Em política – e não
só nos EUA – uma das questões perenes é a de saber como abordar a presença e a
eventual influência da família dos políticos e, em especial dos cônjuges.
Havendo nesta actividade, como se sabe, ainda mais homens do que mulheres, é
então sobre namoradas, esposas, companheiras de deputados (senadores,
representantes), governadores… e presidentes que as atenções mais recaem. E
afirmar que a elas caberá sempre uma posição secundária já não tem fundamento
quando se vê qual foi o percurso de Hillary Clinton depois de ter sido
primeira-dama do Arkansas e, depois, do país: senadora, candidata à
presidência, secretária de Estado e, novamente candidata à presidência… e, desta vez, nomeada pelo seu partido.
Em relação a Michelle
Obama já há quem queira «empurrá-la» para outros «voos» depois de o marido
deixar a Casa Branca em Janeiro do próximo ano. Há que admiti-lo: comparada com
Hillary Clinton e até com o próprio marido, ela não tem um passado repleto de
«esqueletos no armário», de associações suspeitas ou mesmo criminosas, de
afirmações incoerentes, insultuosas e mesmo incendiárias, não faz da mentira
uma prática quase permanente. O que não quer dizer, evidentemente, que não
tenha estado envolvida em algumas controvérsias desde que entrou no Nº 1600 da
Avenida da Pensilvânia em Washington. Segue-se uma breve súmula das mesmas no
último ano…
… Das quais há a
destacar antes de mais as duas vezes – uma numa cerimónia de formatura
universitária, outra na recente convenção do Partido Democrata – em que ela
disse que (desde 2009) «todos os dias acordo numa casa construída por escravos»… o que não é exactamente verdade, porque na Casa Branca trabalharam homens livres, e de outras etnias para além da africana. Mas porquê estragar as
ilusões da ideologia (e a rescrita da História) com as evidências da realidade?
E questionar as viagens e as visitas que a primeira-dama faz, em especial
algumas que levanta(ria)m dúvidas legítimas devido ao custo ou até mesmo quanto
ao local propriamente dito? Afinal, é mais fácil e mais «fofinho», tanto para
jornalistas desonestos como para espectadores manipuláveis, ficar-se
«derretido» com a presença de Michelle Obama num programa de «late night comedy»
numa sessão de karaoke no carro com o apresentador daquele; e em que a artista
mais cantada, mais elogiada, é Beyonce, que está longe de ser um bom exemplo
mas que, em Portugal, é também vista por alguns como uma voz contra a violência
quando, na verdade, está na prática a incitá-la.
A «missão» em que,
porém, a primeira-dama mais se tem empenhado no seu «mandato» é o combate à
obesidade nas escolas entre os jovens norte-americanos, através de uma
iniciativa designada «Let’s Move». No entanto, aquilo que mais se tem… movido neste
caso – como em tudo em que a esquerda se mete – é o Estado, a pressão e o poder
da burocracia, do governo federal, que se traduz invariavelmente numa
diminuição da liberdade (e da capacidade) de escolha. Na tentativa de imposição
de uma «alimentação saudável» e da eliminação de «junk food», até biscoitos e sumos
podem ser proibidos! O que explica a resistência de muitos dos «interessados, tanto
alunos como professores e administradores dos estabelecimentos de ensino
(públicos) abrangidos, que podem ver os seus financiamentos reduzidos ou mesmo retirados,
e até a serem alvo de multas (!) caso se recusem a seguir as directrizes (ou doutrinas)
nutritivas «progressistas»; houve quem não se deixasse intimidar e decidisse por se libertar desta «ditadura do palato». Todavia, e o que não surpreende, a
campanha terá falhado em emagrecer… convenientemente os alunos, e havia indicações
de que o Congresso poderia estar a preparar-se, enfim, para terminar mais esta experiência social esquerdista. É pois de admirar que ela não queira que se divulgue no Twitter o que foi o almoço depois das aulas?
Para descanso das
mentes… e do metabolismo de muitos, já faltam só cinco meses para os Obama saírem.
Barack até que estaria disponível para um terceiro termo, se não fosse a
Constituição «e, mais importante, a Michelle, proibirem-no». Já não existiam
muitas dúvidas, mas fica assim confirmado que quem manda é ela.
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