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A
cerimónia de entrega dos prémios – conhecidos como os Óscares – da Academia (norte-americana)
das Artes e das Ciências Cinematográficas já foi conhecida, merecidamente, como
a noite das estrelas. Nos últimos anos, ou talvez décadas, e cada vez mais,
tem-se «progressivamente» transformado na noite do(a) estarolas. E a mais recente, ocorrida no passado domingo, confirmou-o, porque foi especialmente
ridícula, patética, até ofensiva…
…
E não só pela apresentação, pela actuação, de Neil Patrick Harris, que, tendo «culminado»
aquela com uma breve aparição em cuecas, mais parecia estar numa gala da GLAAD
ou da ILGA – e após Ellen DeGeneres ter simbolizado em 2014 a letra «L»
(lésbica) e o ex«Doogie Howser» este ano a «G» (gay), é de esperar que em 2016
seja um «B» (bissexual) o/a «mestre de cerimónias» e em 2017 seja um «T»
(transgénero). Não só pela cada vez maior irrelevância da cerimónia, por os
prémios já serem previsíveis na sua grande maioria ou totalidade após a
atribuição prévia de vários outros galardões, e por aqueles distinguirem
preferencialmente filmes pouco vistos, pouco populares, com reduzidas receitas de bilheteira. Não só por o(a)s melhores profissionais e as melhores obras
raramente serem premiadas ou até nomeadas. Não só por cada vez mais a «fórmula»
mais seguida na tentativa de obtenção de troféus basear-se em histórias de
doenças e/ou deficiências físicas e/ou mentais, como se comprovou novamente anteontem
pelos triunfos de Eddy Redmayne e de Julianne Moore…
A
cerimónia do passado dia 22 de Fevereiro foi especialmente ridícula, patética,
até ofensiva, também, e principalmente, por ter sido mais uma demonstração de
como o evento anual mais importante em Hollywood é frequentemente aproveitado
pelos premiados (e não só) para fazerem inoportunas e constrangedoras declarações de carácter político e/ou social… e, claro, invariavelmente
esquerdistas-liberais. Alejandro Iñárritu, mexicano que sucedeu ao seu
compatriota Alfonso Cuáron como melhor realizador, e anunciado de uma forma
«bem humorada» (?) pelo sempre «ponderado» Sean Penn como «filho da p*t*» que
não se sabe como obteve a «carta verde», falou da imigração. Graham Moore,
autor do melhor argumento adaptado, defendeu o direito à diferença, em especial
a (homos)sexual. «Cidadão Quatro», que retrata favoravelmente Edward Snowden,
ganhou como melhor documentário (longo). Patricia Arquette, melhor actriz
secundária, protestou contra a discriminação, em especial a salarial, de que as
mulheres são vítimas – o que é verdade, na Casa Branca e em outras organizações dirigidas por democratas, como os grandes estúdios de Hollywood. E John Legend e Common, este um notório racista que se opõe ao casamento inter-racial, lá
ganharam para «Selma» uma estatueta, a da melhor canção, e assim ajudando a
diminuir a inexistente «injustiça» de que aquele filme teria sido objecto;
tiveram o atrevimento de aludir à obrigatoriedade de identificação dos votantes
como uma forma de racismo. Só faltou alguém vir arengar sobre o «aquecimento
global». É pois uma surpresa que a emissão deste ano tenha tido menos audiência do que a do ano passado e sido uma das menos vistas de sempre?
Os
demagogos e agitadores raciais habituais, a começar por Al Sharpton, que se
indignaram com a suposta «falta de diversidade», e concretamente o reduzido número de
nomeações de «Selma», e que atribuíram esse facto a animosidade racial, talvez
se tenham «esquecido» de que, em 2014, «12 Anos um Escravo» foi considerado o
melhor filme, tendo proporcionado ainda Óscares – enquanto produtor - ao seu
realizador, o inglês Steve McQueen, e à actriz queniana (secundária) Lupita Nyong’o…
ambos negros. Como em outras áreas, alegar que no cinema não houve mudança para
melhor no relacionamento inter-racial é pura e simplesmente uma mentira – e em Portugal, como não podia deixar de ser, há quem acredite. E mesmo quando se
revisita a História convém que tal seja feito de uma forma correcta…. e
completa.
