Sim,
é verdade, não é mentira, não é um sonho… ou um pesadelo: Donald Trump venceu a eleição presidencial de 2016, derrotando Hillary Clinton, e será o 45º presidente dos Estados Unidos da América, sucedendo a Barack Obama. E o dia 20
de Janeiro de 2017, em que o candidato do Partido Republicano e futuro
comandante-em-chefe tomará posse em Washington, não virá cedo demais.
Foi
um resultado, um desfecho, surpreendente, inesperado, chocante? Era impossível,
ou pelo menos extremamente improvável, que ele vencesse a - - sem dúvida favorita
à partida – candidata democrata? Sim, mas só para aqueles que não sabem, nem
querem saber, a realidade, (todos) os factos, o contexto, e a história recente
do país, em especial nos últimos oito anos em que o Sr. Hussein tem residido no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia. E são muitos, mesmo muitos,
os que em todo o Mundo, nos próprios EUA, aqui na Europa… e em Portugal (sobre
isso irei relatar alguns episódios em breve, e será… divertido) não sabem nem
querem saber. Bastantes deles estariam mais e melhor preparados se… me lessem,
me ouvissem, se estivessem dispostos a conversar comigo. Porém, não o fizeram
(apesar dos contactos e dos «convites» que fiz ao longo dos anos), e agora é
vê-los a fazerem as figuras mais tristes, mais ridículas, mais histéricas, a
dizerem e a escreverem os maiores disparates. É certo que no nosso país as
«birras» se limitam, e felizmente, a isso – a dizer e a escrever disparates; no
entanto, no outro lado do Atlântico, os disparates também se fazem: muitos dos
desiludidos com o resultado da eleição foram para as ruas protestar
– invariavelmente em cidades que os «azuis» controlam, como Chicago, Los
Angeles, Nova Iorque, Portland – e não se limitam aos gritos e às (absurdas)
palavras de ordem: também, repetindo o que fizeram em outras ocasiões, estão a
atacar quem pensam ser (correcta ou incorrectamente) apoiantes de Donald Trump e dos republicanos (aliás, há também vários casos desses antes do, e durante o, dia 8), a vandalizar e a destruir propriedade pública, a lutar contra polícias.
Não é irónico que aqueles que mais se manifestam contra o «ódio» e a favor da«tolerância» se revelem os mais odiosos e os mais intolerantes? Enfim, não
aprendem… continuem assim que apenas irão conseguir que, em futuras eleições, o
domínio do GOP em todas as instâncias do poder – local, estadual, federal,
nacional – se torne ainda mais esmagador do que já é. Só faltava a Casa Branca…
e ela acabou de ser conquistada. Ao mesmo tempo, e contrariando os receios que
existiam, manteve-se o controlo do Congresso, as maiorias tanto na Casa como no
Senado.
Reconheço
que, para mim (e para duas das minhas filhas, que nos últimos tempos se foram
interessando cada vez mais pela política nos EUA, e que me acompanharam), a
passagem da noite de 8 para 9 acabou por se tornar uma experiência inesquecível
e… muito satisfatória. Ao início, e recordando o que aconteceu há quatro anos em que não esperava, de todo, que Mitt Romney perdesse, agora encarei a situação com
mais calma, realisticamente, na expectativa… e disposto, preparado, a enfrentar
mais uma derrota daqueles que eu priorizava… o que, felizmente, não aconteceu. Ia
dizendo a mim próprio «mais um pouco, e vou para a cama»… mas fui adiando: era
viciante acompanhar em tempo real a contagem dos votos, as alternâncias na
liderança, os Estados que «caíam» para um lado ou para outro. Particularmente
enervante foi – mais uma vez! – a contagem na Flórida. Todavia, assim que se
tornou certo que Donald Trump vencera o «sunshine state», tudo se tornou realmente
possível… e a confirmação da vitória foi uma questão de tempo. A seguir, e além
das vitórias previsíveis em Estados tradicionalmente «encarnados», vieram as –
extraordinárias – tomadas de «azuis» como o Michigan, Ohio, Pensilvânia e
Wisconsin. Escaparam as habituais «repúblicas socialistas soviéticas
americanas» como a Califórnia, Oregon, Washington, Massachusetts, Nova Iorque –
o Estado natal do novo presidente, que não dava um à nação desde Franklin D. Roosevelt.
Antes das seis e meia fui deitar-me… mas não consegui dormir. Levantei-me antes
das oito, a tempo de ver em directo, ao vivo e a cores, o discurso de vitória do novo presidente.
Afinal,
Michael Moore adivinhou mesmo o que aconteceu, e este resultado acabou por ser «o maior «fuck you!» registado na história da Humanidade». Eis o ponto crucial: Donald
Trump venceu Hillary Clinton porque, por mais e maiores (e, reconheço, indiscutíveis) que sejam as interrogações - e inquietações - suscitadas pela sua personalidade e
pelo seu percurso profissional e público, por mais e maiores que sejam as suas insuficiências no estilo e na substância, a sua opositora era, é,
indubitavelmente pior. O magnata do imobiliário e milionário não é o
responsável «moral» ou material, directo ou indirecto, por centenas, quiçá de
milhares, de mortes; não aproveitou um cargo no governo para vender (várias
vezes a individualidades e a entidades estrangeiras de incerta
respeitabilidade) acesso e favores, enriquecendo a si próprio e à sua «fundação»;
não violou leis e regulamentos e não colocou em perigo a segurança nacional ao
instalar e utilizar um servidor privado de correio electrónico para tratar
assuntos estatais; não beneficiou do colaboracionismo e da batotice tanto do
seu próprio partido (que prejudicou o seu principal rival para a nomeação) como
d(e uma parte significativa d)a comunicação social (que submetia à sua equipa
textos para aprovação e pedidos de pesquisa de candidatos do «outro lado», e
revelava perguntas que iriam ser feitas em debates). Não, a esposa de Bill Clinton,
corrupta e criminosa, não tem um currículo caracterizado por uma inocente
«hilaridade».
Donald
Trump, porém, também triunfou contra Barack Obama, talvez o principal derrotado neste sufrágio. O Nº 44 comportou-se de uma maneira indigna; fez o que, creio, nunca nenhum
outro presidente antes dele fez: participar activa e intensamente na
campanha sem estar em causa a sua reeleição. Ronald Reagan não fez isso a favor
de George H. Bush, Bill Clinton não fez isso a favor de Al Gore, George W. Bush
não fez isso a favor de John McCain. Ele próprio admitiu que era o seu «legado» que estava em causa e
nos boletins de voto… e o resultado significou uma «repudiação» desse «legado». Que ficará como um – muito danoso e dispendioso - «parêntesis» na história dos EUA.
1 comentário:
Eu quase não acreditava. Fui-me deitar pelas 2 horas com a Flórida a balançar. Os meus filhos ficaram até mais tarde. Já a probabilidade de vitória subia vertiginosamente.
Quando acordei vim ao computador e surprise. Gritei de alegria e fui acordar toda a gente. Um prazer ver a víbora e o seu mentor derrotados.
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