Para
muitas pessoas nos Estados Unidos da América (e também um pouco por todo o
Mundo), a noite de 8 para 9 de Novembro passado acabou por parecer a de 24 para
25 de Dezembro. Mais concretamente, aquelas que queriam a derrota de Hillary
Clinton na eleição presidencial, e talvez mais ainda do que a vitória de Donald
Trump na mesma. É por isso que, agora, muitos factos, episódios, momentos,
incidentes, ocorridos tanto antes como depois do escrutínio parecem como que
«prendas» de um «Natal» antecipado para todos os que receavam – com razão –
mais quatro anos do Partido Democrata na Casa Branca…
…
E entre essas «prendas» há a destacar, para começar, as previsões de que a
ex-secretária de Estado iria vencer inevitavelmente e até mesmo
esmagadoramente. São de referir a lista da MRCTV com «22 profissionais da comunicação» que acreditavam nisso, do Newsbusters com as «10 mais confiantes mas erradas», a do Politico com as «9 piores» relativas à (então duvidosa)
ascensão política de Donald Trump, e, inversamente, a do Independent com
(alguns d)aqueles que acertaram no desfecho final… incluindo Michael Moore. Entretanto,
e como «exercício» (mórbido?) de «história alternativa», a edição especial que a Newsweek preparou e imprimiu… em antecipação do triunfo (que não aconteceu)
da ex-primeira-dama merecerá sem dúvida no futuro um lugar especial entre os mais interessantes… e insólitos artefactos «informativos».
Porém,
muito mais hilariantes foram – e continuam a ser, porque ainda não terminaram
completamente – as reacções dos apoiantes e votantes de Hillary Clinton à
derrota desta. Por reacções não me refiro aqui, desta vez, a manifestações,
motins, vandalismo, violência, de que houve vários casos, incluindo agressões a
apoiantes e a votantes de Donald Trump – e bastantes dos «crimes de ódio»
atribuídos àqueles revelaram-se falsos; refiro-me, sim, a demonstrações de
surpresa, mau-perder, recusa em aceitar o resultado, hipocrisia, histeria,
imaturidade, infantilidade, enfim, birras em que os esquerdistas se tornaram
pródigos, em especial se lhes faltar «espaços seguros». Os (patéticos) exemplos
vêm tanto de figuras públicas, políticos e «celebridades», como de cidadãos
mais ou menos anónimos. Há a acelerada degradação dos estados mentais de Keith Olbermann e de Paul Krugman – que, aliás, nunca foram grande coisa para começar.
Há aquele homem que se internou na ala psiquiátrica de um hospital, e aquela
mulher que declarou que desistiu de namorar… porque «The Donald» venceu. Há os
artistas que afirmaram sair dos EUA e mudarem-se (quase todos) para o Canadá
(Cher preferia… Júpiter!) no caso de Hillary não vencesse, mas que -
«surpresa»! – não cumpriram a promessa; outros, mesmo sem «ameaças» de
auto-exílio, prodigalizaram a sua decepção («coitadinhos»!); sim, o pequeno ecrã foi… diminuto para os egos descomunais e desiludidos de alguns. Há aquelas
estudantes universitárias «feministas» que, em protesto contra a
«objectificação» das mulheres feitas por DT, decidiram fotografar-se… despidas.
Há George Takei, que, demonstrando estar a fazer o seu próprio… «caminho das
estrelas», mudou de posição quanto à possibilidade de as eleições terem sido «viciadas» («rigged»), não é consistente quanto à utilização ideal por Trump do Twitter, e ignora que no Senado a minoria tem agora menos poderes… graças a
Harry Reid. Há a Salon, que se «esqueceu» de que «Teflon Don» ainda não é presidente e ainda é cedo para o acusar de tudo que corre mal. Enfim, há
Valerie Jarrett, para quem a derrota como que foi um (muito bem dado?) «soco no estômago»…
Não
se pode dizer, no entanto, que os esquerdistas «progressistas» dos EUA se
limitaram a «chorar sobre o leite derramado»: para além de muito falarem
(parvamente), passaram à acção… ou tentaram, no sentido de alterar o resultado
da eleição. Primeiro, experimentaram uma recontagem, um processo que foi liderado
não por Hillary Clinton e/ou alguém da sua campanha mas sim por Jill Stein, a
candidata do Partido Verde, que ficara em quarto lugar na corrida presidencial…
e que, na prática, acabou por se revelar uma vigarice em que muitos democratas caíram: Stein recebeu mais dinheiro (três milhões e meio de dólares, embora
tivesse pedido sete!) e mais cobertura mediática nesta manobra do que em toda a
sua campanha. E o que aconteceu? Pedidas novas contagens de votos no Michigan,
na Pensilvânia e no Wisconsin, só neste Estado os tribunais permitiram que tal
se fizesse, e… a vitória de Donald Trump confirmou-se, tendo ganho 844 votos e aumentando a sua vantagem para 131! Segundo, experimentaram convencer os
