Seria
preferível para toda a gente que Barack Obama quisesse, tentasse, terminar o
seu (segundo e último, felizmente) mandato com dignidade. Porém, e pelo que tem
sido possível constatar desde que Donald Trump foi eleito como seu sucessor na
presidência dos Estados Unidos da América, isso não tem acontecido… e é pouco
provável que tal se altere nos 21 dias que faltam até a Casa Branca passar a
ter – finalmente! – um novo «inquilino».
A aparente
cortesia, mesmo que constrangida, do encontro entre o Nº 44 e o Nº 45 na Casa
Branca ocorrido a 10 de Novembro não demorou a ser atenuada e mesmo dissipada
pelo (reprovável) comportamento posterior do presidente cessante. Que não se
restringiu, como já referi, a concordar com a teoria conspiratória, (nem por
isso) justificativa do fracasso de Hillary Clinton e do Partido Democrata, de
que a Rússia havia de algum modo manipulado a votação – que suscitou, por parte
de Barack Obama, um apelo à «acção» contra o Kremlin; inicialmente, tal
concretizou-se num mero mostrar de «sentimentos» - sim, Vladimir Putin deve ter
ficado a «tremer»! – mas que, ontem, passou para um conflito diplomático em larga
escala e reminiscente dos «bons velhos tempos» da Guerra Fria, com o anúncio de
sanções que incluem a expulsão de 35 russos dos EUA. O comportamento incluiu
igualmente novas demonstrações da (nele) habitual fanfarronice, em especial
afirmar que poderia ter derrotado o candidato do GOP se pudesse concorrer a um terceiro mandato! David Axelrod terá dado a melhor explicação para este
continuado narcisismo, que é também uma recusa em encarar a realidade: o seu
ex-chefe não aceita que o desfecho da corrida presidencial de 2016 tenha sido
um «veredicto» - condenatório – dos seus oito anos enquanto
comandante-em-chefe; no entanto, é evidente que foi. Além disso, BHO continua a
queixar-se das – poucas – vozes nos media que ousaram criticá-lo com
regularidade, em especial as na Fox News e Rush Limbaugh, apontando-as como
autoras de uma personagem fictícia que ele não é, a tal ponto preponderantes no país que se tornaram inibidoras de um maior
voto em Hillary Clinton e indutoras de ainda o verem como um «estrangeiro».
Contudo, e o que não é novidade, não são unicamente os órgãos de comunicação
social mais à direita que reprovam a atitude de Obama para com eles: ainda esta
semana James Risen, jornalista do New York Times, voltou a afirmar que a actual
administração tem sido a «mais anti-imprensa» desde Richard Nixon, algo que
contradiz... «ligeiramente» a apreciação de Josh Earnest relativa ao seu chefe - este terá sido,
supostamente, o presidente «mais transparente» de sempre!
Outra
demonstração de que o Sr. Hussein e os que lhe estão mais próximos como que vivem
numa «bolha», separada da realidade vivida pela maioria dos cidadãos, está na
declaração de Michelle Obama, em entrevista a Oprah Winfrey emitida a 16 de
Dezembro, de que «agora sentimos como é não ter esperança» - que é como que o
contraponto de outra (tristemente famosa) declaração da primeira-dama cessante…
a de que, após o marido ter sido nomeado candidato à presidência pelo Partido
Democrata, pela primeira vez sentira orgulho no seu país. Trump, que muito tem
tentado (contra o seu próprio temperamento?) manter um «pacto de não-agressão»
com os Obamas, desvalorizou (aparentemente) as palavras de Michelle, tendo
assumido que elas se referiam «ao passado e não ao futuro». De qualquer forma,
ela está errada, pois, após 8 de Novembro, vários sinais – incluindo índices
económicos como valorização do dólar e cotações bolsistas – indicam exactamente o contrário, que as perspectivas de empreendedores e de consumidores são
optimistas, positivas… e expressam esperança no futuro. Entretanto, era
inevitável que, mais cedo ou mais tarde, e de tanto a esticar, Barack iria partir
a «corda» da cordialidade institucional e Trump já não se sentiria
obrigado a conter-se mais… e foi o que o presidente-eleito fez, ao lamentar os «depoimentos inflamatórios» e os «obstáculos» vindos da parte do seu antecessor
e da sua equipa.
