segunda-feira, 6 de maio de 2013

Por fora da adulação

Justifica-se que eu faça um esclarecimento sobre porque é que não divulguei a publicação e a apresentação (em Lisboa e no Porto) do novo livro de Germano Almeida, intitulado «Por Dentro da Reeleição» - ao contrário do que fiz, em 2010, em relação ao anterior, e primeiro livro, do autor do blog Casa Branca, intitulado «Histórias da Casa Branca».
Tal não se deveu ao – previsível – carácter apologista, propagandístico, da obra, autêntico exercício de adulação practicamente acrítica; cada um é livre de se entregar à fantasia da sua escolha, livre dos factos (desagradáveis) que podem estragar aquela. E também não se deveu, se não à cumplicidade, pelo menos à conivência revelada por Germano Almeida – e também pelos autores dos blogs Era uma Vez na América, Máquina Política, e outro – com a discriminação de que eu, e o Obamatório, fomos alvos por parte da TVI; foi desagradável, fiquei muito desiludido, mas não foi isso que me levou a não ajudar à promoção da obra.
O verdadeiro motivo é, tão simplesmente, este: correspondendo ao que já acontece no seu próprio blog, o Germano escreveu o seu novo livro utilizando o abjecto, ilegal, inútil e ridículo «acordo ortográfico de 1990»… e eu não divulgo todo e qualquer livro, seja ele de quem for, que esteja estragado por uma «ortografia» concebida a partir dos delírios de alguns, poucos, pervertidos, e utilizada por causa das debilidades de outros, infelizmente bastantes (mas não a maioria), medrosos. Convém avisar, já agora, que o próprio Casa Branca poderá em breve deixar de estar nos «Obséquios» (isto é, ter uma ligação permanente aqui) exactamente pelo mesmo motivo. A ver vamos… Porém, «Histórias da Casa Branca» vai continuar a estar presente (em imagem de capa e ligação para a página da sua editora) no Obamatório; para mim, para todos os efeitos, é como se o seu «sucessor» não existisse, pelo que não será substituído. Aliás, neste aspecto continuo a fazer mais por ele do que o próprio autor, que nunca o colocou no seu blog
No entanto, não posso deixar de reparar, apenas nesta ocasião, em alguns aspectos algo… insólitos relativos ao dito cujo livro. Antes de mais, o elogio feito por José Gomes André – e impresso na própria capa! – de que «Germano Almeida é, provavelmente, a pessoa que melhor escreve sobre os EUA em Portugal.» A sério? Bem, é evidente que nunca esperei que ele dissesse, e escrevesse, isso sobre mim, apesar de ser eu, obviamente, a pessoa que melhor escreve sobre os EUA em Portugal… ;-) O que é surpreendente é que JGA não tenha atribuído tal «classificação» a um dos seus dois colegas de blog, Alexandre Burmester e Nuno Gouveia. Enfim, ele lá terá a sua justificação (ou não)… Outro aspecto que me causou surpresa, e estranheza, é o próprio título. Terá estado o autor «infiltrado» na equipa de campanha de Barack Obama, ou contactado de perto com os seus principais colaboradores, com o próprio candidato-presidente? Assistiu aos seus comícios? Participou em análises e/ou em debates em instituições de investigação e/ou em órgãos de comunicação social norte-americanos? Pois, eu diria que não… o «dentro», parece-me, refere-se à circunstância de ele ter andado pelos EUA nas (duas? Três?) semanas anteriores à eleição de 6 de Novembro… Pela mesma «lógica», eu, que, claro, vivia em Portugal aquando do 25 de Abril de 1974 (tinha 9 anos, e lembro-me do dia) e que fui uma testemunha ingénua (pelo menos pela televisão) do PREC, também poderia, porque não, escrever um livro intitulado «Por Dentro da Revolução»…
O meu último comentário sobre este tema é relativo ao prefácio do livro, escrito por Allan Katz, actual embaixador dos EUA em Portugal. Não surpreende, visto que é um democrata (isto é, membro do Partido Democrata), mas esta participação não pode deixar de ser assinalada, e eu reconheço-o, como um feito que tem algo de notável; semelhante privilégio não tive eu em 2009, quando o então embaixador do Reino Unido, Alexander Ellis, recusou o meu convite, e da minha editora, para estar presente na apresentação da minha tradução de «Poemas» de Alfred Tennyson. Todavia, «espero» que Germano Almeida tenha aproveitado a oportunidade para explicar ao senhor embaixador Allan Katz, e convencê-lo, de que o inglês que ele escreve é «arcaico» por ter tantas vogais e consoantes «mudas» e repetidas, ter quase 20 ortografias, e usar o «obsoleto» ph em palavras como… pharmacy ou physics. ;-))  

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