuam a ser) organizados e financiados por instituições tão «beneméritas» como os sindicatos pró-Partido Democrata e a ACLU… AB foi também diferente e inovador porque foi dos primeiros a proclamar claramente, alto e bom e som, que acabara o tempo em que os conservadores se limitavam a «comer e a calar», em que não respondiam aos insultos e às provocações.
Andrew Breitbart parecia imparável, incansável, indestrutível. Ainda recentemente havia escrito e publicado dois artigos, dois perfis, sobre um homem que era como que o seu «Némesis», o seu «inimigo de estimação», o seu inverso não só ideologicamente (porque foi da direita para a esquerda) mas também em carácter: David Brock, da Media Matters for America, «traidor» e «auto-proclamado mártir» ao serviço da esquerda radical e totalitária; antes, voltara a abordar a questão dos «Ocupas», mais concretamente as violações que ocorreram nos «acampamentos» destes «neo-anarquistas» espalhados pelos EUA. Ele estava sempre pronto para o combate, sempre disponível para o debate. Era uma «força da Natureza», o «guerreiro alegre». Tanto que, aparentemente, terá sido o coração que desistiu de o acompanhar. No entanto, e sabendo-se da predilecção norte-americana pelas teorias da conspiração, já há quem adiante a hipótese de ele ter sido assassinado…      

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Fazer «fitas»

A 84ª edição de entrega dos Óscares da Academia, realizada no passado domingo em Los Angeles, estava a ser uma cerimónia algo «estranha»… até que, «felizmente», Billy Crystal a tornou «normal»: disse uma piada a gozar com republicanos! «Um cavaleiro negro, um psicopata americano e um viciado em crack carismático» são, segundo aquele actor e apresentador, os actuais candidatos do GOP à nomeação para a eleição presidencial. Porém, e o outro? Então não são quatro?! E qual deles é quem? No entanto, um humorista de sinal contrário poderia dizer que o actual residente da Casa Branca tem todas aquelas três características… mas isso seria «desrespeitoso», não é verdade?
Mais uma vez, o problema não é tanto que se implique com republicanos, mas sim mais que os democratas, e em especial Barack Obama, não recebam o mesmo «tratamento». Até parece que os «burros» nada de risível têm dito e feito recentemente… Em Hollywood, quando se trata de meter a política no entretenimento, já se sabe: é invariavelmente sempre no mesmo sentido. Fazer «fitas» é com as «estrelas», e as que apoiam o Sr. Hussein esforçam-se por representar «convincentemente» os apelos à sua reeleição… mesmo que estejam desiludidas com ele. Deve ser por isso que os «argumentos» de algumas são algo… insólitos: Samuel L. Jackson admite que votou em Obama «porque ele é negro», e espera que ele «se torne assustador nos próximos quatro anos»; Don Cheadle sonha em ver o presidente, qual gangster, a «espancar John Boehner num fórum público no meio da América»; Chris Rock, que quer «mais acção», não quer «justiça mas sim vingança», também espera que o Sr. Hussein se torne mais gangster num segundo mandato, para aí fazer «m*rd* de gangster» (posteriormente, o próprio Rock decidiu não esperar e resolveu fazer, ele mesmo, alguns «estragos»); Scarlett Johansson continua igualmente a apoiar o Nº 44 porque «a mudança não acontece de um dia para o outro»; Jane Fonda deseja que ele «se torne mais forte»; Will Ferrell juntou os actos às palavras e organizou um jantar de angariação de fundos para BHO a quase 36 mil dólares por cabeça (típico dos «1%», não dos «99%»…); Eva Longoria participa activamente na campanha; e até Daniel Radcliffe, ainda tão novo, ignorante e inexperiente, atravessa o Atlântico para armar-se em parvo e meter-se onde não é chamado, declarando estar «desgostoso, intrigado, espantado», com as posições dos candidatos republicanos contra os «direitos dos gays», e elogiando o «cauteloso» Obama.
Porque é que tantos «artistas» insistem em insultar e em alienar practicamente metade (pelo menos) da sua audiência potencial? Será que pensam que só os da sua cor política têm dinheiro para comprarem bilhetes e discos? Ou é porque são, simplesmente, estúpidos e hipócritas? Isso tudo e também cobardes: como salienta Ben Shapiro, em Hollywood há uma veneração pelos denunciantes… de outras áreas e sectores de actividade, económica e não só; todavia, continua por aparecer quem se atreva a revelar os maus hábitos – isto é, os cambalachos – contabilísticos e financeiros dos estúdios e das produtoras. Enfim, em LA a coragem não dá para tudo; é a fingir, como no resto.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Santificado é o nome dele

