Não, o marido de Hillary não se terá passado… para o «outro lado». Porém, até parece, porque é uma das poucas – se não mesmo a única – figura de topo dos democratas a manter (algum)a sensatez. E demonstrou-o quando reconheceu recentemente, perante o próprio, que o representante republicano Paul Ryan tem razão nas suas iniciativas para (tentar) controlar o défice dos EUA, em especial a que pretende reorganizar o Medicare.
Tal como acontece em Portugal, a esquerda norte-americana acusa a direita de querer acabar com o «Estado Social»… quando, na verdade, a segunda apenas pretende evitar a falência daquele, que acontecerá se não se travar o despesismo desorganizado promovido pela primeira. E as acusações alarmistas (e ridículas) de que o GOP quer tirar idosos de lares de terceira idade ou até «empurrá-los de cima de um monte» tiveram, ao que consta, algum efeito na recente eleição especial no 26º distrito congressional de Nova Iorque, onde a democrata Kathy Hochul venceu a republicana Jane Corwin naquele que era considerado um bastião tradicionalmente conservador. Isto é, a alegada «recuperação democrata» e o suposto (actual) «bom momento» dos «burros» assentam na mentira e no medo. Pelo que Paul Ryan, e muito bem, se defende denunciando a «desavergonhada distorção e demagogia» que fazem contra o seu plano, como que transformando o Medicare em «Mediscare».
E é aqui que entra Bill Clinton, ao confessar que espera que a vitória dos «azuis» na «Grande Maçã» não seja utilizada como «uma desculpa para nada fazer». O ex-presidente, afinal, tem um legado a defender: os seus mandatos coincidiram com um período de crescimento económico conjugado com uma contenção nas contas públicas – no que foi incentivado e permitido então por um Congresso maioritariamente republicano liderado por Newt Gingrich. E é essa herança – e essa memória – que explica e justifica a popularidade e o prestígio de que ainda hoje goza, apesar dos seus múltiplos adultérios. No entanto, e incrivelmente, o antigo speaker veio juntar-se ao «coro» democrata ao acusar Ryan – seu colega de partido! – de tentar promover uma «engenharia social de direita». Resultado? Condenação quase unânime dos «vermelhos» e mais um candidato para 2012 que quase de certeza perdeu as (poucas) hipóteses que ainda tinha. Newt não percebeu – ao contrário de Dick Cheney – que «o chão que Ryan pisa é para ser idolatrado». E ele é do Wisconsin, tal como Scott Walker…
Deve pois o Partido Republicano deixar cair a «bandeira» da reforma do Medicare? Bill O’Reilly afirma que não, e explica porquê. Em última análise, trata-se de não prejudicar os que são hoje mais novos e que no futuro serão idosos – ou seja, de assegurar a sustentabilidade do sistema por várias gerações. E os democratas, como «bons» esquerdistas, «progressistas», hedonistas e gastadores que são, geralmente só se preocupam com o curto prazo. Os outros que vierem atrás que paguem a conta e que apaguem a luz…
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