segunda-feira, 11 de maio de 2015

Cambada de cobardes

(Uma adenda no final deste texto.)
«Todas as religiões são iguais, mas há religiões que são mais iguais do que outras». Parafraseando George Orwell, esta poderia ser a principal conclusão – não surpreendente – do atentado (felizmente) falhado ocorrido em Garland, no Texas, há uma semana. E falhado porque, no que respeita a armas em quantidade e em qualidade disponíveis e prontas a utilizar, os EUA, e em especial o Texas, não são como a Europa…
Dois candidatos a jihadistas foram mortos por um só polícia do «Lone Star State» quando tentaram atacar os participantes num encontro sobre liberdade de expressão e (contra) o extremismo islamita… e que constituiu igualmente uma convenção, e um concurso, de caricaturistas de Maomé. E qual foi a reacção de muitos na comunicação social, e não só? Criticaram como «provocadora» e «incentivadora de ódio» a organizadora do evento, Pamela Geller. Mais do que uma cambada de cobardes, são hipócritas que não hesitam nos seus impulsos iniciais, que não param para pensar que, provavelmente, as posições que tomam acabam por ser contraproducentes relativamente aos «valores» que têm como verdadeiros… Ben Shapiro e Rush Limbaugh foram dos que primeiro e mais acertadamente denunciaram e desmontaram a – habitual, e cada vez mais histérica – dualidade de critérios. O primeiro, editor na Breitbart, lembrou que «os mesmos membros dos media que lamentaram os horrores das caricaturas de Maomé (…) esta(va)m perfeitamente felizes em usar o poder do governo para tomar como alvo qualquer comerciante que se recus(ass)e a prestar serviços a um casamento entre pessoas do mesmo sexo.» No mesmo «comprimento de onda» o segundo, famoso radialista, com perspicácia, perguntou: «se vamos respeitar e obedecer a leis sobre desenhar caricaturas do profeta, não temos de respeitar o que o Islão diz sobre homossexualidade e as mulheres?»
Já John Nolte foi mais abrangente e acutilante na reacção àqueles que, como disse Benjamin Franklin, estão dispostos a prescindir da liberdade para obter (um pouco de) segurança, e acabam por não ter nem merecer nem uma nem outra. E demonstrou que, sim, Jesus Cristo insultou mais (um)a religião do que Pamela Geller, e que, sim, o que ela organizou em Garland não é fundamentalmente diferente do que Martin Luther King organizou em Selma. Nolte também fez, no que foi acompanhado por Alex Griswold, pontaria especial contra o New York Times, jornal que elogiou «elevadas» expressões artísticas como «The Death of Klinghoffer», «Piss Christ» e «The Book of Mormon», mas que para uns desenhos de Maomé já não mostra o mesmo entusiasmo. Lá está, é o que dá nem os cristãos (incluindo os mórmons) nem os judeus terem o hábito de assassinar quem ofende as suas religiões… Tal como o NYT, também a AP, a CNN e o WP pareceram ficar surpreendidos por Geller não ter pedido desculpa, ou mesmo lamentado, os dois mortos que a sua iniciativa «causou» (!)… o que equivale, na práctica, a culpar a mulher que foi violada por usar uma saia curta. A Lena Dunham é que não fizeram semelhante sugestão… Previsivelmente, da (MS)NBC vieram igualmente – uma, duas, três, quatro – demonstrações de «dhimmitude»… e, incrivelmente, também da Fox News: Geraldo Rivera, Greta Van Susteren, Juan Williams, Laura Ingraham e Bill O’Reilly cederam desta vez ao medo, tentando disfarçá-lo com a desculpa de que é inútil, e prejudicial, ofender (tant)os muçulmanos…       
… Porém, quantas vezes são precisas dizer, repetir, o óbvio? Os terroristas muçulmanos não precisam de pretextos, de «provocações», para atacarem, para destruírem e para matarem. Acaso os civis que estavam e/ou que trabalhavam nas torres gémeas do World Trade Center em 2001 tinham insultado o Islão e o seu profeta? E os que participavam e assistiam na/à maratona de Boston em 2013? E, já agora, os utentes de transportes públicos, autocarros, comboios, metropolitanos, em Madrid em 2004 e em Londres em 2005? Se um bully, ou um tirano, diz que não se deve fazer algo, então aí é que se tem mesmo de fazer, em especial nos EUA, onde a Primeira Emenda é, como não se cansou de repetir Megyn Kelly na semana passada, um princípio central, fundamental, sagrado. Que deve ser respeitado apesar das «birras» que possam fazer (e fazem muitas) organizações para-criminosas como o CAIR – que, claro, quer restringir a liberdade de expressão – ou o SPLC – que mais não faz do que acusar de «hate group» qualquer instituição não esquerdista…
… Tal como a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana, dirigida por Pamela Geller, que até em Portugal é identificada como sendo «anti-Islão» e «islamófoba». No entanto, ao realizarem uma exposição com caricaturas de Maomé, a AFDI nada fez de diferente do que o Charlie Hebdo fez; são (foram) os caricaturistas (os vivos e os mortos) do jornal satírico francês também «anti-Islão» e «islamófobos»? Quem tem, sim, «fobias» - aos direitos humanos, em especial as liberdades de expressão e de religião - são (muit)os muçulmanos.
(Adenda – Outro cobarde, e patético: Dean Obeidallah (cujo nome parece significar «obedecer a Alá»!) não só pensa, e afirma, que a ideia de «Islão radical» é «inventada», como decide promover um concurso subordinado ao tema «Desenhe o seu islamófobo favorito». Como vários já salientaram, não é de esperar que apareçam… «islamófobos» a tentarem assassiná-lo e aos eventuais concorrentes. Entretanto, no Texas, Estado que albergou as alegadamente «odiosas» caricaturas de Maomé, uma família muçulmana foi acusada de dois homicídios e de outros crimes… de autêntico ódio, pela intolerância manifestada, e pelo desrespeito às leis dos EUA em particular e aos valores ocidentais em geral, que muitos seguidores de Alá continuam a rejeitar.) 

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