domingo, 11 de setembro de 2022

Inibido pelo inimigo

E aconteceu há 21 anos... O tempo vai passando mas isso não faz com que a dor e o horror diminuam de intensidade. Não só pela completa, total, intrínseca, antes impensável, maldade do que aconteceu a 11 de Setembro de 2001: também por, exactamente 11 anos depois, o mais feroz extremismo islâmico ter novamente eclodido, dessa vez em Benghazi, na Líbia, com o ataque ao consulado norte-americano naquela cidade – um atentado que a então administração de Barack Obama, e em especial a então secretária de Estado Hillary Clinton, pouco ou nada fez para evitar ou atenuar. E, pior, por, no ano passado, duas décadas de copioso dispêndio de «blood and treasure», sangue e tesouro, vidas humanas e meios materiais, terem parecido completamente inúteis, fúteis, desperdiçadas, com a vergonhosa retirada do Afeganistão decidida – ou nem por isso – por Joe Biden e a sua camarilha de cobardes e de incompetentes...
... E, 12 meses depois, mais pormenores sobre aquela catástrofe militar, civil e política continuam a ser conhecidos e/ou confirmados. Cerca de 100 mil afegãos foram então transportados em aviões da força aérea dos EUA, mas poucos, se é que alguns, tiveram a sua identidade e «cadastro» verificados. Foram iniciativas não oficiais que posteriormente acabaram por evacuar não apenas afegãos com legítimas aspirações de serem salvos (por terem cooperado com as forças norte-americanas) mas também cidadãos dos «States», por (outros) aviões e ainda por autocarros (!); os «privados» resgataram bem mais do que os 800 supostamente recuperados pelos «públicos»; actualmente estima-se que entre 14 mil e 18 mil estado-unidenses tenham sido abandonados pela actual «administração» que ocupa a Casa Branca e o Pentágono. Entretanto, e tal como em 2021, em 2022 os talibãs não se fizeram rogados em exibirem os mais de 80 biliões em material militar, abandonados por Biden e companhia (muito limitada) no terreno, aquando das efusivas celebrações realizadas, em Kabul e em outras cidades, no primeiro aniversário da reconquista do poder. Bem podem muitas pessoas, entre as quais o senador Josh Hawley, exigir explicações e a assumpção de responsabilidades pelo que aconteceu: quase de certeza tal só virá a verificar-se se e quando os republicanos reassumirem o controlo do Congresso – Casa e Senado – depois das eleições intercalares em Novembro.
Porém, e obviamente, a ameaça do terrorismo muçulmano não vem unicamente do Afeganistão; diferentes seitas da «religião da paz» têm em comum o seu ódio ao Ocidente judaico-cristão e nunca descansam nos seus propósitos violentos e mesmo homicidas. É por isso que é deprimente e tristemente simbólico que, 32 anos depois de ter sido «condenado» pelo «ai-a-tola» Khomeini por alegadas blasfémias, injúrias, ao Islão, Salman Rushdie foi esfaqueado e quase morreu ao participar, em Agosto, numa conferência realizada em... Nova Iorque. No que não constituiu qualquer surpresa, de Teerão não veio qualquer condenação, bem pelo contrário. A verdade é que o regime fascista-teocrático do Irão continua a ser o maior promotor de terrorismo no Mundo, mas isso não impede de forma alguma que os democratas, antes com Barack Obama e agora com Joe Biden, insistam em estabelecer acordos com aquele, convencidos de que mostrar fraqueza – e, eventualmente, também pagar mais uns quantos (biliões de) dólares – será mais do que suficiente para que os fanáticos desistam de tentar construir, obter, umas quantas armas nucleares, que, se usadas contra os EUA, causariam muito mais vítimas do que aviões contra edifícios. Habituado que está a contemporizar e até a colaborar com, a ser cúmplice de, criminosos, terroristas e ditadores, o «establishment» democrata está, claramente, inibido pelo (verdadeiro) inimigo. De facto, enquanto acusam o Partido Republicano de ser uma organização terrorista tão má ou pior do que a Al-Qaeda - ouça-se ou leia-se, como exemplos (e há muitos mais), Kamala Harris e Sam Harris - mostram-se disponíveis para estabelecer acordos com organizadores e cúmplices dos ataques de 2001, acordos esses que possivelmente permitirão a redução de sentenças e até, talvez, a libertação daqueles.  
É indispensável que a inevitável acumulação cronológica não impeça ou atenue a memória do que ocorreu. Pelo que registos de jovens estudantes que não sabem o que responder quando lhes perguntam o que aconteceu a 11 de Setembro de 2001 não constituem propriamente sinais tranquilizadores. Para tentar contrariar tal «erosão» seria importante que instituições como o Museu Tributo 9/11 não fechassem as suas portas e não cessassem a sua actividade, mas infelizmente foi isso mesmo o que sucedeu. É de questionar se da parte da governadora do Estado de Nova Iorque e/ou da parte do mayor da cidade de Nova Iorque poderia vir algum apoio que permitisse àquele museu manter-se aberto. Tanto quanto se pode saber nenhumas indicações nesse sentido existem até ao momento. O que é estranho, pois seria provavelmente de esperar que com os cortes nos últimos orçamentos da polícia da «Grande Maçã», que, juntamente com a não acusação de um cada vez maior número de criminosos por parte de vários procuradores e a progressiva eliminação da obrigatoriedade do pagamento de fianças, têm feito com que a insegurança em toda aquela metrópole aumente exponencialmente, sobrassem fundos para pagamento de despesas indubitavelmente meritórias.  

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