sexta-feira, 17 de maio de 2013

A morte e os impostos

(Quatro adendas no final deste texto.)
Não é um, não são dois, e como não há dois (ou duas) sem três… são três os (enormes) escândalos que, desde há uma semana, acossam Barack Obama e a sua administração, e que ocupam exclusivamente, ou quase, todo o espaço do panorama político-mediático dos Estados Unidos da América.
Na verdade, e se formos inteiramente rigorosos, até existem, há mais tempo, outros escândalos que poderiam e deveriam ser adicionados à «lista», e que já foram referidos (e mais do que uma vez) no Obamatório, como o «Fast & Furious» e o «Solyndra»… mas, enfim, concentremo-nos nos que «explodiram» nestes últimos dias, apesar de terem começado, de facto, há meses, ou anos: o ataque ao consulado em Benghazi, a 11 de Setembro último, e em relação ao qual já não existem quaisquer dúvidas (as provas, as informações, os documentos aparecem e acumulam-se rapidamente) de que a Casa Branca e algumas entidades que dela dependem (nomeadamente, departamentos de Estado e da Defesa) falharam em assegurar a devida protecção antes e durante o ataque, e que depois mentiram quanto à natureza daquele, de forma a não prejudicar a reeleição do Nº 44; o arresto, por parte do Departamento de Justiça, de registos telefónicos de dezenas de jornalistas da Associated Press, com o objectivo de identificar alegadas «fugas de informação» que podem comprometer a segurança nacional; e as acções persecutórias, preconceituosas (discriminatórias, porque não incidiram sobre organizações liberais) e prejudiciais por parte do Internal Revenue Service contra organizações conservadoras, em especial do Tea Party, que atrasaram ou impediram mesmo aquelas de obterem um estatuto de isenção fiscal.
Em Novembro último, no meu primeiro texto após a eleição de dia 6, escrevi aqui que «não só não duvido de que se saberá cada vez mais pormenores, mais informações e esclarecimentos, sobre os “casos” já conhecidos e que aqui foram relatados, como acredito, tal como outros, que se descobrirão mais “casos”.» Pois é, aí estão eles! Na mesma ocasião, e depois também em Março deste ano, referi as semelhanças que já se podiam notar entre a presidência de Richard Nixon e a actual; agora, são muitos mais os que fazem o mesmo, e não apenas republicanos como Cal Thomas, George Will e Peggy Noonan. Também Brian Williams e Bob Woodward; e Jon Stewart, que criticou violentamente não uma, não duas mas sim três vezes o Sr. Hussein e os seus servidores, e os seus comportamentos nestas controvérsias, evocando, sim, também, a figura, o «fantasma» de «Tricky Dicky», o que muito lhe deve ter custado… A sua conclusão principal é a de que os democratas acabaram por dar razão aos republicanos, acabaram por justificar muitas – se não todas – as «teorias da conspiração» que têm sido formuladas a propósito de BHO – que, claro, rejeita a comparação com aquele seu antecessor – e dos seus cúmplices. Teorias (agora comprovadas) que foram elaboradas por, entre outros, Glenn Beck e Mark Levin. Apenas dois dos mais famosos apoiantes do movimento Tea Party, que vê assim demonstrada definitivamente a sua razão de ser - a luta contra a expansão do Estado e o aumento da sua despesa. Acusados de extremistas, passaram a acusadores.