Bem que se pode dizer que… santificado é o nome dele. Alguém com um apelido como «Santorum» - com origem latina e que significa «todos os santos» - dificilmente passaria despercebido (por muito tempo), e o antigo senador pela Pensilvânia e actual candidato presidencial do Partido Republicano tem neste momento uma forte probabilidade de ser o nomeado dos conservadores para a eleição de Novembro. E, sem surpresa, as suas convicções e afirmações enquanto católico practicante têm sido as mais destacadas por uma certa comunicação social…
… E Richard Santorum não as nega e assume-as, obviamente, desde que não sejam descontextualizadas, o que tem acontecido frequentemente. Mas seria de esperar outro comportamento por parte do establishment liberal-progressivo que defende o aborto, a contracepção e a homossexualidade e é tolerante para com o adultério? Ele não diz que quer, ou que vai proibir, essas actividades; o que ele pensa, o que ele diz, é que o Estado, o Governo federal, não as deve apoiar e financiar. Porém, os «suspeitos do costume» querem convencer as suas audiências de que Santorum com nada mais se preocupa para além destes temas… o que não é verdade. Tem opiniões sobre outros, desde o ambiente, a economia e a energia até às forças armadas e as relações internacionais, como lembrou (mais uma vez) numa entrevista recente. Disse David Axelrod, com descaramento, que as posições de Santorum são «divisivas». E a imposição do «casamento» entre pessoas do mesmo sexo (rejeitado em todos os referendos) não é divisiva? E a revogação da «Don’t Ask, Don’t Tell» não é divisiva?
A mais recente «tempestade num copo de água» tem a ver com um discurso de 2008 numa escola católica, e agora recuperado, em que Rick Santorum alerta para o perigo de «Satanás tem os olhos postos nos Estados Unidos». E daí? Saul Alinsky, «guru» de Hillary Clinton e de muitos outros democratas, dedicou o seu livro «Regras para Radicais» a Satanás! Porque é que uns podem recorrer a figuras (de estilo) religiosas e outros não? Barack Obama afirmou recentemente que «Jesus taxaria os ricos». E porque é que o actual presidente pode falar na (suposta) «phony religiosity» dos seus adversários mas Santorum não deve falar na «phony theology» (isto é, a «religião ecologista») do Sr. Hussein?
Para alguns, já se sabe, não há limites para os insultos e para a (tentativa de) supressão da liberdade de expressão daqueles de quem se discorda. Rick Santorum já foi comparado a Josef Stalin, a Dan White (o assassino – democrata! – de Harvey Milk), e já teve o seu apelido «transformado» numa calúnia aviltante – por um homossexualista militante (e revoltante) chamado Dan Savage. Já, desprezivelmente, o atacaram pela sua atitude aquando da morte de um dos seus filhos. No entanto, nem todos à esquerda o desvalorizam: Barbara Walters e Mika Brzezinski expressaram simpatia (moderada) por ele, e Tommy Christopher considera-o «à prova de bala» e que será muito difícil a Mitt Romney «apagá-lo». Com efeito, há a percepção, mesmo entre os liberais, de que ele é o «real deal», que é coerente, que não é hipócrita e que, num certo sentido, e algo insolitamente (para eles), podem confiar nele; não tem as inconsistências pessoais de Newt Gingrich e as políticas de Mitt Romney; este, ao contrário do que muitos previam (e desejavam), é cada vez menos a escolha incontornável - a «narrativa da inevitabilidade» foi rejeitada.
Rick Santorum muito tem contribuído para isso. Poderá não ser o nomeado, mas de certeza que deixará a sua marca. E, para desmentir de uma vez por todas as acusações de que não passa de um homem arcaico, fundamentalista, preconceituoso e racista, dê-se a conhecer apenas um facto: enquanto senador teve como principal assessor Robert Traynham, um afro-americano e homossexual assumido! E que foi uma testemunha privilegiada da actividade de Santorum no Congresso, em especial nas áreas da assistência social, da educação e da saúde, que consolidaram o seu currículo de «conservador compassivo».

