segunda-feira, 6 de outubro de 2014

«O pior criminoso na administração»

(Uma adenda no final deste texto.)
Eric Holder apresentou a sua demissão do cargo de attorney-general – o equivalente a um «agregado» de procurador-geral e de ministro da justiça – a 25 de Setembro último. E o mínimo que se pode dizer é que já vai tarde de mais; efectivamente, nunca deveria ter tomado posse. Porque quem é suposto ser o maior, o principal, agente da autoridade dos EUA não deve comportar-se como um criminoso, ou como alguém que protege criminosos. Holder, em bastantes – demasiadas – ocasiões, foi uma coisa e/ou outra. Não demonstrou rigor nem isenção na execução das leis, destas fazendo – aliás, tal como o seu chefe Barack Obama – uma valoração, e uma hierarquização, segundo uma perspectiva político-ideológica: só são para aplicar e defender aquelas com as quais se concorda. Aos que não acreditam, como Chuck Todd, será suficiente citar as suas próprias palavras: ele autodefiniu-se, antes de mais, como um «activista a 1000 por cento»...
… E há que elogiar-lhe, pelo menos, a honestidade quanto às suas intenções – uma das poucas qualidades que demonstrou no desempenho de um cargo em que se acumularam as suspeitas e as queixas contra ele, pelo que o balanço é extremamente negativo. Note-se que, apesar da habitual conflitualidade partidária, é muito raro que se instale uma relação de (extrema) hostilidade entre um membro de uma administração e (vários) representantes do partido da oposição. Porém, com Eric Holder, foi exactamente isso que aconteceu: do Partido Republicano vieram apelos mais ou menos declarados a que o então AG fosse impugnado – por Ted Cruz – e até preso – por Blake Farenthold. «Medidas drásticas» propostas na sequência de uma audiência no Congresso particularmente agressiva, em que Holder, então já declarado «in contempt» pela Casa devido à falta de cooperação, por parte do DdJ, no esclarecimento do caso «Fast & Furious», permitiu-se, qual rufia de rua, ameaçar Louis Gohmert que recordava, precisamente, esse facto.    
No entanto, não foi só de políticos que Eric Holder enfrentou oposição e recebeu reprovação. Também de juízes, como: William H. Pryor, que criticou as directrizes do DdJ tendentes a pedirem, e a aceitarem, penas de prisão menores para traficantes de droga – aliás, estes muito ficaram a dever a Holder e à sua equipa, que conceberam para eles o denominado «Projecto Clemência»… o que, se concretizado, poderá levar a um aumento da criminalidade nos EUA; e Amy Jackson, que repreendeu o AG (e também o Congresso) pela demora na resolução do caso «Fast & Furious», em especial no que se refere à obtenção de documentos do DdJ. Entretanto, Holder também foi alvo de contestação por parte da Coligação de Pastores Afro-Americanos, que em Fevereiro último anunciou o lançamento de uma campanha de recolha de um milhão de assinaturas para uma petição a exigir a impugnação do attorney-general devido ao seu envolvimento activo, militante, na (tentativa de) legalização e generalização, em todo o país, do denominado «casamento entre pessoas do mesmo sexo».
Na verdade, não se pode afirmar que Eric Holder pouco ou nada fez nos mais de seis anos e meio que levou no cargo. O que aconteceu foi que, como já foi referido, revelou uma explícita e exagerada parcialidade, e, vá lá, selectividade: tal como não mostrou muita vontade e muito zelo (pelo contrário) no apuramento da verdade sobre o assédio e discriminação do IRS para com organizações conservadoras, também não considerou necessário que o Departamento de Justiça investigasse as «listas de espera secretas» e as mortes anormais ocorridas em diversos hospitais de veteranos; todavia, não hesitou em mandar para o Nebraska um dos seus agentes para inquirir sobre um carro alegórico – e os seus proprietários – do desfile de 4 de Julho último realizado na cidade de Norfolk, naquele Estado, considerado «ofensivo» e «discriminatório» porque mostrava a «biblioteca presidencial» de Barack Obama como sendo… uma casa de banho externa. Obviamente, não faltou quem falasse em «racismo». E, já se sabia, para Holder qualquer crítica ao seu (agora ex-) chefe na «nação de cobardes» que, segundo ele, é os EUA, só pode ser motivada pelo preconceito.    
Convém igualmente não esquecer que o Departamento de Justiça, sob a liderança de Eric Holder, admitiu para os seus quadros advogados que haviam defendido muçulmanos suspeitos e/ou acusados de terrorismo. E que aquele que dirigiu a acusação contra Dinesh D’Souza – professor, escritor e cineasta (co-realizou dois documentários) que se distinguiu como um dos mais articulados e consequentes opositores de Barack Obama – foi um financiador do actual presidente! Mais: antes de sair, Holder, que já intentou processos em tribunal contra Estados que passaram a exigir um cartão de identificação para votar, teve a «brilhante» ideia de os proprietários de armas serem obrigados a usar pulseiras próprias (a fazer lembrar as estrelas de David dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial) – algo a que Sarah Palin respondeu em termos que o então AG deve ter entendido…
Existe pelo menos uma pessoa que certamente está a lamentar muito a saída de Eric Holder: Lois Lerner, que, na sua «fobia fiscal(izadora)» a qualquer individualidade ou instituição mais à direita terá colaborado de perto com o Departamento de (in)Justiça. Este, na presidência de Barack Obama, foi – tem sido – um instrumento fundamental daquilo que é, nas palavras de Ben Shapiro, uma «organização de tipo mafioso», e Holder foi – ou ainda é - «provavelmente o pior criminoso na administração».
(Adenda – Outro dos (muitos) efeitos nefastos da acção de Eric Holder à frente do Departamento de Justiça, e resultado inevitável do processo de «de-excepcionalização dos EUA» a que Barack Obama se tem dedicado, foi, é, a «emasculação» do FBI. Tal como as forças armadas norte-americanas, a famosa agência policia federal é um dos símbolos do poderio e do prestígio do país que, por causa da imposição do «politicamente correcto (e cobarde)» esquerdista, parece estar a perder capacidades. De facto, não é só de agora que existem relatos de que a instituição fundada por J. Edgar Hoover recebe directrizes tendentes a desvalorizar, a subestimar, a ameaça de terroristas muçulmanos… e, em consequência, atentados como o recente em Oklahoma, em que um recém-convertido ao Islão decapitou uma ex-colega de trabalho enquanto entoava cânticos de louvor a Alá, surgem como trágicas demonstrações dessa negligência. Outras foram, obviamente, o massacre em Fort Hood por Nidal Hasan e a explosão em Boston pelos irmãos Tsarnaev. E a aparente admissão do erro já vem tarde.)      

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