Hoje o Obamatório assinala dez anos de
existência. Uma ocasião para celebrar? Nem por isso, não necessariamente. Após
uma década de um enorme e continuado esforço de atenção, de reflexão e de
elaboração para/sobre/de textos relativamente à politica e à sociedade dos
Estados Unidos da América, durante a qual – julgo que é pertinente e relevante
sublinhar – nunca um só mês ficou «em branco» (ou negro, dada a cor de fundo
deste blog), ou seja, sem pelo menos uma nova entrada, desde 20 de Janeiro de 2009, as sensações que mais registo neste dia (e que, aliás, não são apenas de
agora) são de cansaço e de fracasso. Tecnicamente, «oficialmente», formalmente,
este espaço inicia igualmente hoje o seu décimo primeiro ano de funcionamento,
mas de momento não tenho a certeza de que tal ocorrerá, pelo menos nos mesmos moldes
em que tem acontecido até agora.
Criado para combater e, se possível, diminuir,
inverter em Portugal (mas não só) os crónicos preconceitos e a insistente
desinformação sobre os confrontos partidários nos EUA, características
infelizmente constantes de quase toda a comunicação social nacional, e que se
podem resumir, muito simplisticamente, em «republicanos maus, democratas bons»,
há que admitir, com toda a honestidade, que o Obamatório falhou nesta sua
missão. Durante os (longos) oito anos dos dois mandatos da presidência de
Barack Obama não tiveram «ecos» nos principais jornais e revistas, e estações
de rádio e de televisão, as denúncias que aqui regularmente ia fazendo dos
diversos casos de incompetência e até criminalidade de que a administração do
Nº 44 ia dando provas – aliás, e de certa maneira, as palavras e os actos do
Sr. Hussein, dos membros da sua equipa e dos «burros» em geral poucas menções
mereciam por parte dos media deste país. Pelo contrário, após a eleição e a
tomada de posse de Donald Trump nunca mais faltaram os comentários enviesados e
mesmo insultuosos e as notícias descontextualizadas e mesmo falsas em relação a
tudo, ou quase, que o Nº 45 preconiza, propõe e pratica, como que emulando o que acontece lá. O exemplo mais
recente é a alegação de que DJT teria ordenado ao seu ex- advogado para mentir
na investigação ao alegado (enfim, imaginário) «conluio» com os russos, que foi
desmentido em comunicado do próprio gabinete de Robert Mueller, no que
constituiu uma surpreendente, porque algo rara, intervenção pública daquele! E
volto a salientar que o que acontece actualmente com Trump não é inédito:
embora seja exacerbada pela sua personalidade belicosa – porém, e
invariavelmente, ele limita-se a responder aos ataques de que é alvo – e pelo
«choque» que os esquerdistas ainda sentem, mais de dois anos depois, pela
derrota de Hillary Clinton, a cada vez mais absurda e ridícula – e
frequentemente violenta, verbal e literalmente – campanha de destruição que
contra ele é movida replica, no que tem de fundamental, as que foram conduzidas
contra Ronald Reagan e contra os George Bush pai e filho.
Porque hoje é igualmente o dia em que Donald Trump celebra o segundo aniversário do início do seu (primeiro?) mandato e,
logo, a exacta metade daquele, é de esperar que, infelizmente, a partir de
agora a muito patética «resistência» à sua presidência se intensifique e que a
(incurável) loucura «progressista» se agrave até à eleição de 2020. Tal foi, e
continua a ser, a minha previsão, e no outro lado do Atlântico comentadores
como Dennis Prager são da mesma opinião. Para o comprovar nada mais é
necessário do que verificar o que os democratas fizeram, ou anunciaram fazer, assim
que retomaram, no inicío deste mês, o controlo (não do Congresso como no Público erradamente se escreveu mas sim) da Casa. Após a reeleição, sublinhada
por elogios – isto é, por mentiras – hilariantes, típicas do culto da(s)
personalidade(s) em que a «sinistra» é pródiga, da cada vez mais caquética e
contraditória Nancy Pelosi para speaker, alguns dos seus camaradas não perderam
tempo e avançaram com algumas propostas verdadeiramente «úteis» e «viáveis», tais
como a impugnação de Trump, a eliminação do colégio eleitoral e a substituição de
um subcomité sobre terrorismo por outro sobre (contra) DJT. Entretanto, o
shutdown do governo federal mantém-se, apenas porque o PD não quer agora fazer
aquilo com que há poucos anos concordava – precisamente, construir, ao longo de
toda a fronteira com o México (porque há locais que já a têm), uma muralha contra a imigração ilegal e o tráfico de pessoas e de drogas que habitualmente lhe está associada.
Em Portugal, e nos incompetentes e preguiçosos
órgãos de propaganda que se fazem passar por profissionais e reputadas
entidades jornalísticas, o recrudescimento da desinformação também se
deverá fazer sentir. E num ambiente que está «inquinado» logo à partida, num
«jogo» em que os «dados» estão «viciados», ou em que nem todos os «jogadores»
têm, pura e simplesmente, oportunidade de «jogar», é infelizmente «normal» e
até previsível que uns continuem a ser beneficiados e outros continuem a ser
prejudicados. Há aquele que tem presença regular nas três principais estações
de televisão nacionais (e em várias de rádio), que publica artigos nos
sítios de duas delas, que publica (quatro) livros, sendo um deles (o terceiro) o resultado de uma fantasia, que neste fim-de-semana tem no caderno principal do
Expresso um artigo de duas páginas, sempre disseminando omissões, mentiras e
manipulações. E há aquele que já foi, comprovadamente, alvo de censura e de
discriminação não uma mas sim duas vezes, e que não consegue publicar um livro
baseado em textos saídos neste blog – embora, na verdade, tenha outros que
também não consegue publicar…
Uma última, mas a mais importante, mensagem
que hoje aqui deixo é para os que, nestes últimos dez anos, mais ou menos
regularmente, visitaram, leram e divulgaram o Obamatório, ocasionalmente
deixando também os seus comentários: muito, muito obrigado pela atenção, pelo
interesse, e, sim, pelo encorajamento. Foi por vossa causa que, apesar de por
vezes pensar em desistir, nunca o fiz. Todavia, a minha «resistência» também
tem limites.
2 comentários:
É uma despedida?
Talvez, caro LdG, talvez... Digamos que, actualmente, o que me sobra em material falta-me em motivação...
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