membros do colégio eleitoral a quebrarem o seu dever para com os cidadãos dos
seus Estados, a desobedecerem, a «revoltarem-se», atribuindo os seus votos não
a Trump mas sim a outra pessoa; neste «golpe» (algum)as «estrelas de Hollywood», uma vez mais dando mostras de sobrestimarem a sua influência, destacaram-se pelo seu «activismo», a que não faltou, inclusive, «selfies» à luz de velas. E o que aconteceu? O candidato republicano perdeu dois eleitores…
mas a candidata democrata perdeu cinco (dos quais três para Colin Powell!), e
poderiam ter sido oito, não fossem as regras no Colorado, no Maine e no
Minnesota imporem a substituição dos «infiéis» e/ou a anulação das suas
decisões. Ou seja, também a este nível o magnata de Nova Iorque acabou por
aumentar a vantagem para a ex-senadora de Nova Iorque – foram 304-227 em vez de
306-232! Nem a promessa feita por Michael Moore de que pagaria as multas aos
«faltosos» foi suficiente, e não é de esperar que a sua generosidade se estenda
aos que, como Michael Baca, negaram o seu voto a Hillary. Esta terá «colhido a tempestade» que resultou do «vento que semeou»: recorde-se que ela classificou de «ameaça directa à nossa democracia» a recusa de Trump, expressa num dos debates, em afirmar antecipadamente que aceitaria incondicionalmente o resultado da eleição - mais precisamente, se tal significasse a sua derrota.
Seria
de esperar que pessoas normais, depois de tantas humilhações, de tanto ridículo,
de tantos «tiros a sair pela culatra», decidissem parar para pensar, poupar nas
palavras e nos actos, enfim, mudar de atitude… mas os «burros»
norte-americanos, como tenho demonstrado nestes últimos quase oito anos, não
são pessoas normais. Como se já não tivessem o suficiente para se «entreterem»,
resolveram convencer-se de que russos – a mando de Vladimir Putin, obviamente - haviam interferido («hacked») as eleições a favor de Donald Trump, apesar de
nenhuma prova e nenhum raciocínio (lógico) sustentar essa acusação – e, não,
insinuações vindas de fontes anónimas alegando serem do FBI e da CIA nunca
substituem declarações oficiais daquelas agências. Não deixa de ser irónico ver
os mesmos democratas que, em 2012, gozaram com Mitt Romney por este afirmar que
era em Moscovo que estava o maior rival geoestratégico da América, ficarem
histéricos em 2016 perante alegados ataques lançados a partir da Praça
Vermelha. E no passado os «azuis» até mostraram estar receptivos a ajudas dos «vermelhos» da (ex-)União Soviética… Nada mais há para fazer além de rir quando,
neste assunto, Hillary Clinton (revelando ser ela quem é «sore looser», e não DJT), John Podesta – cuja irresponsabilidade foi o que permitiu
a apropriação e a divulgação das mensagens electrónicas da DNC pelo WikiLeaks – e o próprio Barack Obama são desmentidos por Loretta Lynch.
As
«prendas» relativas ao «Natal» antecipado, a 8 do 11, nos EUA, não são,
todavia, exclusivamente «fabricadas» lá. Cá também há algumas… como a ignorância e a insegurança de alguém que, como já referi, decidiu apostar prematuramente
no «cavalo» errado – ou, mais correctamente, na «égua» errada – e agora está um
pouco «à nora». Na verdade, quem faz – escreve e publica – um livro em que se
afirma que Hillary Clinton vai ser presidente não tem propriamente muita
autoridade e credibilidade para vir agora dizer que Donald Trump «está a optar por escolhas extremadas e perturbadoras», e que «Rex Tillerson para chefe da diplomacia é uma ofensa ao cargo de Secretário de Estado. A proximidade com Putin é assustadora». Sim, o
ainda CEO da Exxon Mobil é tão «assustador» e tão «ofensivo» que o casal Clinton considerou convidá-lo para discursar num dos eventos da fundação homónima! E a
sua proximidade com Vladimir não será mais assustadora do que a manifestada por
Barack Obama, que, recorde-se, prometeu ao actual senhor do Kremlin maior «flexibilidade»
no segundo mandato… terá isto sido confundido com autorização para cometer
«interferências informáticas»? Sim, talvez pudesse comprar o novo livro de
Germano Almeida para oferecê-la nesta quadra festiva – parece ser uma notável obra de
humor, apta a proporcionar umas boas gargalhadas, e no passado dia 20 lá se fez, desta vez no Porto, mais uma (desesperada) tentativa para simular a sua
relevância e vender mais uns exemplares. Contudo, porque está impressa
segundo o abominável AO90… irei gastar o meu dinheiro noutras coisas.
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