quinta-feira, 16 de maio de 2024

Há outras vozes, mais sensatas

Depois de, no mês passado, ter mencionado algumas pessoas em Portugal que, com alguma (ou bastante) frequência, demonstram ter uma irritante e até mesmo inquietante disponibilidade para transmitirem informações falsas e comentários ridículos sobre o que acontece na política dos Estados Unidos da América, e nem sempre de uma forma involuntária, considerei que seria correcto e justo referir outras pessoas que, ocasionalmente, evidenciam saber mais verdades do que se passa nos EUA e não se deixam afectar pela propaganda pró-esquerdista e pró-democrata. E não é mau que seja apenas ocasionalmente, pois isso é melhor do que nada. Nem todos podem ser – na verdade, nenhum, ninguém é – como eu, que há mais de 15 anos, aqui neste espaço, neste blog, no Obamatório, publico sempre pelo menos um texto por mês, correspondendo ao acompanhamento permanente, mais do que diário, que faço das peripécias que ocorrem no outro lado do Atlântico.
Quem são, pois, essas pessoas, que merecem ser citadas? Comecemos por duas que colaboram no blog Blasfémias, que muito aprecio e que já provaram também estar atentas e lúcidas aos «ventos» que «sopram» da América do Norte: Cristina Miranda, que denunciou as más influências, nem sempre insidiosas, vindas de Hollywood; e Telmo Azevedo Fernandes, que compreendeu a importância e os benefícios da compra do Twitter por Elon Musk. Continuemos com três vozes na Rádio Observador: Alberto Gonçalves, Helena Matos e José Manuel Fernandes (estes dois, curiosamente, ex-colaboradores do Blasfémias) que analisaram a grande onda de anti-semitismo que devastou as universidades norte-americanas e que se estendeu a outras áreas do país e tentaram antecipar as consequências dessas manifestações na próxima eleição presidencial. De destacar igualmente Nuno Rogeiro, em especial um seu artigo na Sábado sobre a entrevista a Vladimir Putin conduzida por Tucker Carlson. E, finalmente, Rui Ramos, também na Rádio Observador, cuja posição e qualificação como historiador lhe dá sem dúvida uma legitimidade acrescida na evocação de momentos mais ou menos passados dos EUA, como a revolução que levou à independência e a luta de Martin Luther King pelos direitos civis.
A existência destas outras vozes, mais sensatas, não parece porém suficiente para, em última instância, desvanecer ou até mesmo atenuar os danos que as outras, as alienadas, causam. E, neste âmbito, João Lopes é um exemplo pouco menos do que permanente. Cerca de duas semanas depois da sua anterior, e não muito feliz, «incursão» pela actualidade «ianque», e a que eu aludi, ele voltou «à carga» com outra, desta vez elogiando Fareed Zakaria, da CNN, como sendo «um exemplo modelar de comentário político alheio a determinismos simplistas ou futurologia de bolso». Ora sucedeu que, desde então, Zakaria não uma, não duas mas sim três vezes fez apreciações positivas de Donald Trump e negativas de Joe Biden, mais concretamente a propósito de: que o actual «residente» da Casa Branca deveria implementar, ou manter, as políticas de imigração do Nº 45; que o caso do suposto pagamento a Stormy Daniels nunca iria a tribunal se não fosse Trump a estar em causa; e que os democratas devem aceitar que é muito pouco provável que Biden vença em Novembro. Será que João Lopes fará eco destas intervenções? É melhor eu esperar sentado...

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