Um
só facto seria suficiente para não dar qualquer atenção e importância (ou, pelo
menos, para não perder horas de sono assistindo em directo à cerimónia d)à 85ª
cerimónia de entrega dos Óscares, realizada ontem em Los Angeles: a total
ausência nas nomeações – nem uma só! – do melhor filme de 2012, «O Cavaleiro Negro Ergue-se». Outra ausência indesculpável, também por motivos de
«mensagem», ideológicos, políticos (isto é, por ser um filme mais à direita do
que a «tolerante» Hollywood tolera), mas esta mais previsível, foi a de «2016 - A América de Obama», que foi «apenas» o documentário que mais dinheiro fez nas
bilheteiras no ano passado; Ou seja: falácias filmadas como «Uma Verdade
Inconveniente» e «Fahrenheit 9/11» terão sempre mais hipóteses de serem
seleccionadas e galardoadas.
Quanto
ao espectáculo propriamente dito, e apesar das aparentes mudanças, novidades e variações
introduzidas todos os anos, acabou por ser a «treta» do costume, uma «seca» monumental. Que não terá sido inteiramente compensada pelo apresentador, Seth MacFarlane,
que se excedeu em piadas misóginas – um esquerdista é (quase) sempre um sexista
- e atingiu um ponto baixo com outra sobre Abraham Lincoln. Em poucas palavras,
imaturidade e mau gosto, que foram do desagrado, imagine-se, até de Debbie Wasserman-Schultz! Porém, o ponto mais baixo da noite, o momento mesmo mau,
acabou por ser a aparição de Michelle Obama em directo de Washington, para anunciar
o último Óscar da noite, para melhor filme, atribuído a «Argo» - sem dúvida o favorito
da Casa Branca, pois John Kerry já havia desejado boa sorte a Ben Affleck. Até os
jornalistas do entretenimento estacionados na Califórnia, que mais liberais não
podem ser, mostraram desagrado face a este excesso (mais um) de cumplicidade entre
a «primeira família» e as gentes do cinema, entre a política («progressista») e
o entretenimento. Soube-se depois que tinha sido Harvey Weinstein, grande
apoiante de Barack Obama (e mais um judeu que não se incomoda com a atitude
demasiado permissiva da actual administração em relação ao Islão), a organizar
esta manobra, provavelmente também como forma de promover o filme de que é
produtor («Guia Para um Final Feliz»), e na qual terá contado com a colaboração da operativa democrata – e mentirosa impenitente – Stephanie Cutter.
«Zero
Escuridão Trinta», ao início um favorito ao triunfo final, acabou por ser prejudicado pela «acusação» – o «horror»! – de que dá a entender que as
técnicas de interrogatório reforçado (waterboarding) podem ter ajudado a
localizar e a eliminar Osama Bin Laden; e nem pensar em elogiar, em valorizar,
mesmo que indirecta e remotamente, George W. Bush, logo… nada feito, ou quase –
só um Óscar, na categoria de edição de som. Mas entre tanta decepção sob as
luzes e as câmaras, um aspecto positivo: nem Steven Spielberg nem Tony Kushner
ganharam uma estatueta dourada enquanto, respectivamente, realizador e argumentista
de «Lincoln» - este proporcionou, contudo, prémios a Daniel Day-Lewis (melhor
actor) e a Jim Erickson e a Rick Carter (desenho de produção). E porquê? Porque
apoiantes de um partido racista não merecem fazer um filme sobre o homem que
aboliu a escravatura nos EUA, quanto mais serem distinguidos por ele. Kushner,
em especial, pelo que é, pelo que pensa e pelo que diz, mostrou ser uma pessoa particularmente desprezível e indigna de respeito. E incompetente: a película mostra os então representantes
do Connecticut a votarem contra a 13ª Emenda, o que na realidade não aconteceu.
Já se sabe, e já se espera, que Hollywood tome algumas liberdades com a
História… mas convém não abusar e não exagerar.
2 comentários:
Seu texto está muito confuso e seus links nada dizem para a maioria dos leitores.
Trabalhe mais.
«Confuso»... porquê? E quem é que o tornou porta-voz da «maioria dos leitores»?
Trabalhe você: escreva um texto sobre o mesmo assunto se pensa que é capaz de fazer mais e melhor.
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