«Vai arrepender-se disto!» Sim, Bob Woodward a ser ameaçado (foi o que aconteceu,
apesar de ele não ter utilizado a palavra), intimidado, por Gene Sperling, um
«conselheiro» (consigliere?) de Barack Obama é grave, mas é, antes de mais,
ridículo: será que o presidente e os seus «capangas» não sabem quem ele é, o que já fez e o que é capaz de fazer, o que representa? Porém, tal não
surpreende numa administração norte-americana que já excedeu todos os
anteriores limites de incompetência e de insolência; eles já mostraram que são
capazes de tudo. E «avisar» o histórico, lendário (e liberal) jornalista do Washington
Post para não os contrariar nem é o pior que a Casa Branca e os seus «anexos»
fizeram recentemente.
Bob
Woodward limitou-se, afinal, a revelar e a reafirmar a verdade: que a
«sequestração» - isto é, cortes obrigatórios em programas (despesas) federais –
que entrou em vigor ontem e que Barack Obama descreveu nas últimas semanas como
uma catástrofe quase apocalíptica (que não é) cuja culpa – claro! – seria do
Partido Republicano, afinal resultou de uma ideia, de uma proposta… dele próprio e da sua equipa! O actual presidente a mentir e a não assumir as suas
(ir)responsabilidades? Que «surpresa»! Mais, aqueles cortes não serão mais do que 85 biliões de dólares de um total de 3,6 triliões no primeiro ano, e, em vez de serem
aleatórios como os democratas apregoam, podem ser escolhidos e aplicados pelas entidades públicas de forma a atenuar, a diminuir, os seus eventuais efeitos prejudiciais. No entanto, os factos não interessam de todo a quem está apostado
em criar e em manter um ambiente permanente de confronto e de medo. Para quem
está constantemente a acusar os adversários políticos de tomarem os americanos
como «reféns» e de exigirem «resgates», ou seja, de os… sequestrar, não deixa
de ser irónico que finalmente seja revelado e provado «para além de uma dúvida
razoável» quem está, de facto, a «apontar uma arma à cabeça» dos norte-americanos,
em especial dos contribuintes: aqueles que se recusam a reconhecer, a começar por Obama, que os EUA têm um – assustador – spending problem. Há «males que vêm por bem», e talvez esta
sequestração, este «pequeno» corte acabe por representar o início de uma inevitável
e indispensável desaceleração, e de uma diminuição, dos gastos públicos que
atingiram no primeiro mandato de Obama valores absolutamente inacreditáveis e
insustentáveis.
Entretanto,
quem não alinha na narrativa da Casa Branca, quem confronta a «versão oficial»…
tem problemas; «quem se mete com o PD… leva!» E já é não só a Fox News a ser
colocada em «ponto de mira». Para além de Bob Woodward, outros «alvos»
inesperados vieram nos últimos dias denunciar coacções de que foram vítimas:
Ron Fournier, director editorial do National Journal; Lanny Davis, democrata
que foi conselheiro de Bill Clinton, enquanto colunista do Washington Times; Jonathan Alter, ex-editor da Newsweek. Nenhum deles pode ser considerado um conservador
right winger, muito pelo contrário… E não surpreende que existam muitos «jornalistas»
que, obedientes ao seu «dono», preferem usar a sua «voz» para duvidar e até troçar das alegações de Woodward, e de outros… enfim, não têm a coragem, as
qualidades, do co-autor de «All the President’s Men». Justificam o incidente
com o facto de todas as administrações terem tido episódios de confrontação com
a imprensa. Mas então… não era suposto Barack Obama ser diferente (para
melhor)? Não foi com base nisso que ele concorreu e venceu?
Esta
administração já não se restringe a acusar tudo e todos excepto si própria, a
desperdiçar (tempo e dinheiro), a mentir descaradamente… agora já está igualmente disponível para se deixar corromper abertamente. Prova disso é a revelação de que a
Organizing for America, a nova forma institucional do movimento de campanha de
Barack Obama, está a vender acesso ao Sr. Hussein, encontros trimestrais com o
presidente, a doadores que despendam pelo menos 500 mil dólares. Deve ser este
o montante da tantas vezes mencionada «fair share». Não é novidade esta
predilecção selectiva pelo «vil metal»: os «milionários» só são os «maus da
fita» quando não dão dinheiro a democratas. E percebe-se melhor a revelação que
Al Sharpton fez de algo que o Nº 44 lhe disse: «(ainda) não consegui tudo o que quero dos ricos». Palavras de um comunista, como suspeita Harry C. Alford, CEO da Black Chamber of Commerce que votou em BHO em 2008 (mas não em 2012)?
Provavelmente, não; é mais de um extorsionista de Chicago.
Patrick
Caddell, outra figura insuspeita (é democrata e foi conselheiro de Jimmy
Carter), não tem dúvidas e escreve preto no branco: «Obama é a coisa mais próxima de Nixon que vimos nos últimos 40 anos». É evidente que essa
proximidade é aos (baixos) níveis da paranóia, da conflitualidade, da
indiferença em practicar acções ética e legalmente condenáveis. Porque, ao
nível das realizações, as diferenças – a favor do Nº 37, cujo centenário do nascimento se assinala este ano – são enormes. Entre outras, Richard Nixon, bem
ou mal, teve de terminar, e terminou, o envolvimento dos EUA no Vietnam
iniciado por John Kennedy e continuado por Lyndon Johnson; deu seguimento, e
conclusão, ao programa Apolo de viagens à Lua iniciado por Kennedy e continuado
por Johnson; criou a Environmental Protection Agency; e fez a viagem à China continental,
reconhecendo o regime de Pequim e Mao-Tse-Tung, o que representou uma
transformação fundamental nas relações internacionais e na ordem mundial. E
quando, ainda por cima, Bob Woodward, um dos homens que desencadeou o caso
Watergate que levaria à renúncia de «Tricky Dicky», se vê envolvido, é impossível não ver o paralelismo, não aceitar o prenúncio… de que a História se
pode repetir, mas agora em sentido – partidário – inverso.
Enfim,
a lista de motivos para uma impugnação – ou para uma demissão – está cada vez
maior. A 18 de Novembro escrevi aqui: «Quem acredita em “movimentos cíclicos”
na política, quem acredita que 2012 foi uma repetição “ao contrário” de 2004,
então tem de aceitar que 2014 vai ser igualmente uma repetição “ao contrário”
de 2006, e 2016 uma repetição “ao contrário” de 2008… Contudo, quem sabe se, a
curto ou médio prazo, 2012 não acabará por parecer-se mais com… 1972?» E,
consequentemente, quem sabe se, a curto ou médio prazo, 2014 não acabará por
parecer-se mais com… 1974?
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