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Terroristas de trazer por casa

A Grã-Bretanha teve o IRA. A Alemanha teve os Baader-Meinhof. A França, a FNLC. A Itália, as Brigadas Vermelhas. A Espanha, a ETA. Portugal, as FP-25. E os Estados Unidos da América tiveram os Weather Underground… cujas duas mais famosas figuras, o casal William Ayers e Bernardine Dohrn, foram fundamentais no lançamento da carreira política de Barack Obama.
Trata-se de um facto incontestável e que, durante bastante tempo, todos os que rodeiam o actual presidente tentaram desmentir ou desvalorizar. Porém, o próprio William Ayers confirmou recentemente essa ajuda – uma (primeira) iniciativa de angariação de fundos – que deu na sua casa, algures nos anos 90, a um então desconhecido licenciado em Direito por Harvard. Em 2008, em plena campanha presidencial, Robert Gibbs negou categoricamente que tal evento houvesse ocorrido, considerando a acusação como mais uma invenção da candidatura de John McCain. Afinal, Sarah Palin tinha mesmo razão: Barack Obama andou a confraternizar com terroristas…  
… Que o auxiliaram a iniciar e a desenvolver uma «prometedora» carreira de «organizador comunitário» na cidade mais corrupta dos EUA. E «organizar a comunidade» significava, na verdade, tentar atingir practicamente os mesmos objectivos e adoptar practicamente as mesmas tácticas que, actualmente, os «ocupas» adoptam e querem atingir. Não é, pois, de surpreender que Bill, juntamente com o seu irmão Rick, tenham dado, de bom grado, algumas «lições» - de radicalismo e de resistência (ou combate?) ao capitalismo – aos jovens «estudiosos» e interessados integrantes do «Occupy Chicago».
Há que reconhecer, no entanto, que William Ayers aparenta não ter qualquer problema em revelar os seus pensamentos e as suas acções, tanto no passado como no presente. Não só os assume como ainda hoje se orgulha deles! É isso que explica que tenha acedido a fazer um encontro em que também participou nem mais nem menos do que Andrew Breitbart… que depois classificou o seu anfitrião como «um fantástico conversador e um cozinheiro incrível», apesar de ser igualmente um «sociopata»! E, muito provavelmente, não foi só um bom jantar o que o fundador do Breitbart.com trouxe naquela noite da «windy city»: poucos dias depois, ao discursar na CPAC 2012, o autor de «Righteous Indignation» revelou ter vídeos de Barack Obama dos seus dias enquanto estudante universitário. Finalmente, saber-se-á porque é que o actual presidente ainda não divulgou os seus registos académicosConfirmar-se-á que é por ter sido, segundo um seu antigo colega, um «marxista-leninista ardente» tal como vários dos seus professores?
Este assunto é da máxima importância. Porque o que mais espanta não é apenas que o Sr. Hussein tenha chegado à presidência dos EUA sem possuir qualificações e experiência para tal; é, principalmente, que o tenha feito tendo no seu «armário» alguns «esqueletos» (bem vivos, como Ayers, Blagojevich, Giannoulias, Rezko, Wright) que, normalmente, seriam suficientes para arruinar a carreira de outro candidato. 

