(Uma adenda no final deste texto.)
Em Janeiro de 2009, no meu artigo «As verdades e as mentiras sobre George W. Bush», publicado no Diário Digital, e que constituiu aliás o tema do meu primeiro post aqui no Obamatório, tentei fazer um resumo razoavelmente rigoroso dos dois mandatos do 43º presidente dos EUA, servindo também como reacção aos balanços extremamente negativos e até insultuosos que então se faziam (e continuam a fazer). Um dos pontos fulcrais da presidência do filho do Nº 41 esteve numa grande catástrofe natural, e a reacção da sua administração a ela…
Em Janeiro de 2009, no meu artigo «As verdades e as mentiras sobre George W. Bush», publicado no Diário Digital, e que constituiu aliás o tema do meu primeiro post aqui no Obamatório, tentei fazer um resumo razoavelmente rigoroso dos dois mandatos do 43º presidente dos EUA, servindo também como reacção aos balanços extremamente negativos e até insultuosos que então se faziam (e continuam a fazer). Um dos pontos fulcrais da presidência do filho do Nº 41 esteve numa grande catástrofe natural, e a reacção da sua administração a ela…
…
E foi assim que eu a analisei: «A terceira
grande “cruz” de George W. Bush foi a devastação causada pelo furacão Katrina
em 2005 no sul do seu país, muito em especial no estado do Louisiana e na sua
cidade mais importante, Nova Orleães. E se ele não foi culpado pelo furacão
propriamente dito (e daí, quem sabe...) foi culpado pela deficiente manutenção
dos diques que defendem a capital do jazz das águas e pela tardia e
insuficiente assistência prestada aos sobreviventes. Certo? Errado! Em muitos
países, e incluindo Portugal, não se tem a percepção de como a organização do
poder político e administrativo nos Estados Unidos é diferente. No nosso país
qualquer desastre de menor dimensão pode suscitar a intervenção do governo
central, de ministros ou até do primeiro-ministro. Mas não nos EUA: lá os
primeiros responsáveis são os governos dos diferentes estados – que, é preciso
não esquecer, são autónomos ao ponto de terem também os seus próprios parlamentos
e legislação. E o Louisiana é um estado que durante muitos anos, décadas, foi
quase sempre governado por democratas – em quase 150 anos só houve três
governadores republicanos, incluindo o actual, Piyush “Bobby” Jindal (de
ascendência indiana!). Aquando do Katrina era Kathleen Blanco, uma democrata,
que ocupava o cargo. E tão “irritados” estavam os habitantes da Louisiana com
Bush que foram logo a seguir eleger um seu colega de partido! Reformularam-se e
reconstruíram-se as infra-estruturas, reorganizaram-se os serviços, em suma,
fez-se uma melhor preparação. Em 2008 outro furacão, o Gustav, praticamente tão
potente como o Katrina, atingiu o Louisiana e Nova Orleães; todavia, houve
poucas e pequenas inundações e a zona ficou quase incólume.»
Onze anos
depois, em meados de Agosto, aquele Estado voltou a ser uma vítima da Natureza:
chuvas torrenciais causaram graves inundações em várias zonas daquele, as
piores desde o Katrina. Em curiosa coincidência, o governador é novamente um
democrata – John Bel Edwards, que sucedeu a Bobby Jindal. Porém, o presidente é
agora também um «burro» e isso pode explicar porque, desta vez, (grande parte
d)a comunicação social, comentadores, observadores, artistas como Kanye West,
não o criticaram e condenaram, por não ter ido de imediato visitar o Louisiana,
como criticaram e condenaram George W. Bush por se ter «atrasado» a fazer o
mesmo – o 43 foi lá três dias depois do desastre, e na véspera suspendera as
suas férias e regressara a Washington devido ao mesmo assunto. Barack Obama só
chegou 11 dias depois, a 23 de Agosto último. Antes, não fez sobre a calamidade
qualquer declaração oficial enquanto continuava a gozar as suas férias em
Martha’s Vineyard, jogando golfe e realizando angariações de fundos.
Prioridades muito mais importantes, pelo que é favor não incomodar! Uma vez
mais, o presidente Obama não esteve em sintonia com o senador Obama, que em
2005 acusou o seu antecessor de não estar à… altura do acontecimento; em 2016,
isso não é um problema porque o seu camarada Edwards lhe disse para esperar!
