O
Egipto passou – ou ainda está a passar – pela sua segunda revolução em pouco
mais de dois anos. Na semana passada as forças armadas, em conjugação com
milhões de cidadãos que protestavam nas ruas do Cairo e de outras cidades,
destituiram Mohammed Morsi da presidência do país e practicamente ilegalizaram a
Irmandade Muçulmana – muitos dos seus membros têm sido detidos.
Estas
convulsões têm sido igualmente marcadas por um crescente sentimento anti-EUA,
com Barack Obama a ser acusado por largos sectores da população – muitos
cartazes nas manifestações mostravam isso mesmo – de apoiar «terroristas» (isto
é, Morsi e os seus camaradas de partido); aliás, não foi assim há tanto tempo
que Hillary Clinton, então ainda secretária de Estado, se deslocou à capital
egípcia onde prometeu continuar a apoiar o regime que sucedeu à ditadura –
pró-americana – de Hosni Mubarak, regime esse que preconizava, claramente, a
islamização da sociedade através da imposição da Sharia, que muitos egípcios,
precisamente, recusam. A embaixadora Anne Patterson, em especial, tem sido violentamente contestada, e muitos egípcios exigiram - e exigem - a sua expulsão do país.
A
política da actual administração norte-americana para o Egipto (e não só) tem
sido, na verdade, um «falhanço impressionante», como afirmou o senador Ted Cruz
e muitos mais concordam. E provavelmente não existiu maior e melhor (ou pior…)
exemplo deste desastre diplomático do que a dúvida sobre onde estaria John Kerry durante os dias culminantes desta mais recente crise na terra dos faraós.
Muito simplesmente… estava a velejar no seu iate na costa do Massachusetts.
Porém, mais grave do que o actual secretário de Estado não ter interrompido as
suas férias para «estar no seu posto» em Washington, foi o desmentido inicial
do seu departamento de que… ele andava a marear; depois, face às provas
(fotográficas) irrefutáveis, foram obrigados a reconhecer… o óbvio. Ou seja,
uma vez mais, e depois do ataque ao consulado de Benghazi no ano passado, o
«ministério dos negócios estrangeiros» norte-americano foi apanhado a mentir.
Até em Boston se admitiu que «isto parece mesmo mal».
Faltar
sistematicamente à verdade há muito que se tornou o procedimento normal desta
administração. E, a julgar por este último exemplo, a sua diplomacia já é mais do que macia… é líquida! Está, literalmente, a ver navios, e, figuradamente
(por enquanto), a meter água. No entanto, e considerando que John Kerry, nas
viagens ao estrangeiro que já efectuou, andou a falar e a prometer de mais, de
tal maneira que se falou na necessidade de o «controlar», talvez o melhor seja
mesmo ele continuar a passear de barco…
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