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Amigos da onça

Aqui no Obamatório tenho continuamente divulgado actos e afirmações de estupidez, incompetência e maldade vindos de democratas e liberais contra republicanos e conservadores. Porém, isso não significa que os primeiros não saibam, não estejam conscientes… ocasionalmente, dos seus defeitos, das suas falhas, das suas insuficiências, bem como das do seu «grande chefe» do momento – isto é, do presidente do país, quando ele é «azul». Mais: por vezes até deixam transparecer as suas dúvidas, as suas desconfianças, as suas críticas. Por vontade própria ou forçados por outros… mas fazem-no. E aí fica demonstrado que a certeza quanto à(s) vitória(s) não é completa, que a fanfarronice não tem uma grande base de sustentação.
Chuck Schumer admitiu recentemente… o que (quase) toda a gente já sabe: que o actual presidente foi – é – o candidato que, na História dos EUA, mais dinheiro recebeu das firmas financeiras de Wall Street. Aliás, já antes Michael Moore havia declarado que aquela famosa rua de Nova Iorque «já tem o seu homem e o seu nome é Barack Obama». São factos e afirmações que não são muito favoráveis a quem quer ser visto como o defensor dos «99%», não é verdade? Porém, o senador por Nova Iorque não é o único senador democrata a admitir uma verdade inconveniente sobre o presidente. Outros cinco – Ben Nelson, Bill Nelson, Bob Casey, Joe Liberman e Joe Manchin – contestaram a recente intenção da administração de, no âmbito do «ObamaCare», forçar entidades de saúde (ligadas a igrejas) a fornecerem gratuitamente contraceptivos e pílulas abortivas - no que constitui talvez o maior ataque de um governo federal norte-americano à liberdade de religião no país. Tanto que Kathy Dahlkemper, ex-congressista democrata que perdeu o seu posto por ter votado favoravelmente a «reforma da saúde», veio admitir que teria procedido de outra forma se soubesse que tal afronta iria ocorrer…
… E quando também Chris Matthews classifica como «assustadora» aquela iniciativa da Casa Branca, então não restam quaisquer dúvidas quanto à gravidade da mesma. Entretanto, continuamos à espera que o Sr. «Arrepio pela Perna» revele as tais «histórias que eu ouço e que vocês não acreditariam» sobre a actual administração. Já o seu colega da MSNBC, Lawrence O’Donnell, não duvida de que Barack Obama não quer concorrer contra Mitt Romney. Por seu lado, Tina Brown (ex-Vanity Fair, ex-New Yorker, agora na Newsweek), afirmou que o Nº 44 «não gosta do seu trabalho… e não sabe exercer o poder» - não, ela não é simpatizante do GOP, muito pelo contrário. Até no Washington Post se verificam lapsos momentâneos de razão: aquele jornal criticou o «chumbo» do oleoduto Keystone e apelou ao «regresso» de Bill Clinton…      
… Embora a pessoa de apelido Clinton que continua a ser a mais desejada, entre os democratas, como alternativa é… Hillary! E não apenas como potencial substituta de Joe Biden enquanto vice-presidente, cargo para o qual Douglas Wilder, antigo governador da Virgínia, não reconhece competência ao homem do Delaware. Também para substituir o próprio Barack Obama! Tal é o desejo de Douglas Schoen e de Patrick Cadell, reputados operacionais «azuis», que querem que o actual presidente desista em favor da actual secretária de Estado! E a verdade é que, já neste mês de Janeiro, se verificaram movimentações na Carolina do Sul e no Nevada no sentido de colocarem o nome da ex-primeira dama nos boletins de voto das primárias.   
Nem entre os «irmãos» o apoio é já unânime e incondicional. Emanuel Cleaver, representante do Missouri, disse que o orçamento recentemente apresentado pela Casa Branca - que aumenta (ainda) mais a dívida, contrariando assim uma promessa de 2009 - é como que «um colapso nervoso em papel». E até Harry Belafonte e Cornel West, que ainda recentemente vilipendiavam Herman Cain, viraram-se contra Barack Obama: o primeiro declarou que ao presidente falta uma «bússola moral»; o segundo declarou que lhe falta… «espinha». Palavras muito duras que denunciam uma profunda decepção. E se dos vivos as críticas são o que são, então as dos mortos ganham uma outra ressonância: Steve Jobs, que não era conhecido como sendo um conservador, terá dito a Obama em 2010: «você está a dirigir-se para uma presidência de um termo».
Pode, pois, dizer-se que Barack Obama tem alguns «amigos da onça» entre as suas fileiras… mas merece-os totalmente! E, com «amigos» destes… mais fica facilitado o trabalho dos «inimigos».

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

E se pagassem o que devem?