Para o exemplificar recuemos até Novembro passado, quando, durante a anual entrega de distinções honoríficas realizada pela AMPAS,
Harry Belafonte, cuja loquacidade senil faz lembrar bastante a de Mário Soares,
não encontrou melhor maneira de «agradecer» o prémio humanitário Jean Hersholt,
que então a Academia lhe entregou, do que criticar Hollywood pelo (mau)
tratamento que deu às minorias, e em especial aos afro-americanos, ao longo dos
anos. Destacou e condenou, em particular, que um filme como «Nascimento de uma
Nação», epopeia que elogia o Ku Klux Klan, tenha sido o primeiro a ser exibido
na Casa Branca. Porém, saberá Belafonte, outro – e idoso - «Tio Tomás» por
constantemente e rispidamente defender democratas e atacar republicanos, quem
era o presidente dos EUA quando tal «sessão de cinema» teve lugar? Era Woodrow
Wilson, que nada fez para punir a segregação e premiar a integração, muito pelo
contrário, e que é um dos membros mais «destacados», pela negativa, do pouco
recomendável «clube» dos chefes de Estado «burros». Muitos fazem «fitas»… mas
nem uns nem outros são sempre de se ver e de se admirar.
(DUAS adendas no final deste texto.)
Afinal,
sempre vai haver «boots on the ground» norte-americanas no Iraque contra o
ISIS: ao pedir (com atraso) ao Congresso autorização formal para combater o ISIS (algo que não fez em relação a outras intervenções no estrangeiro), Barack
Obama, para todos os efeitos, anunciou-o. Depois de dizer que isso não
aconteceria. Depois de ter retirado practicamente todas as tropas terrestres do
Iraque, na ilusão («wishful thinking») de que «a guerra tinha terminado».
Depois de, desse modo, assim ter criado as condições para a expansão daquele exército terrorista, que continua a matar pessoas inocentes e indefesas, não só
cristãos mas também outros muçulmanos, às dezenas, às centenas, aos milhares, com
cada vez maiores requintes de malvadez.
Este
«arrepiar caminho», este (aparente) arrependimento de uma (má) decisão anterior
será suficiente para desmentir as análises de Charles Krauthammer, de Chuck
Todd e de Bob Woodward, e de outros, que concluíram pela inexistência de um
verdadeiro plano por parte do Nº 44 e da sua equipa para combater eficazmente e
destruir efectivamente os cruéis homens de negro? O comentador da Fox News afirma
que tudo o que Barack Obama faz é no sentido de minimizar o que está a acontecer e de impedir («hold us back») uma (mais forte) reacção dos EUA. O
apresentador da NBC reconhece que não parece existir uma estratégia de
segurança nacional na actual administração. E o (veterano, prestigiado, famoso,
premiado, não conservador) jornalista do Washington Post, além de concordar que
não existe uma autêntica estratégia para derrotar o ISIS e que a Casa Branca se limita a «microgerir» («micromanages», isto é, vai reagindo no imediato, no dia
a dia, ou nem isso), revela que há a agravante de os militares estarem perturbados
por Susan Rice lhes dizer como devem lutar!
Porém,
e como que para «contrariar» o cepticismo que se verifica tanto à esquerda como
à direita, afinal há – foi apresentada – uma estratégia de segurança nacional
(com implicações na política externa e na defesa). Cujo título, e principal
conceito, é (o de)… «paciência estratégica». Não, não é uma piada, uma mentira
de 1º de Abril antecipada ou um engano, um erro… é mesmo assim. No documento é
dado destaque, e prioridade, ao combate à «discriminação» das pessoas LGBT e às «alterações climáticas». Aliás, o «aquecimento global» - que, nunca é de mais
lembrar, é uma ficção, uma fraude – é encarado por Barack Obama como uma ameaça mais grave e mais urgente do que o terrorismo islâmico (expressão que, de
resto, ele continua a não utilizar), e isso foi confirmado pelo próprio numa
entrevista recente concedida ao órgão-de-propaganda-disfarçado-de-sítio-noticioso-vanguardista
que é o Vox. A preocupação com o ambiente demonstrada pelo Sr. Hussein só vai,
no entanto, até um certo ponto… não é suficiente para o demover de ir jogar golfe a uma região da Califórnia afectada pela seca.
Mais
do que isso, qualquer iniciativa que pretenda convencer a opinião pública de
que esta administração se preocupa seriamente, constantemente, com a segurança
fica desde logo comprometida com o espectáculo ridículo (dado, disse-se, para
promoção do «ObamaCare») do Nº 44 a brincar num vídeo do Buzzfeed, fazendo
caretas para um espelho, fingindo que está a jogar basquetebol e brandindo um
«selfie stick» - tudo adequado ao narcisista empedernido de que já não restam
dúvidas de que ele é. Entretanto, no Iémen, país que a actual administração não
há muito tempo apontava como um sucesso das suas políticas de cooperação contra
o extremismo, a embaixada dos EUA foi evacuada na sequência de um golpe de
Estado.
