Estreia
hoje em Portugal «Django Unchained» («Django Libertado», na tradução), o mais
recente filme escrito e realizado por Quentin Tarantino, «western» situado nos
EUA antes da guerra civil entre Norte e Sul. A juntar a todos os previsíveis
motivos de interesse decorrentes do tema, da reconstituição da época em
cenários e em guarda-roupa, da música e da montagem, há um outro que não é de desprezar:
o de se poder observar, através do «mau da fita» que é a personagem Calvin
Candie (interpretada por Leonardo DiCaprio), como é que era um democrata típico
daqueles tempos... ou seja, um esclavagista, não só no sentido de defender a
escravatura mas também no de possuir escravos…
…
Um dos quais, no filme, se chama Stephen (interpretado por Samuel L. Jackson) e
é o arquétipo do «Uncle Tom», do «house slave», do negro conformista e delator.
Sabendo-se como é que certas (e muito limitadas) mentes «pensam», era uma
questão de (pouco) tempo até que alguém, de algum modo, relacionasse,
equiparasse, aquela figura embaraçosa com um afro-americano contemporâneo e
conservador. E aconteceu: Jason Whitlock, «jornalista desportivo», ele próprio
negro, apontou para Thomas Sowell, eminente e notável académico, economista,
filósofo. Compreende-se porquê: o mais recente artigo de Sowell é apenas mais
uma numa longa série de intervenções e reflexões que desmentem os supostos
benefícios do liberalismo para os afro-americanos, e não só.
Poucas
coisas serão mais reprováveis e repugnantes do que o racismo. Mas nunca se deve
esquecer de que não são só os brancos que podem ser racistas em relação aos
negros, mesmo de que uma forma «suave», sub-reptícia, paternalista – por
exemplo, Joe Biden («especialista» em chains) e Harry Reid a referirem-se a Barack Obama como sendo
«articulado e limpo» e que «não fala com dialecto de negro»; também os negros
podem ser racistas em relação aos brancos, e, pior ainda, em relação a outros
negros… por não partilharem a «ideologia correcta», a do Partido Democrata, que
foi e é – nunca é demais recordar e salientar – o partido dos esclavagistas e
dos segregacionistas, dos racistas! Porque a raça, a cor da pele continua a
ter, para os «burros», uma importância fundamental, e é por eles constantemente
referida... e, afinal, há racistas «bons» e racistas «maus». Repare-se no ridículo: negros a criticarem e a condenarem outros
negros por estes aderirem ao partido – e aos princípios – dos abolicionistas,
por, no fundo, admirarem e emularem Abraham Lincoln!
Jason
Whitlock é pois, sim, e não Thomas Sowell, um moderno, assumido e orgulhoso
«escravo da casa», um «boy». Mas há outros… Wesley Morris, «crítico de cinema»,
também aproveitou o filme de Tarantino e a personagem de Jackson para
achincalhar Alan Keyes, Clarence Thomas, Herman Cain e Michael Steele… Adolph (Adolfo!) Reed, «professor universitário», desvalorizou a nomeação de Tim Scott
como senador da Carolina do Norte, classificando o substituto de Jim DeMint
como uma dádiva insignificante, um mero «token», algo de artificial, não
convicto, para enganar, para disfarçar o «racismo» do GOP… Rob Parker, outro
«jornalista desportivo», que chamou a Robert Griffin III, jogador de futebol
(americano) dos Washingtons Redskins, um «cornball brother» (ou seja, um
«falso» negro) por – duplo «horror»! – ser conservador e ter uma noiva branca…
Melissa Harris-Perry, «apresentadora» da MSNBC (é preciso dizer mais?) para
quem Clarence Thomas não é representativo da «vasta maioria dos
afro-americanos»… Goldie Taylor, «colaboradora» da MSNBC (idem), para quem
todos os republicanos não negros são «perigosos» para as suas comunidades… E
esta galeria de vendidos não ficaria completa sem, claro, Colin Powell, que,
apesar de ter sido nomeado para as mais altas posições nas forças armadas e no
governo dos EUA por presidentes republicanos, afirmou que o GOP tem uma «veia
escura (!) de intolerância» e que «olha de alto para as minorias»… Enfim, não fez mais do que confirmar que já se passou para o «lado negro».
É
tão contra-natura um negro norte-americano votar no Partido Democrata como um
judeu votar no Partido Nacional Socialista – embora, dado o crescente
anti-semitismo, anti-Israel e pró-Palestina e pró-Irmandade Muçulmana que se
nota entre os «azuis», também é cada vez menos lógico (ou nunca o foi) que os
filhos de David votem no PD. A partir do momento em que os afro-americanos
decidiram desrespeitar a memória de Martin Luther King e que é mais importante a cor da pele do que o conteúdo do carácter,
que é mais importante ser preto do que ser pessoa, condenaram-se a uma nova
escravidão por parte dos descendentes de Calvin Candie (fictício) e de
Jefferson Davis (verídico). Sim, há muitos «Djangos» (ainda) acorrentados… e por
vontade própria.
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