Sim, é verdade… infelizmente: por mais
inacreditável que isso possa parecer e ser, Germano Almeida – não o conceituado
escritor caboverdiano mas sim o funcionário da Federação Portuguesa de Futebol que nesta exerce a função de «analista de dados» - continua a apresentar-se (pelo
menos na sua página de Twitter) como «jornalista» (e terá cometido uma
infracção grave se não entregou a carteira profissional respectiva antes de começar a
ser pago pela FPF) e como «especialista» em política internacional em diversos
(demasiados) órgãos de comunicação social nacionais. Entre ele e eu, que
iniciámos os nossos blogs sobre os EUA quase ao mesmo tempo (há mais de 11
anos, com poucos meses de intervalo), as diferenças dificilmente poderiam ser
maiores: ele já soma muitas dezenas (aliás, já deverá ter mesmo passado a
centena) de presenças mediáticas em que fala (isto é, na rádio e na televisão),
enquanto que eu… nem uma sequer (e não certamente por falta de insistência da minha
parte); ele já publicou (pela mesma editora) quatro livros sobre o assunto, dois dos quais (metade!)
– este e este - assentes em evidentes e em… hilariantes falsidades, enquanto que
eu não consegui publicar o que escrevi – e, caso o conseguisse, seria praticamente
o único «contra a corrente».
Segue-se um exemplo relativamente recente que
demonstra o quão indignos de confiança certos «comentadores» são, tal como os
que os convidam uma e outra vez apesar dos avisos em contrário. A 11 de
Fevereiro Germano Almeida publicou no sítio da TSF o artigo «De #NeverTrump para ForeverTrump», e no início do mesmo estava um erro: depois de
uma citação de Ronald Reagan na forma de um excerto de uma entrevista por aquele concedida
em 1979, havia a indicação de que aquele ano tinha sido também o da sua
primeira tomada de posse como presidente dos EUA – na verdade, foi em 1981 que
tal aconteceu; contactei a estação de rádio no dia seguinte e o erro foi
corrigido (eliminando a referência à tomada de posse), e isso foi assinalado
acrescentando-se, no final do texto, «artigo alterado às 13.30 de 12 de
Fevereiro». Seria de esperar que o falhanço num pormenor tão básico tornasse os
directores da TSF algo renitentes em contar novamente com a colaboração do
Almeida, certo? Errado! E isto porque…
… Não só ele foi convidado nos dias 15 e 29 de
Fevereiro no programa «O Estado do Sítio» como voltou a publicar, no dia 17 de
Março, mais um artigo no sítio da estação. «Comedidamente» intitulado «Uma desgraça americana», contém não um, não dois, mas sim nada mais nada menos do
que três erros factuais, que eu também reportei à TSF. O primeiro está no
excerto «(Donald Trump) permitiu que o seu então Conselheiro de Segurança
Nacional, John Bolton, extinguisse a equipa especial de prevenção de pandemias,
criada por Barack Obama» - na verdade, essa equipa, e essa função, foram integradas numa nova unidade após uma reestruturação feita na administração.
O segundo erro está no excerto «até Barack Obama, que fez do acesso à
saúde importante bandeira na campanha de 2008, acabou por desenvolver um plano,
a que deu o seu nome» - na verdade, o referido plano, e depois lei, designa-se
oficialmente «Affordable Care Act» e, efectivamente, é popularmente (tanto por
adeptos como por adversários) conhecido como «ObamaCare», mas não foi o
anterior presidente que assim o «baptizou», embora não conste que ele se tenha
oposto a que o seu nome fosse usado. O terceiro erro está no excerto «Trump
tentou mesmo um "exclusivo americano" para uma vacina que está a ser
tentada na Alemanha» - na verdade, não tentou, como responsáveis da empresa alemã em causa confirmaram; é de salientar que outros propagaram esta falsa
notícia, como, por exemplo, Clara Barata no Público.
Uma vez mais, os meus avisos à actual direcção
da pioneira «rádio-jornal» não surtiram qualquer efeito, e ontem, 28 de Abril, aquela voltou
a publicar no seu sítio mais um artigo do funcionário da FPF, com o título
histérico e ridículo, ou ridiculamente histérico, de «Nem lixívia desinfetava (sic) esta presidência contaminada» (o Almeida também é um dos que se submeteu
ao AO90), cuja primeira e algo diagonal leitura me permitiu logo detectar pelo menos cerca
de 20 (!) evidentes falsidades – começando, claro, com a de que Donald Trump
aconselhou a que as pessoas consumissem (oralmente ou por injecção) lixívia ou
outro produto tóxico. É de acrescentar e de destacar – negativa mas não
surpreendentemente – que este suposto «especialista» nem por uma vez critica
nos seus dois últimos artigos publicados na TSF a actuação do regime totalitário de Pequim durante esta crise, e a sua culpabilidade na eclosão e no agravamento da mesma. Agora, experimente-se
imaginar todos os erros e mentiras que existirão nos outros artigos do Almeida que
eu não li… Enfim, trata-se de uma (humana) desgraça portuguesa, com certeza.
Que tristeza!
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