Infelizmente, não é surpreendente: continua a
haver em Portugal várias pessoas que, porque não têm capacidades nem
conhecimentos mínimos para o fazer correctamente, difundem informações – e
opiniões – deturpadas ou até mesmo falsas sobre o panorama político nos Estados
Unidos da América. E eu, tanto quanto me é possível, ou, melhor dito, me é
permitido, contrario-as.
João Lopes, «jornalista» do Diário (agora
semanário) de Notícias mantém-se como um dos mais notórios – e irritantes –
reincidentes. Eis as suas duas mais recentes «recaídas», ambas no blog Sound +
Vision, que eu lhe «diagnostiquei» por correio electrónico porque aquele continua a
não aceitar comentários. A 24 de Agosto, a propósito deste texto, escrevi-lhe
que nele «há dois erros relativamente graves: um, David Axelrod nunca foi “procurador
federal” mas sim consultor político de Barack Obama; outro, Michael Cohen não
foi condenado porque (ainda) não foi a julgamento, ao contrário de Paul
Manafort. Estas são falhas normalmente inadmissíveis num jornalista já com
muita experiência e anos de serviço... a não ser que consideremos, como
“circunstância atenuante”, o facto de esse mesmo jornalista se ter
“especializado” em, de abordar quase sempre, temas de cultura, cinema, música. Então,
melhor seria não mandar “bitaites” sobre o que não compreende.» Porém, JL
mandou mesmo mais «bitaites» desse tipo e, a 9 de Outubro, a propósito deste
texto, escrevi-lhe: «Não, não é um “facto” que Brett Kavanaugh protagonizou um
episódio de agressão sexual contra ela. O que há, houve, é uma alegação, uma acusação...
sem provas; ela não sabe, não recorda, exactamente onde e quando essa agressão
ocorreu, a não ser que teria sido, talvez, algures no início dos anos 80; as
testemunhas que ela própria indicou não confirmaram a sua versão dos
acontecimentos - e, aliás, um ex-namorado revelou que, ao contrário do que foi
dito, ela não tem medo de voar de avião nem de estar em espaços pequenos e
fechados; e, pior ainda, ela não se lembra, não tem a certeza, de pormenores
relativos a eventos recentes, deste ano, acontecidos apenas há algumas semanas
ou meses! Portanto, não foi uma acusadora credível. (…) A postura não foi
grosseira e não houve gozo, insultuoso ou outro - o Presidente limitou-se a
destacar as contradições e as debilidades evidentes no testemunho de Christine
Blasey Ford, que eu apontei acima (e várias outras existiram). Agora,
verdadeiramente grosseiro e insultuoso foi o comportamento dos democratas -
políticos, advogados, “jornalistas”, manifestantes - neste processo. Para eles
vale(u) tudo, ou quase: sucessivas acusações - na verdade, calúnias - cada vez
mais graves e disparatadas (Kavanaugh seria o líder de um bando de violadores
em série!); recusa da presunção de inocência (quem não acreditasse em Ford ou
nas outras “vítimas” estaria “contra as mulheres”); intimidação por rufias
esquerdistas (muitos deles pagos), por vezes quase a chegar à violência
efectiva, a políticos republicanos na rua, em restaurantes, em aeroportos, nas
suas casas e até nos próprios edifícios do Congresso, junto aos gabinetes e às
salas de audiência! Enfim, e mais uma vez, o João Lopes difundiu “fake news”.
Por incompetente (e inadmissível) ignorância ou por intencional, premeditada,
malícia, isso é algo que continua por apurar.» Cada vez mais acredito que é por
malícia…
Outro caso – inesperado – de persistente falta
de sensatez (para não usar outra expressão, mais desagradável) neste âmbito é o
de Nuno Gouveia. Com o blog Era Uma Vez Na América estando aparente e
definitivamente desactivado, é na sua conta de Twitter que ele comenta também o
que se vai passando na grande nação do outro lado do Atlântico. Digamos que tem
havido vários motivos para as minhas mensagens se sucederem no último ano.
Exemplos? Sobre isto, eu disse: «Se Donald Trump e Jeremy Corbyn são “duas
faces da mesma moeda”... então trata-se de “dinheiro” muito estranho. Em
relação a Israel e aos judeus, suponho que não há dúvida de que estão em campos
opostos. Quanto à Rússia... também: o actual presidente dos EUA não só manteve
como aumentou as sanções a Moscovo, forneceu armas à Ucrânia (algo que Barack
Obama se recusou a fazer), permitiu que mais de 200 mercenários russos fossem
mortos na Síria, exigiu que os outros membros da NATO aumentassem as suas
contribuições financeiras (para os mínimos obrigatórios), criticou o gasoduto
que liga a Rússia à Alemanha... enfim, um comportamento muito estranho para um
“agente do Kremlin”.» Sobre isto, eu disse: «É claro que Donald Trump “adora”,
prefere, preconiza, o comércio livre. Aliás, ele desafiou os parceiros do G7,
na cimeira realizada este ano no Canadá, a acabarem com todas as tarifas,
subsídios e barreiras. Porém, e esse é um aspecto fundamental da sua posição
neste âmbito que, "surpreendentemente", não é devida e frequentemente
salientado, ele é um adepto do comércio que seja, além de “free”, “fair”,
justo; e não há justiça quando os EUA impõem tarifas reduzidas ou até nulas a
produtos de países que, por sua vez, “retribuem o favor” aplicando tarifas
elevadíssimas a produtos dos EUA; é disto que se trata com as actuais acções da
administração norte-americana – “level the playing field”. E, obviamente, o
caso pior, mais grave, é o da China, que, deve-se nunca o esquecer, é a maior e
a mais antiga ditadura do Mundo. Está o Nuno, com o “tweet” acima, a
defendê-la? Com o “Império do Meio” os problemas num comércio que se pretende
livre não se limitam à desigualdade de tarifas de importação e de exportação:
há a exploração de mão-de-obra (que não tem sindicatos, tribunais e meios de
comunicação social verdadeiramente independentes para onde recorrer), as
catástrofes ambientais e a violação dos direitos de propriedade intelectual.»
Nem João Lopes nem Nuno Gouveia responderam às
mensagens que lhes enviei assinalando e corrigindo os seus erros em relação ao
que acontece nos EUA. Já com John Wolf a situação foi algo… diferente. No
Estado Sentido, blog em que colabora, ele publicou em Julho último uma «posta» em que se pode ler o seguinte: «O presidente dos EUA entregou o Uncle Sam a
Putin. A loucura a que assistimos é inédita na história dos EUA. A negação
categórica do envolvimento russo no processo eleitoral americano (não obstante
a reunião de provas realizada pelo special counsel Robert Mueller), o
ataque aos serviços de inteligência dos EUA, ao próprio sistema de justiça, e
às demais instituições de credibilização democrática dos EUA deve ser
interpretado sem reservas como um acto de traição. Servindo-nos de uma lógica
relativamente simples, tudo isto significa que Putin dispõe de meios para
eleger presidentes norte-americanos, mas também para deselegê-los. (…) The
russians aren´t coming. Já lá está o Trump.» Inseri, na caixa respectiva, o
comentário seguinte: «”Parabéns”, John Wolf! Creio que, com este texto, você
alcançou um novo “recorde” no maior número de disparates com o menor número de
palavras.» Porém, ele não foi autorizado e publicado, apesar de outros dois,
anónimos, o serem. Pois, há quem não goste que as suas parvoíces sejam
apontadas…
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