domingo, 8 de novembro de 2015

Atirar m*rd* às «paredes»

(Uma adenda no final deste texto.)
Sim, o «debate» entre os candidatos republicanos realizado na CNBC no passado dia 28 de Outubro foi uma vergonha, foi escandaloso e degradante… não por causa daqueles mas sim dos «moderadores» que de moderados nada tiveram; e que confirmaram – como se tal fosse ainda necessário – que a maior parte dos «jornalistas» nos principais órgãos de comunicação social dos EUA mais não são do que activistas do Partido Democrata que manobram a coberto de uma suposta «objectividade». O comportamento dos três «jornalistas» foi de tal modo insultuoso que Ted Cruz, como que emulando o que Newt Gingrich fez há quatro anos, denunciou o que se estava a passar, assim dando um «mote» que Marco Rubio e Chris Christie também «glosaram». Na NBC não se preocuparam muito em defender os seus funcionários das acusações que lhes foram dirigidas – se não de preconceito, pelo menos de incompetência – e, mesmo que o fizessem, não surtiria grande efeito dado que o presidente da companhia organizou depois um evento de angariação de fundos para Hillary Clinton
Sim, o que aconteceu há quase duas semanas foi um «espectáculo de m*rd*» (de «proporções épicas»), mas esta, e não tanto apenas «barro», tem sido como que atirada às «paredes» dos candidatos do GOP – para verem se alguma «pega», fica «colada» (yuk!) – desde que anunciaram que estavam na corrida. Evidentemente, a uns mais do que a outros, dependendo de quanto são considerados, em dado momento, uma ameaça ao que for o – ou «a» - nomeado(a) democrata. E, obviamente, seguindo uma tendência que dura há décadas e que atinge logicamente o seu apogeu quando é escolhido o nomeado pelo Partido Republicano. Sim, vários dos (piores) ataques aos «elefantes» são feitos a partir dos opositores «burros» e das suas equipas de campanha, mas outros são iniciativas da imprensa «isenta» em nome de um «vetting» (investigação, comprovação) «rigoroso». Exemplos não faltam, e nas anteriores votações presidenciais é de destacar, em 2012, o suposto bullying exercido sobre Mitt Romney sobre um colega de liceu «revelado» pelo Washington Post, e, em 2008, o «adultério» de John McCain «revelado» pelo New York Times. Aliás, há que não esquecer, como demonstração definitiva da perversidade de muitos «repórteres», a criação e actuação, há quase oito anos, do «colectivo» denominado «Journolist», em que muitos daqueles, favoráveis a Barack Obama, coordenavam – e, de facto, conspiravam – a edição e a divulgação das suas peças de modo a contribuírem para a eleição do então senador do Illinois.   
Neste mais recente ciclo eleitoral, Scott Walker foi, até desistir da corrida, um dos mais visados – mas não seriamente atingido – pelos «disparos» mediáticos vindos de, entre outros, «profissionais» da PBS, New Yorker, Political Wire, Daily Beast, New York Times, Politifact e Politico; os alvos incluíam o (supostamente inexistente) conhecimento de política externa por parte do governador do Wisconsin, a sua fé religiosa, despedimentos de professores de que ele teria sido responsável (não foi), a compra de roupa (!) e, mais grave, uma alegada eliminação intencional (inexistente) de estatísticas sobre violações naquele Estado. Outros candidatos-governadores (actuais ou ex) a estarem nas miras (pouco precisas) dos media: Bobby Jindal, vítima de insinuações racistas vindas de MSNBC, Vox e Washington Post; e Jeb Bush, cuja esposa Columba foi tema de uma reportagem no Washington Post e, mais especificamente, os seus elevados gastos em jóias e em roupas feitos… há 15 anos (compare-se o tratamento dado pelo WP a Michelle Obama no início da campanha do seu marido). E não se deve esquecer a prolongada, cerrada, campanha contra Chris Christie a propósito do seu suposto envolvimento no escândalo dito «Bridgegate», cujo «veredicto» - a ilibação do governador de Nova Jersey de todas e quaisquer ilegalidades – mereceu muito menos espaço e tempo do que a «acusação».