Muitos
já perderam a paciência para com um presidente cuja atitude é (tristemente)
simbolizada por uma sua porta-voz que afirma que «todos deveríamos estar a gritar quão terrível» é a violação sistemática dos direitos humanos cometida
pelos elementos do ISIS. Há os que não se resignam a serem vítimas e que, por
isso, encontram um amigo, e um aliado, em George W. Bush. Que não hesita em, na medida das suas
possibilidades, em procurar ajuda. Porque, indubitavelmente, «o mal é real».
(Adenda – A «paciência»
que esta administração demonstra ter é mesmo muita, mas o seu valor estratégico
não parece ser elevado. De facto, Barack Obama é «paciente» - e crente – ao
ponto de tomar como certa a «garantia» de Ali Khamenei de que obter uma arma
nuclear seria (é) contrário à fé islâmica. Por sua vez, Marie Harf, segunda
porta-voz do Departamento de Estado, acredita mais em proporcionar empregos aos terroristas do que em simplesmente aniquilá-los; e, depois de criticada por
esta «ingenuidade», defendeu-se citando George W. Bush… favoravelmente.
Entretanto, Eric Holder, ainda à espera de ser substituído, continua a ter
disposição para censurar a Fox News… mas não, aparentemente, para admitir que os EUA estão em guerra com o ISIS. Representantes deste não terão, tudo o
indica, estado presentes na cimeira contra o «extremismo violento» que a Casa Branca organizou esta semana, mas figuras com ligações a outras organizações islâmicas radicais terão efectivamente participado. E ouviram Joe Biden, quase
de certeza na sequência das alusões (negativas) do seu chefe às Cruzadas e à
Inquisição, lamentou a existência de «milicianos e de supremacistas de direita»
que practicam a violência «em nome da Bíblia». Enfim, são tantas as hesitações,
os eufemismos e as contradições evidenciadas pelo Sr. Hussein e pelos seus
camaradas que até na MSNBC há quem já tenha perdido a paciência.)
(Segunda
adenda - «Estratégica» ou não, é muita a «paciência» que a actual administração
tem… para com os terroristas. Ao ponto de, através do Pentágono, revelar os potenciais planos do ataque ao ISIS. De não ter convidado para a cimeira sobre
«extremismo violento» nem o director do FBI nem muçulmanos «moderados». De continuar
a considerar que norte-americanos… de direita constituem uma ameaça tão grande
ou maior do que islâmicos fanáticos – o que está em consonância com a circunstância
de Marie Harf ter escrito uma tese universitária que afirma que o apoio dos
conservadores a Israel dificulta a política externa dos EUA. Pelo que não é de
surpreender que o Departamento de Estado, agora liderado por John Kerry, peça
ao público, através do Twitter, «soluções para enfrentar o extremismo violento»…
que, obviamente, os «extremistas violentos» também podem ler.)
O
Obamatório foi criado, como já o referi e aliás está explicito no seu
cabeçalho, para (tentar) contrabalançar, equilibrar, o desvio constante na
(des)informação, em quase todos os órgãos de comunicação social em Portugal,
sobre a política (e também a sociedade e a cultura) nos Estados Unidos da
América, a favor do Partido Democrata e em desfavor do Partido Republicano. Não
há que negar que não tem tido muito sucesso nesse âmbito, também porque já foi, ou é, activamente discriminado. Porém, não sou arrogante e pretensioso ao
ponto de acreditar que só eu e que só este blog – ou qualquer pessoa e qualquer
blog, isoladamente – fariam uma (grande) diferença…
…
Tanto mais que a qualquer leitor, a qualquer consumidor de notícias e de
opiniões, cabe igualmente a responsabilidade, o dever de questionar tudo o que
lhe põem à frente como facto. E são tantos os disparates, tantas as distorções
que continuam a escrever-se em português sobre a situação nos EUA, que as
desculpas são cada vez menos e menores. Veja-se, por exemplo, um artigo de
Mário Vieira de Carvalho, identificado como «professor catedrático jubilado da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa», e que
afirma que «tão
levianamente radical como o discurso de (Pedro) Passos (Coelho), nos dias de
hoje, só mesmo o do Tea Party nos EUA. Este ainda não chegou à Casa
Branca, mas já se instalou em S. Bento.» Aliás, o título do artigo é mesmo «O Tea Party em S. Bento». Quão mau é o estado do ensino superior em Portugal que
alguém que acredita, e escreve, (n)uma tal parvoíce consegue chegar ao topo da
carreira docente? No entanto, há quem faça, e seja, pior… e, obviamente, tinha
de ser Mário Soares. Não é insólito – sabendo como ele se tem comportado nos
últimos anos – que ele tenha escrito, e que acredite, que «Barack Obama, um
político de uma inteligência e visão extraordinárias, fez baixar o preço do
petróleo por toda a parte, tentando ao mesmo tempo limitar a fúria dos oceanos
e a consequente formação de gelo que este ano, exce(p)cional, atingiu as duas
costas dos Estados Unidos e outros continentes». O que é insólito é que,
aparentemente, ninguém na fundação com o seu nome, nenhum assessor ou
colaborador, e, enfim, ninguém no Diário de Notícias tenha dado a entender ao
ex-presidente da república que aquele excerto era, e é, de uma enorme estupidez
e de um ridículo atroz.