Até Donald Trump se mostrou mais presidenciável do que o Sr. Hussein… e Hillary
Clinton, pois deslocou-se antes deles (aliás, ela ainda não foi) ao «Bayou
Country», uma semana depois do início das inundações; nem o governador negou a utilidade da presença do candidato.
Sim,
Donald Trump e Barack Obama são muito «diferentes», e o actual presidente já o
salientou por mais de uma vez. Na convenção do Partido Democrata, realizada em
Filadélfia em finais de Julho, o Nº 44, para atacar o nomeado do Partido
Republicano e marcar a diferença, não encontrou melhor – e, na verdade, não há
melhor – do que utilizar e enaltecer alguns dos conceitos que são caros aos (verdadeiros) conservadores. Por outras palavras, ao dizer mal de Trump estava
também, na prática, a dizer mal dele próprio, e do que tem feito há quase oito
anos … Antes, em Maio, e no que terá sido talvez o maior caso de falta de
«self-awareness» alguma vez registado, o Sr. Hussein achou apropriado
esclarecer o milionário feito político que a presidência é realmente um «trabalho sério», não é «entretenimento» e não é um «reality show». Mais uma
vez, é caso para dizer… olha quem fala! Aquele que já se filmou usando um
«selfie stick», que já deu entrevistas a pessoas que tomam banho em guloseimas,
e que tornou a Casa Branca, mais do que qualquer outro antes dele, numa casa de espectáculos – o que, diga-se, e comparado com outros, mais graves,
«obamadorismos», não é o pior, nem mesmo mau. E que foi filmado a brincar com um cão de peluche e a recitar os nomes dos personagens mortos de «Jogo de Tronos»,
e a falar com Anthony Bourdain durante uma refeição num restaurante vietnamita… no Vietnam. Que «diferença», que «distância» para com «O Aprendiz». Sim, BHO «sabe»
tudo o que há a saber sobre a dignidade do cargo que ainda ocupa…
…
Que é o de aproveitá-lo para, sempre que possível, descansar e, mais, distrair-se
e divertir-se. E tentar não levar tudo demasiado a sério: por isso é que (aparentemente)
não se incomodou por, no passado fim-de-semana, os chineses o terem desrespeitado ao chegar a Pequim para participar na cimeira dos G20. Afinal, uma
pequena humilhação que se desculpa por a China (aparentemente) ir assinar o acordo climático de Paris, assim se juntando ao «resto do Mundo» no combate às «alterações
climáticas», essa «maior» ameaça ao planeta que (em Maio último) se podia ver «a acontecerem agora mesmo» - claro que sim, era o tempo a aquecer, a Primavera a
tornar-se Verão… É certo que há o «pequeno» pormenor de Barack Obama pretender
assinar o mesmo acordo sem a devida, obrigatória, autorização do Congresso, mas
que importância têm esse e outros formalismos quando «está em causa» o futuro
de toda a Humanidade? É favor não incomodar igualmente com isso. E, já agora,
qual é o problema de gastar – repetidamente – milhares de litros de combustível para avião quando se alega defender o ambiente? Afinal, ninguém quer que a –
repetidamente – prevista mas nunca concretizada submersão de Nova Iorque
aconteça… lá se iam as sedes e as redacções de tantas empresas de comunicação amigas dos democratas…
(Adenda – Em viagem pelo estrangeiro, e, mais concretamente, no Laos, Barack Obama voltou a fazer aquilo que já fez várias vezes: criticou o seu país e os seus compatriotas. Estes, desta vez, foram caracterizados como «preguiçosos», e um deles, o candidato do Partido Republicano, foi por ele considerado alguém não qualificado para ser presidente, também por ter «ideias maradas» («wacky ideas») – assim contrariando, uma vez mais, uma posição do senador Obama, que, em 2008, condenara George W. Bush por fazer declarações sobre política interna durante uma visita a Israel. Pois, o «H» em BHO tanto é de Hussein como de hipocrisia...)
(Adenda – Em viagem pelo estrangeiro, e, mais concretamente, no Laos, Barack Obama voltou a fazer aquilo que já fez várias vezes: criticou o seu país e os seus compatriotas. Estes, desta vez, foram caracterizados como «preguiçosos», e um deles, o candidato do Partido Republicano, foi por ele considerado alguém não qualificado para ser presidente, também por ter «ideias maradas» («wacky ideas») – assim contrariando, uma vez mais, uma posição do senador Obama, que, em 2008, condenara George W. Bush por fazer declarações sobre política interna durante uma visita a Israel. Pois, o «H» em BHO tanto é de Hussein como de hipocrisia...)
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