A falta de
dignidade demonstrada por Barack Obama nas semanas finais da sua (falhada)
presidência não é perceptível apenas em palavras. É-o também em actos… e ainda
na falta deles. Quando, no mesmo dia (19 de Dezembro), dois significativos atentados
cometidos por terroristas islâmicos aconteceram em nações aliadas dos EUA – na
Alemanha, em Berlim, um atropelamento colectivo num mercado de Natal, e na
Turquia, em Ancara, o homicídio do embaixador da Rússia – ele não fez qualquer
comunicação mas continuou a jogar golfe no Havai, onde já se encontrava a gozar
as férias de Natal; a propósito, as do ano passado custaram aos contribuintes
quase cinco milhões de dólares… e cerca de 85 milhões para o total dos oito
anos. É verdade, todavia, que no caso dele a inacção foi, é, quase sempre
preferível à acção, e isso permanece válido nestes derradeiros dias e semanas.
Exemplos?
Continua a perdoar criminosos e/o a diminuir e/ou comutar as sentenças daqueles
a um ritmo superior ao de qualquer dos seus antecessores, quebrando pelo
caminho alguns (tristes) recordes… ao mesmo tempo que nomeia, para a Comissão de Direitos Civis dos EUA, Debo Adegbile, advogado que representou o «cop
killer» Mumia Abu Jamal, e assim afrontando – novamente – todos os agentes da
autoridade do país. Promove a intimidação e/ou o despedimento, no Departamento de Energia (e quiçá em outros organismos federais), de funcionários não
entusiastas da sua ideologia, nas alegadas «alterações climáticas» e não só. Acelera o acolhimento de «refugiados», mantendo-se a verificação daqueles diminuta ou
mesmo inexistente… ao mesmo tempo que ordena a eliminação de um sistema de registo dos imigrantes muçulmanos para não ser utilizado por republicanos –
não, a proposta de Donald Trump não foi propriamente original…
… E, o mais
grave, o mais ofensivo, autoriza que a representante do país no Conselho de
Segurança da ONU se abstenha – ou seja, não use (pela primeira vez!) o direito
de veto como em similares ocasiões anteriores – na votação de (mais) uma resolução contra Israel, redigida com o apoio, e se não mesmo com a
colaboração, do Departamento de Estado, e assim permitindo que aquela seja
aprovada e que, em consequência, a nação judaica seja condenada por, basicamente,
ocupar e/ou construir, com toda a legitimidade, em territórios que são
historicamente do povo hebreu há milénios… incluindo o espaço onde se situa o
seu monumento mais importante, o muro remanescente do Templo de Salomão! Que
dúvidas podem subsistir quanto ao anti-semitismo de Barack Obama, da actual administração e d(e quase tod)o Partido Democrata, e do concomitante
favorecimento que fazem do Islão, indubitavelmente expressos, aliás, no
vergonhoso discurso feito posteriormente por John Kerry como que a querer
justificar o injustificável, e onde se atreveu a afirmar que, se a escolha for
de apenas um Estado, «Israel pode ser judaico ou pode ser democrático, não pode ser ambos» - dir-se-ia que o ainda secretário de Estado não conhece as constituições do Afeganistão e do Iraque…
Incompetência,
intolerância, insegurança e traição: eis as características principais da
presidência de Barack Obama na sua fase final… e também, diga-se a verdade,
dos seus dois mandatos. O que só fará com que a reacção republicana, na
Casa Branca e no Congresso, a partir de 20 de Janeiro de 2017, seja ainda mais
rápida, mais agressiva e mais abrangente. Newt Gingrich crê que o (lamentável)
legado do Sr. Hussein desaparecerá «dentro de um ano». Provavelmente, nem será
preciso tanto tempo.
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