domingo, 23 de setembro de 2012

«Silly Season» (Parte 3)

(Duas adendas no final deste texto.)
O Verão terminou na semana passada, e, mais uma vez, aqui no Obamatório destaca-se alguns dos acontecimentos mais hilariantemente deprimentes da estação estival nos EUA… que, por um motivo ou por outro, não foram referidos em textos anteriores. Porque, deve-se novamente lembrar, a parvoíce na política norte-americana não acontece apenas quando o clima está mais quente e o calor aperta…
… E pode-se começar pelo – ou regressar ao – maior evento humorístico da temporada: a convenção nacional do Partido Democrata. Onde, para rir, não houve só a «trapalhada» da «reinserção de Deus e de Jerusalém» na plataforma do PD. Mencione-se a utilização de botões de lapela, por mulheres (feministas contra a «guerra às mulheres», sem dúvida), dizendo «Sluts Vote» («galdérias votam»), ou a existência de uma cabina onde se podia «abraçar um rufia sindical». O «respeito», a «simpatia», a «tolerância» dos «burros» para com os «elefantes» também ficaram demonstradas. E como não soltar uma boa gargalhada com a revelação de que os navios e os aviões militares cujas imagens foram mostradas como cenário eram, não norte-americanos, mas sim, respectivamente, russos e turcos? Já uma «anedota» sem muita graça foi o encerramento, por imperativos de segurança e de circulação, de um centro de tratamento de cancro por causa da convenção. E ainda se atrevem a acusar Mitt Romney de ter morto uma mulher?!
Nas últimas semanas também se pôde assistir, com um sorriso, a algumas contradições… curiosas. Como, por exemplo, o protesto, junto da Organização Mundial de Comércio, contra a China por este país dar apoios estatais à sua indústria automóvel… por um governo que não quer desfazer-se da sua participação accionista na General Motors, que entretanto se desvalorizou, significando mais um prejuízo para as finanças públicas - aliás, o bailout correu «tão bem» na GM que BHO quer repetir o processo em todas as indústrias! Ou as ameaças, através do Departamento de Justiça, a mais de 50 estabelecimentos – legais – de venda de marijuana do Colorado, por parte de uma administração liderada por alguém que, quando mais novo, usou drogas (erva e cocaína) frequentemente.
Continuando no tema «lei e ordem», merece uma referência (e um riso abafado) a revelação recente – que confirma o que já se suspeitava – de irregularidades graves na eleição em 2008, no Minnesota, de Al Franken (democrata) para o Senado, em detrimento de Norm Coleman (republicano), por uma diferença final de 312 votos; o «problema» é que se descobriu igualmente que votaram mais de mil presidiários daquele Estado, o que é (supostamente) ilegal! Franken não só não foi preso como continua no seu cargo, tal como Kathleen Sebelius, que fez campanha eleitoral a favor de Barack Obama enquanto secretária (ministra) da Saúde e Serviços Humanos. Quem já está mesmo preso e a aguardar julgamento, acusado de corrupção e de extorsão, é Tony Mack, ex-mayor da cidade de Trenton, em Nova Jersey. Quem já foi julgado e condenado, mas ainda não está preso, é Don Siegelman, ex-governador do Alabama, que foi a Charlotte à procura de um perdão presidencial. A que partido pertencem eles? Mas… é mesmo necessário fazer (e responder a) essa pergunta?
A terminar, aquele que, mesmo sem uma audiência alargada, poderá ter sido o maior «sketch de comédia» dos últimos tempos em Washington: depois de uma troca de palavras algo desagradável, David Axelrod e Eric Holder terão quase andado à pancada um com o outro! Uma «batalha dos bigodes»! Quando ambos deixarem a Casa Branca, poderão, quem sabe, iniciar uma nova e fulgurante carreira no wrestling!
(Adenda – Ironicamente, é no início do Outono, e, logo, ainda com alguns «ecos» do Verão, que a mais «silly» desta «season» ocorreu… a alegada (mais uma…) gaffe de Mitt Romney em que este terá dado a entender que deveria ser possível abrir as janelas dos aviões… Obviamente, foi uma piada, mesmo que mal metida e contada. Alguém com um mínimo de inteligência e de sensatez («o Sr.» Rachel Maddow não tem nem uma nem outra) acreditaria por um instante que um homem com duas licenciaturas por Harvard, empresário de sucesso, organizador de Jogos Olímpicos, governador de um Estado e «frequent flyer» pudesse dizer aquilo a sério? Porém, houve quem acreditasse, em Portugal e não só… o que, infelizmente, é «normal», dados os muitos anos de desinformação, de propaganda, de mentira que «transforma(ra)m» todos os republicanos, conservadores, norte-americanos em estúpidos, ignorantes, preconceituosos… Há quem, com tanta pressa em ser «engraçado» (até se pede a opinião de uma professora de Física!), não consiga, nem queira, esperar, parar para pensar… Deveriam ter vergonha, e pedir desculpa. Mas duvido que alguma vez tenham, e que peçam.)
(Segunda adenda - Mais uma «piada» envolvendo Mitt Romney que muitos dos «suspeitos do costume» levaram a sério. Não aprendem...)

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