A grande dúvida está no envolvimento, directo ou indirecto, de Barack Obama em todas estas trapalhadas. Porém, se ele não tem culpa, têm-na alguns dos seus colaboradores mais próximos, que ele nomeou: Hillary Clinton, Leon Panetta, e outros, quanto a Benghazi; Eric Holder, quanto à AP – embora o procurador-geral repita sucessivamente, quanto àquele caso e a outros, que nada sabe de coisa alguma! Sobre o IRS, ainda não é evidente quem, do seu círculo mais restrito, poderia ter dado a ordem. No entanto, até é provável que essa ordem não tenha sido dada nem que essa pessoa exista. Pode ter sido… o próprio Obama quando, a brincar (?), disse que mandaria o IRS auditar algumas pessoas. Pode ter acontecido que, no IRS, outras pessoas tenham levado a «piada» a sério, e/ou levado a sério as «recomendações» feitas, por exemplo, na NBC, no New York Times e no Senado – pelos democratas Al Franken, Chuck Schumer e Max Baucus – no sentido de se «investigar» os grupos que integram o Tea Party, bem como outros, conservadores, cristãos, que criticam o governo, que divulgam a Constituição. E nem seria precisa qualquer «piada» ou «recomendação». Afinal, naquele organismo público são maiores, em tempo de eleições, as contribuições para políticos democratas do que as para republicanos – o mesmo é dizer, são mais os democratas do que os republicanos que trabalham no IRS. E, incentivados e «desculpados» à partida pelo facciosismo político-partidário – «tácticas de Terceiro Mundo» que formam uma «cultura da intimidação» de que fala Marco Rubio – induzido e acentuado por Barack Obama e a sua «trupe de Chicago», que levaram a demonização e a desumanização dos adversários até (baixos) níveis nunca antes vistos, sentiram-se à vontade para terem os mais absurdos procedimentos ao lidarem com os grupos conservadores e no tratamento das candidaturas daqueles a isenções fiscais e a outras regalias…
… Cujos pormenores, que vão sendo conhecidos a um ritmo alucinante, quase que fazem de «O Processo» de Franz Kafka uma fábula infantil do mais colorido optimismo. Trata-se de episódios de autêntico totalitarismo, quase todos implicando a exigência de informações que não só não são – ou não deveriam ser – obrigatórias como constituem uma intrusão inadmissível na esfera privada de indivíduos e de instituições. O IRS quis saber tudo: nomes, moradas de membros, educadores e educandos, apoiantes e doadores dos grupos; programas e calendários de iniciativas; materiais de leitura – houve quem respondesse, neste item, com o envio de um exemplar da Constituição norte-americana; até opiniões e pensamentos! Houve questionários com 55 perguntas. Calcula-se que quase 500 organizações (número provisório) em todo o país terão sido afectadas, tendo quase todas aguardado meses, ou até anos, para verem as suas situações resolvidas… se é que, entretanto, foram resolvidas (muitas continuam pendentes). Houve quem não aguentasse e desistisse. Quem criticasse Barack Obama e/ou declarasse o seu apoio a (e o seu voto em) Mitt Romney, como Anne Hendershott, Franklin e Billy Graham, Frank VanderSloot, e que, depois, foram «visitados» pelo IRS. O mesmo aconteceu a Larry Conners, um jornalista que teve a «ousadia» de fazer perguntas «incómodas» ao Sr. Hussein. Pior, houve gente no IRS que passou documentos confidenciais de organizações conservadoras para outras, liberais e rivais: a Human Rights Campaign teve acesso aos segredos da National Organization for Marriage, e a ProPublica aos de nove organizações conservadoras, incluindo a American Crossroads, de Karl Rove. Ainda pior, do IRS disseram à Coalition for Life do Iowa (activistas anti-aborto) que só veriam confirmado o seu estatuto de isenção fiscal se prometessem – em documento assinado! – que não protestariam contra a Planned Parenthood!
Em simultâneo, uma «fundação» dirigida por um meio-irmão de Barack Obama, e com o nome do pai de ambos, que pretende desenvolver acções de «caridade» no Quénia, viu rapidamente satisfeitas todas as suas solicitações… Há para aí ingénuos que continuem a acreditar que tudo isto são só coincidências? Pedidos de desculpa, e outros pedidos de desculpa, não são suficientes; como disse John Boehner, mais do que gente despedida, há gente que tem de ser presa. Pode-se começar por Douglas Shulman, que mentiu ao Congresso, e por Timothy Geithner. Mas outros haverão; e já não há qualquer dúvida de que na Casa Branca se sabia disto, pelo menos, há quase um ano.
Não é coincidência que o «caso IRS» se tenha originado (mas não limitado) na cidade de Cincinnati, ou seja, no Ohio – este Estado é um dos fundamentais, ou o mais fundamental, em qualquer eleição presidencial: quem o ganha quase sempre ganha a eleição. E a partir do momento em que as organizações de base conservadoras, as grass root, estavam fortemente condicionadas, se não mesmo impedidas, de agirem, de get out the vote a favor de Mitt Romney devido ao boicote por parte do IRS, isso teria sempre consequências decisivas no resultado final. Depois de terem visto o que aconteceu em 2010 nas midterms, os «obamistas» decidiram que não iam deixar que o mesmo acontecesse em 2012; e foi nesses dois anos que o blitzkrieg burocrático dos «impostores dos impostos» mais se fez sentir. Em suma, pode ter sido encontrada mais uma explicação – ou «a» explicação – para a reeleição de Barack Obama.