Como é
evidente, há mais quem se dedique a criar uma versão alternativa, adequada à
sua ideologia e aos seus delírios, dos EUA, e que, não sofrendo (ainda) da
senilidade patética de outros, opte por mentir insidiosa mas descaradamente,
talvez confiante de que ninguém saberá, ou se atreverá, (a) desmascará-lo. É o
caso de Eduardo Pitta, que, incansável no seu activismo homossexual, no qual,
aparentemente, vale tudo, escreveu que «a lei estava aprovada desde o ano
passado, mas só hoje entrou em vigor na Flórida, tendo-se realizado já os
primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo», e que «na Carolina do Sul a
lei também foi aprovada, mas ainda não entrou em vigor.» Eis a verdade: na
Carolina do Sul não foi aprovada ainda qualquer lei, num sentido ou noutro, e
na Flórida foi efectivamente aprovada uma… mas proibindo o «casamento» entre
pessoas do mesmo sexo; todavia, escandalosa e incompreensivelmente, e à
semelhança do que tem acontecido em outros Estados, a decisão legítima tomada
directamente pelos eleitores ou indirectamente pelos seus representantes foi,
no «Sunshine State», revertida por um juiz. Que ninguém se iluda com
a lista que o Pitta apresenta: 31 Estados já votaram contra a redefinição do casamento. Alguém minimamente conhecedor da realidade dos EUA alguma vez acreditaria
que a maioria dos cidadãos, por exemplo, do Alaska, do Idaho, do Oklahoma e do
Utah concordaria com uma tal mudança? Nem na Califórnia isso aconteceu! Pelo menos
no Alabama há quem não esteja, e muito bem, disposto a curvar-se e a aceitar decisões judiciais
não democráticas e mesmo ditatoriais.
Eduardo Pitta
não permite comentários no Da Literatura, pelo que a sua manipulação
propagandística não pode ser lá confrontada. Contudo, outros blogs há em que
tal restrição não é colocada, e em que, quando tal se justifica, eu posso continuar
a denunciar e a questionar as incorrecções que neles surgem. Foram os casos,
neste último ano (e por ordem cronológica), de: Malomil (um, dois); Estado Sentido; Aventar (um, dois, três); Delito de Opinião (um, dois, três, quatro,
cinco, seis); Prosimetron; Corta-Fitas. Incorrecções essas em temas que vão
(ainda!) da Guerra do Iraque ao restabelecimento de relações diplomáticas com
Cuba, passando pelo controlo de armas e pela corrupção.
Tenho
perfeita consciência de que o meu esforço é pouco menos do que inglório. Afinal,
trata-se de contrariar (maus) hábitos há muito tempo instalados, em que os
«bons» e os «maus» estão previamente determinados e continuam a ser os mesmos. Inclusive
quando se fala, não do presente, mas do passado: regularmente, lá vem mais uma
«notícia» de como Ronald Reagan – ou, no caso, Nancy Reagan – era «estúpido(a)» ou até «cruel», mas não se vêem nos órgãos de comunicação social portugueses
(e, se eu estiver errado, façam o favor de me corrigir) referências às acusações de violação de que Bill Clinton foi, e é, alvo. «Descansem» todos, porém, porque essas
referências, e outras igualmente «incómodas», continuarão a ser feitas aqui.