sexta-feira, 27 de abril de 2012

À margem da lei

Como já aqui antes se demonstrou, os democratas têm uma tendência muito, muito superior à dos republicanos para se colocarem à margem da lei, sendo vários os exemplos de «burros» acusados e até condenados em tribunal. Habitualmente, são figuras da segunda, terceira e quarta «linhas» do partido que se vêem na «mira» das autoridades. Porém, quando é o próprio presidente dos EUA a estar envolvido em situações juridicamente mais dúbias, o caso torna-se muito, muito mais grave.
Pois foi exactamente isso o que aconteceu – aliás, está a acontecer – a Barack Obama. Na última semana duas queixas, uma formal, outra nem tanto, foram apresentadas contra ele. A primeira é do RNC (Comité Nacional Republicano, órgão de cúpula do partido), e diz respeito à utilização, pelo Nº 44, de eventos – e de fundos – públicos para acções de campanha já tendo em vista a sua (tentativa de) reeleição; por outras palavras, o que frequentemente acontece é o candidato aparecer «disfarçado» de presidente. A segunda queixa, «informal», é de Ben Shapiro, autor e comentador conservador… e jurista formado em Harvard, que demonstrou como a participação de Obama no programa de Jimmy Fallon constituiu (para além de um desempenho «estiloso» de gosto duvidoso) uma violação da lei das finanças eleitorais norte-americana – por ter constituído, basicamente, uma acção política, um anúncio partidário (mais um) oferecido gratuitamente pela NBC.    
Haverá repercussões? Existirão consequências, sanções? Pouco provável. Afinal, sempre se trata do «comandante-em-chefe»… No entanto, alguns dos seus «aliados» e «subordinados» não deverão ter – e não estão a ter – tanta sorte. Abake Assongba, que está entre os maiores apoiantes e financiadores de BHO, foi acusada de fraude financeira. Quatro militantes democratas do Indiana foram acusados de fraude eleitoral durante as primárias presidenciais de 2008 (no seguimento de um processo já referido aqui no Obamatório); fraude eleitoral que, para a actual «estrela» da MSNBC e antigo funcionário do Partido Democrata Lawrence O’Donnell, é «perfeitamente razoável» se só acontecer uma vez; ele lá deve saber do que fala… O certo é que as primárias «azuis» parecem ser, de um modo geral, muito… animadas: na Califórnia o representante Peter Stark acusou o seu oponente Eric Swalwell de aceitar subornos enquanto conselheiro municipal; e no Connecticut Lee Whitnun acusou Chris Murphy – em directo na televisão! – de ser uma «rameira» (o que também é um crime) por aquele ser pró-israelita! Continuando no âmbito da «brigada dos vícios», na Carolina do Norte Jay Parmley, até há pouco tempo alto dirigente do PD naquele Estado, foi acusado de assédio (homos)sexual, tendo depois a sua ex-namorada alegado que ele a havia contaminado com o vírus da Sida; enfim, eis um democrata que pode não ser adepto do bi-partidarismo mas que, pelo menos, practica outro tipo de «bi-actividade».   
Já se torna difícil determinar e distinguir se, em matéria de maus exemplos, é mais o topo que influencia a base ou se é o oposto. Têm sido tantos os escândalos a afectar a Casa Branca que Darrell Issa, representante republicano, considerou a actual administração como «a mais corrupta da História» dos EUA. De tal forma que o CEO da LightSquared, uma das empresas envolvidas naqueles escândalos, demitiu-se devido à sua proximidade com os actuais ocupantes do Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia – cada vez mais, uma zona de má vizinhança.   

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