A 22 de Novembro de 2019,
no meu artigo «Dias de um passado futuro» saído no jornal Público, referi e
comentei alguns exemplos de «previsões» feitas em alguns famosos filmes de
ficção científica que poderiam ou não ter-se concretizado nas datas apontadas
que, entretanto, se tinham materializado - «2001», «2019, Novembro» («tempo» da
acção de «Blade Runner»), e outros. Antes, a 20 de Julho do mesmo ano, data em
que se assinalaram e celebraram os 50 anos da chegada dos primeiros homens (Aldrin,
Armstrong e Collins) à Lua, no meu artigo «E se eles não tivessem conseguido?»
recordei e realcei a importância daquela viagem e do que foi preparado para se
dizer e fazer na hipótese – felizmente não concretizada – de a missão
fracassar…
… E agora, como que numa
confluência desses dois âmbitos, aborda-se o facto de, talvez sem muitos darem
por isso (mas eu dei), dois conceitos mais ou menos «clássicos» da FC
relativamente à exploração espacial se terem tornado realidade em pouco mais de
três anos. Mais concretamente, e pelo lado norte-americano, a militarização e a
privatização do espaço, correspondentes, a primeira, à criação por Donald Trump,
quando era presidente (e, em legitimidade, ele ainda o é), de um novo ramo das
forças armadas americanas, a Força Espacial, e, a segunda, ao (bem sucedido) primeiro lançamento pela SpaceX de um foguetão com destino à Estação Espacial Internacional transportando dois astronautas da NASA, o primeiro voo espacial
tripulado com origem nos Estados Unidos da América desde o fim do programa dos
vaivéns; e Trump esteve presente no lançamento da nave da SpaceX.
Poder-se-á
contra-argumentar que a entrada no cosmos da empresa fundada e dirigida por
Elon Musk – o homem que também lidera outras companhias como a Tesla, a Twitter/X
e a Neuralink – não constitui exactamente, não representa propriamente, o
início de uma «privatização» do espaço porque há décadas que companhias não
estatais financiam, fabricam e lançam foguetões para colocarem em órbita
satélites artificiais de índole científica, comercial (em especial
comunicações) e até militar. Porém, transportar pessoas é muito mais
importante, sensível e perigoso do que transportar objectos. Então, em 2019, e
previsivelmente, no lado esquerdo da política dos EUA houve quem preferisse,
como forma de «comemorar» o meio século da chegada de compatriotas à Lua, o enaltecimento
– consideraram-no superior, aliás – do programa espacial da União Soviética, e
não faltaram comentários depreciativos e mesmo alarmados a este mais recente progresso
científico e económico, como o de considerar o sucesso da SpaceX não histórico
mas sim «trágico»! Não consta que estes mesmos «especialistas» tenham lamentado
a decadência e até o retrocesso que a NASA sofreu durante a administração de
Barack Obama – que, talvez como parte da «flexibilidade» que ele prometeu a
Vladimir Putin, permitiu que os americanos passassem a ir à EEI em naves Soyuz
e assim contribuindo para a economia russa. Com Donald Trump esta trajectória
foi revertida e começou a falar-se seriamente, oficialmente, não só de um regresso à Lua mas também de
uma primeira viagem tripulada a Marte; entretanto, e como depositário das conquistas e das
glórias do programa Apolo criou-se um novo programa, o Artemis.
Tudo isso era antes. Mas
agora, quase três anos depois de o Partido Democrata ter roubado a eleição presidencial
e de ter iniciado uma campanha de perseguição policial, jurídica e política contra
os seus opositores no Partido Republicano, a começar por Donald Trump, todas as
forças armadas norte-americanas, nas quais se inclui a Força Espacial,
enfrentam uma série de grandes e graves desafios – à semelhança, aliás, de
praticamente todos os sectores da sociedade norte-americana – e correm mesmo
riscos de aceleradas degradação e diminuição das suas capacidades operacionais, não
só por causa da progressiva e agressiva infiltração e contaminação pelas
ideologias woke, esquerdistas, comunistas, neo-segregacionistas, mas também por
culpa das mais rasteiras e indesculpáveis incompetência e irresponsabilidade. Afinal,
quando uma actual general da FE afirma publicamente que, no seu desempenho, dá
mais prioridade às operações de mudança de sexo do que à contratação de pessoas
qualificadas, que mais há a esperar desta «liderança castrense» dos EUA além da
auto-aniquilação perante potências estrangeiras, se não melhor armadas
certamente mais motivadas? Está difícil definir e decidir quais são as piores ameaças, as terrestres ou as extra-terrestres. Pelo que no presente momento não há motivos para optimismo
nem justificação para lemas do tipo «para o infinito e mais além».
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