Na semana passada um ligeiro «arrepio» de satisfação e até de excitação percorreu os «obamistas» mais ou menos convictos, os apologistas do actual presidente norte-americano. A causa? A taxa de desemprego teria (alegadamente) registado o valor mais baixo dos últimos três anos. Porém, como aqui no Obamatório se presta mais atenção a factos do que a ficções e não se hesita em, quando é preciso, desempenhar a função de «desmancha-prazeres», não tardei a descobrir qual poderá ter sido um dos principais (ou até o principal dos) motivos para tal: é que o número de cidadãos activos – isto é, desempregados mas à procura de trabalho – baixou em 1,2 milhões no espaço de um mês. Portanto, o que aconteceu não foi tanto que aumentou o emprego mas sim, mais, que aumentou o número de pessoas que… desistiram de o procurar. E, obviamente, escusado será dizer – mas eu digo na mesma – que George W. Bush não beneficiou das mesmas «ginásticas» aritmético-gramaticais practicadas pelos media; então, em 2004 uma taxa de 5,6% era má mas em 2012 uma de 8,3 é boa?  
Este «episódio» não representa mais do que apenas um entre tantos de uma «série» que caracteriza as «Obamanomics» como uma sucessão de pouco mais do que efeitos especiais, de «smoke and mirrors», mesmo que tenham uma aparência high-tech, de alta tecnologia. E, aqui, a Solyndra continua a ser o pior exemplo, o maior escândalo entre vários de uma aposta nas «energias verdes» em que o verde mais nítido… é o das notas que transitaram dos cidadãos comuns para amigos e apoiantes dos democratas. Enquanto na sede da falida fabricante de painéis solares se destruiam dispendiosos e valiosos materiais, ia-se sabendo que: quase 180 milhões de dólares foram concedidos à Ener1 que… faliu; 1,4 biliões de dólares foram concedidos à BrightSource – empresa de Robert Kennedy Jr.! – que… faliu; 529 milhões de dólares para a Fisker Automotive que… já está a despedir pessoal; aquisição (para as forças armadas) de biocombustível à Solazyme (onde pontifica um ex-conselheiro de Bill Clinton)… a um preço quatro vezes superior ao de mercado. Ou seja, porque os comparsas não pagaram o que deviam… foram os contribuintes que pagaram.     
É inevitável a conclusão: os democratas preferem empresas «limpas»… que fracassam, a empresas «sujas»… com sucesso. Mais uma vez, é a ideologia a sobrepor-se à economia, é a teoria - a utopia, a miopia… - a impor-se à práctica. Só isso pode explicar a rejeição do oleoduto Keystone, para a qual se ouviram «justificações» inacreditáveis: há uma tentativa de «distorção das realizações» de Barack Obama por parte do «grande petróleo»; o «impacto ambiental» seria elevado e havia que proteger «a água e o ar que as nossas crianças bebem e respiram»; 20 mil empregos… «não são assim tantos empregos»; mais postos de trabalho s(er)ão criados pelo «alargamento do seguro de desemprego» do que seriam pelo oleoduto. Esta última afirmação, aliás, é apenas uma entre várias que demonstram a inabalável fé dos liberais-progressistas no Estado como incentivador/interventor/investidor da/na economia; como «explica» o actual presidente, «não somos bem sucedidos apenas por causa de nós próprios»; os cidadãos devem muito aos funcionários públicos, alguns dos quais – como os que estão nas agências federais – são «as pessoas que mais trabalham» no país!
Assim, e porque diminuir a dimensão do Estado, do governo federal, da administração pública, está, para os «burros», fora de questão, a ênfase é colocada não na redução da despesa mas sim no aumento da receita – ou seja, na subida de impostos. É por isso que cada vez mais se ouve Barack Obama e os seus «camaradas» - como Jan Schakowsky (a mesma que disse que 20 mil «não são muitos empregos»), cujo marido esteve preso por evasão fiscal – a insistirem que os «ricos» devem pagar a sua «fair share». Os mais ingénuos e/ou os menos informados poderão talvez ser levados a pensar que existe nos EUA uma fuga aos impostos em larga escala… mas não. Na verdade, e ao contrário do que dizem «ideólogos úteis» como Warren Buffett (que pode beneficiar bastante das políticas de BHO), os ricos já pagam, e muito, a sua «fair share». Por exemplo, em Nova Iorque 1% dos seus oito milhões de residentes paga 43% dos impostos. Entretanto, e curiosamente, soube-se que 36 assessores da Casa Branca devem mais de 800 mil dólares em impostos atrasados. Quem diria?! Logo, uma pergunta impõe-se: e se pagassem o que devem? De preferência antes de, hipocritamente, exigirem mais aos outros?
Não é só por isto que se deve duvidar das declarações de Barack Obama e da sua administração relativamente à economia – note-se que, neste âmbito, o Washington Post já lhes atribuiu a classificação de «três Pinóquios»! Não se deve esquecer, igualmente, que durante o mandato do Nº 44 já aumentaram, e muito: os preços de vários bens essenciais; e, evidentemente, e principalmente, a dívida norte-americana… mais do que todos os presidentes antes dele! E houve um certo senador pelo Illinois que teve o descaramento de dizer que o Nº 43 não era patriota por ter aumentado (mas menos) a dívida! Em resumo: deve-se desconfiar sempre quando é divulgado um indicador – taxa de desemprego, ou outro – positivo por parte deste presidente... aliás, é o que os próprios assessores dele não hesitam em fazer! Contrariamente ao que foi apregoado através de alguns sound bytes, não há (ainda) qualquer, e credível, «retoma económica» nos EUA - o próprio Obama admite que ela só deverá ocorrer dentro de um ou dois anos.