Costuma-se dizer que na vida só há duas certezas: a morte e os impostos. O Partido Democrata muito tem feito para as tornar cada vez mais (omni)presentes. Quanto à primeira, não só da iniciativa de terroristas mas também da inacção e da incúria desta administração resultaram quatro homicídios, incluindo o de Christopher Stevens, embaixador na Líbia. Quanto à segunda, já não é suficiente para os «progressistas» que o fisco esteja cada vez mais «inchado»… tem também de ser instrumentalizado. Mas «não» há que ter medo nem preocupação; afinal, ainda recentemente o Sr. Hussein apelou a estudantes (do Ohio) – e ao país – para «rejeitarem as vozes que avisam contra a tirania do governo». «Sensatas» palavras! Porque será que essas vozes - «só» à direita, sem dúvida – têm tal «descabida» ideia?
(Adenda – O ridículo e a vergonha do «culto» a Barack Obama está a atingir proporções inacreditáveis. Para tentarem defender o indefensável despacharam, para os programas de domingo da CBS e da Fox, Dan Pfeiffer, servo dedicado, «conselheiro sénior do presidente». Sénior?! Mais um fedelho arrogante, para quem criticar o Sr. Hussein é «ofensivo», na perseguição do IRS aos conservadores a lei é «irrelevante», saber onde estava o presidente durante o ataque em Benghazi também é «irrelevante», e os republicanos deveriam pedir desculpa a Susan Rice, que mentiu ao país! O atrevimento foi tanto que até Bob Schieffer lhe perguntou o que é que ele estava ali a fazer.)
(Segunda adenda – As muitas, absurdas, inúteis e ilegítimas – se não mesmo ilegais – exigências que o IRS fez a organizações conservadoras, de modo a deliberadamente atrasar, dificultar ou mesmo impedir a obtenção de um estatuto de isenção fiscal, incluíram o acesso aos computadores daquelas. Entretanto, o Departamento de Justiça não se limitou a obter os registos de telefone de jornalistas da Associated Press: também fez o mesmo com profissionais da Fox, em especial James Rosen, a quem acusa de «co-conspirador» (!) na obtenção de informações, e entrou nas contas de correio daquele e nos servidores da estação; entretanto, Sharyl Attkisson, da CBS, queixou-se de interferências no seu computador. Chuck Todd, que não é de todo conhecido como conservador, acusa a actual administração de «querer criminalizar o jornalismo».)
(Terceira adenda – Lois Lerner, directora da divisão para as organizações isentas no IRS dos EUA, compareceu a uma audiência do Congresso sobre o ataque que aquela instituição fez a grupos conservadores… mas recusou-se a depor, a responder a perguntas, e invocou a Quinta Emenda da Constituição dos EUA – ou seja, não quis incriminar-se a si própria. Porém, antes disse que nada tinha feito de ilegal! Das duas uma: ou está a mentir ou está a querer proteger alguém… colocado a um nível superior. Aliás, um funcionário do famigerado escritório de Cincinnati assegurou que «tudo vem de cima». Sabe-se agora que Barack Obama se encontrou com Colleen Kelly, presidente do Sindicato dos Empregados do Tesouro Nacional, que reúne os trabalhadores dos impostos, a 31 de Março de 2010 – isto é, mesmo antes de as perseguições discriminatórias a grupos do Tea Party terem começado. E que uma investigação interna aos abusos do IRS ficou concluída seis meses antes da eleição de 6 de Novembro de 2012… mas não foi divulgada. Porque, obviamente, tal iria muito provavelmente alterar o sentido da votação - assim como o reconhecimento de que o atentado em Benghazi havia sido perpetrado pela Al Qaeda, o que desmentiria o que o Sr. Hussein apregoara na convenção do Partido Democrata.)
(Quarta adenda – Só podem ficar surpreendidos com estes comportamentos persecutórios os que não sabem, ou que preferem não saber, que as tácticas assentes na intimidação e na ocultação já vêm de trás, que não são de agora. Houve vários – e eu fui, sou, um deles – que nunca acreditaram que «a transparência e o primado da lei serão (seriam) as pedras de toque desta administração», e que não duvidaram que quem afirmava, antes, que «o procurador-geral não deve levar a cabo as vinganças políticas do presidente» permitiria, depois, que fosse exactamente isso que acontecesse: foi o próprio Eric Holder quem autorizou o processo que levou ao acesso à caixa de correio electrónico de James Rosen. Que mais será preciso para se proceder a demissões… e a impugnações? Entretanto, é claro que há aqueles que preferem ignorar a realidade e viver num mundo alternativo: no DNC alega-se que «o GOP foi apanhado a inventar escândalos»!)       

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