Quanto aos candidatos-senadores, Marco Rubio é, sem dúvida, o mais regularmente «agredido» por pouco consistentes – e ridículos – casos. Da Associated Press, ESPN, New York Times, Politico, Washington Post, vieram: «verificações de factos» relativas ao passado… e ao futuro; dúvidas quanto à sua capacidade enquanto adulto resultantes da sua credulidade enquanto criança; investigações «aprofundadas» sobre as multas de trânsito do candidato e da esposa (17 em 18 anos, sendo quatro dele) que, porém, não se estenderam às de Barack Obama (pagou as suas 17 anos depois, em 2007); relatos que prometiam ser «explosivos» - mas que apenas tinham «pólvora» seca – sobre a sua situação financeira em geral, dada (falsamente) por alguns como sendo difícil e até mesmo de pré-insolvência, e sobre, em particular, a aquisição de um «luxuoso» barco e a utilização de um cartão de crédito atribuído pelo GOP. Ted Cruz também tem tido a sua quota-parte de faltas de respeito: na Bloomberg exigiram que demonstrasse a sua herança hispânica; na Associated Press «apontaram-lhe» uma arma à cabeça; e o New York Times recusou-se durante algum tempo a incluir o novo livro do senador do Texas, «A Time for Truth», na sua lista dos mais vendidos dando como motivo supostas aquisições irregulares daquele… que nunca demonstrou. E que dizer da «sondagem» (muito pouco fiável) feita por NBC, Telemundo e Wall Street Journal junto do eleitorado latino que «convenientemente» deixou de fora… os únicos candidatos latinos, precisamente Cruz e Rubio?
Os candidatos republicanos de «fora do sistema» não têm sido menos poupados do que os políticos profissionais. Sobre Donald Trump, e deixando de parte por agora uma avaliação do seu percurso, das suas afirmações e das suas acções, muitas indubitavelmente controversas, a verdade é que practicamente toda a comunicação social mostrou dificuldade e mesmo incapacidade em lidar com (e até acreditar n)a sua candidatura; no Washington Post, pelo menos, houve quem fizesse um «acto de contrição». Quanto a Carly Fiorina: no Politico interrogaram(-se) sobre se a recente vaga de despedimentos na Hewlett-Packard (cerca de 30 mil) a poderia prejudicar… apesar de ela ter deixado a empresa há 10 anos; no Washington Post classificaram como «falsa» a afirmação dela – totalmente verdadeira! – de que, profissionalmente, ela foi de secretária (numa imobiliária) a presidente (da HP, precisamente); e o New York Times publicou um «perfil» dela que, se fosse sobre uma candidata democrata, suscitaria muito provavelmente acusações de sexismo. Já Ben Carson, em consequência previsível, inevitável, de se ter tornado o novo frontrunner dos republicanos, e de ficar à frente de Hillary Clinton em diversas sondagens, é quem tem recebido recentemente o tratamento mais violento… e deturpado, inclusivamente com contornos racistas: na CNN colocaram em causa a veracidade de episódios problemáticos e até violentos da sua infância e juventude; e no Politico deram como verdade que o conceituado e retirado neurocirurgião, agora candidato, mentiu quanto a ter-lhe sido oferecida uma bolsa de estudos para a academia militar de West Point, e que, pior, admitiu ter mentido… no entanto, nada disso aconteceu de facto; em Portugal também houve quem acreditasse nesta atoarda, apesar de ter maior obrigação do que outros de duvidar do que é habitualmente propalado pela comunicação social «sinistra»…
Enfim, e porque, como dizem, «uma imagem vale por mil palavras», nada melhor, para ilustrar este tema, do que recordar uma capa da New Yorker de Maio último, que contrapõe, enquanto candidatos a presidente, Hillary Clinton a um grupo de homens brancos do GOP, três dos quais, note-se, então ainda não tinham anunciado que estavam na corrida… e ocultando os factos de já nessa altura haver igualmente uma mulher e um homem afro-americano a concorrerem como republicanos. A desinformação também pode ser desenhada, e não apenas escrita.
(Adenda – Depois do que foi provavelmente o pior debate de sempre – na CNBC – veio o que foi provavelmente o melhor debate de sempre – na FBN. O que, reconheça-se, não era difícil… Entretanto, o Washington Post e o New York Times continuam a atacar (e a mentir sobre) Ben Carson e a NBC continua a defender (e a mentir sobre) Hillary Clinton. Tudo «normal», portanto.)      

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