terça-feira, 2 de outubro de 2012

«Obamadorismos» (Parte 3)

(Uma adenda - sobre o primeiro debate - no final deste texto.)
Barack Obama por vezes (várias) faz (e diz) «coisas estúpidas (boneheaded things), erros». Foi ele próprio que o disse! E tem razão: muitas têm sido as idiotices desde que é presidente dos EUA, e que demonstram à saciedade o seu amadorismo, a sua incompetência, quando não a sua leviandade, cinismo e até maldade. 
Algumas, à primeira, dão mesmo vontade de rir, embora à segunda se tornem algo assustadoras pelo que podem indiciar quanto às (in)capacidades do «comandante-em-chefe». Por exemplo(s), falar dos produtos que ostentam «três orgulhosas palavrasMade in the USA» (Joe Biden já falara da «palavra de três letras… jobs»). Ou acrescentar um «s» ao nome da equipa de basquetebol campeã da NBA. Ou sair de um restaurante sem pagar a conta, literalmente, depois de acusar George W. Bush de o ter feito figuradamente. Ou mostrar que não sabe utilizar um iPhone. Ou chamar «Jack Ryan» a Paul Ryan. Ou referir-se aos «para-legais» quando queria dizer «paramédicos». Ou confessar que, em encontros internacionais, é mais provável que esteja a fazer desenhos do que a tirar notas. Ou admitir que não sabe se é legal o fabrico de cerveja na Casa Branca – incrível «ignorância» por parte de alguém que, não só é presidente, mas também licenciado em Direito… e por Harvard! Ou estar «disponível» para, além de «lavar os carros» dos republicanos, «passear os cães» daqueles… o que não é muito aconselhável porque haveria o risco de comê-los!
Pergunto a quem está a ler se tinha conhecimento destas – e de outras anteriores - (verdadeiras) gaffes, e se tal aconteceu através da comunicação social portuguesa, televisiva, radiofónica ou impressa. A resposta a ambas as perguntas será, quase de certeza, «não». Certos «jornalistas» nacionais preferem falar de – falsas – gaffes de Mitt Romney, como a de «abrir janelas de aviões». E também não é através deles que igualmente se fica a saber das mais recentes, verdadeiras, muito mais graves, e sem graça alguma, de Barack Obama. A recente crise no Médio Oriente resultante dos ataques a embaixadas norte-americanas demonstrou, como se tal fosse necessário, até que ponto o Nº44 é irresponsável, tal como a sua administração.
O Sr. Hussein tem em si «alguma preguiça». Foi ele próprio que o disse! Pelo que não se deve considerar incorrecto, injusto, e muito menos «racista», o slogan «Obama não está a trabalhar» lançado pela campanha de Mitt Romney. Slogan esse que se aplica não só na política interna, na situação económica, cujos principais indicadores apresentam valores piores do que os de há quatro anos – um dos quais é o da (descomunal) dívida pública, que não constitui, para o presidente, algo com que se deva ter preocupação «no curto prazo». Também na política externa e de segurança ele não está a trabalhar como deve ser, e até se tem revelado algo… absentista: ao longo da sua presidência faltou a mais de metade dos intelligence briefings diários, com especial enfoque nos que foram realizados na semana anterior a 11 de Setembro último. O que ajuda a explicar as respostas desastrosas dadas tanto pela Casa Branca como pelo Departamento de Estado: o governo democrata já não consegue esconder que ignorou avisos quanto à eventualidade de acções terroristas planeadas, e que não tomou as medidas necessárias para assegurar, e mesmo reforçar, a segurança de instalações diplomáticas em países muçulmanos, em especial no Egipto e na Líbia.     
Ao descuido, ao desleixo, à negligência, sucederam-se as «desculpas esfarrapadas» e de «mau pagador», as justificações contraditórias, as declarações escandalosas. Para quem pensava que já era suficientemente mau – e vergonhoso – continuar a apontar um «filme no YouTube» - até na ONU! – como o culpado pela violência de há quase um mês no Médio Oriente (pondo em causa, ao mesmo tempo, a Primeira Emenda da Constituição, isto é, a liberdade de expressão), só pode ter sido revoltante ouvir Barack Obama: a dizer que os protestos de fanáticos – que causa(ra)m prejuízos e até perdas de vidas – são «naturais»; a reduzir, na práctica, a morte de quatro norte-americanos – incluindo um embaixador – a meros «saltos na estrada»; a pedir aos muçulmanos ajuda, «cooperação total», na protecção dos cidadãos dos EUA – tendo em conta a «amostra» recente, tal é «sem dúvida» uma expectativa «razoável»… A trapalhada já chegou a um tal ponto que nem todos os democratas vão na conversa, e exigem explicações; e BHO chega ao cúmulo de ser corrigido por membros do seu gabinete – seus subordinados! – na questão de saber se o Egipto ainda é, ou não, um aliado. Compreende-se agora muito melhor porque é que é «perigoso» ele afastar-se do teleponto e porque é que ele costuma «reciclar» os discursos para «consumo interno», e repetir a mesma «frase de circunstância» quando se encontra com líderes estrangeiros.
Apesar de algumas (poucas) excepções na lamestream media que mais não fazem do que confirmar a regra, os erros de Barack Obama e dos seus camaradas não têm o destaque que, normalmente, se justificariam. Na CBS até se omite uma passagem de uma entrevista em que ele admite que a sua campanha… cometeu erros – sim, pode-se inclusive listar os 10 maiores. Porém, ninguém comete erros piores do que o próprio Sr. Hussein. Alguns, no entanto, até são… positivos, surpreendentes, bem-vindos: a sua – espantosa! – admissão de que não se consegue – ele não conseguiu! - «mudar Washington por dentro» significou, pura e simplesmente, a confissão do falhanço de toda a sua presidência. O «yes, we can» transformou-se em «no, we can’t» ou «no, I couldn’t»! Assim sendo, pode-se concluir que ele não vai levar a mal, compreenderá, e até concordará, se perder a 6 de Novembro.
(Adenda – Só os que têm vivido numa «realidade alternativa» nos últimos quatro anos, ou, o que vai dar no mesmo, os que acreditam no que os esquerdistas nos media espalham… e não lêem o Obamatório, é que ficaram surpreendidos com o desfecho do primeiro debate presidencial. Mitt Romney não se limitou a vencer Barack Obama… «arrasou» com ele!  Conhecendo os muitos «(ob)amadorismos» em que ele tem sido prolífico, como os dados no texto anterior a esta adenda e não só, e sabendo que ele nunca havia enfrentado um adversário - mais, um interlocutor - tão competente, experiente e motivado como o ex-governador do Massachusetts, quem é que honestamente acreditaria que o Sr. Hussein «sairia por cima»? Enfim, um momento memorável, esclarecedor… e talvez decisivo. Entretanto, podemos divertir-nos com as reacções – de desespero, (in)conformismo, incredulidade, e mesmo histeria – de Al «a culpa foi da altitude» GoreAndrew Sullivan, Bill Maher, Chris «temos as nossas facas» Matthews, Ed Schultz, James Carville, Michael Moore)

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