quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Quem manda é ela

Em política – e não só nos EUA – uma das questões perenes é a de saber como abordar a presença e a eventual influência da família dos políticos e, em especial dos cônjuges. Havendo nesta actividade, como se sabe, ainda mais homens do que mulheres, é então sobre namoradas, esposas, companheiras de deputados (senadores, representantes), governadores… e presidentes que as atenções mais recaem. E afirmar que a elas caberá sempre uma posição secundária já não tem fundamento quando se vê qual foi o percurso de Hillary Clinton depois de ter sido primeira-dama do Arkansas e, depois, do país: senadora, candidata à presidência, secretária de Estado e, novamente candidata à presidência… e, desta vez, nomeada pelo seu partido.
Em relação a Michelle Obama já há quem queira «empurrá-la» para outros «voos» depois de o marido deixar a Casa Branca em Janeiro do próximo ano. Há que admiti-lo: comparada com Hillary Clinton e até com o próprio marido, ela não tem um passado repleto de «esqueletos no armário», de associações suspeitas ou mesmo criminosas, de afirmações incoerentes, insultuosas e mesmo incendiárias, não faz da mentira uma prática quase permanente. O que não quer dizer, evidentemente, que não tenha estado envolvida em algumas controvérsias desde que entrou no Nº 1600 da Avenida da Pensilvânia em Washington. Segue-se uma breve súmula das mesmas no último ano…  
… Das quais há a destacar antes de mais as duas vezes – uma numa cerimónia de formatura universitária, outra na recente convenção do Partido Democrata – em que ela disse que (desde 2009) «todos os dias acordo numa casa construída por escravos»… o que não é exactamente verdade, porque na Casa Branca trabalharam homens livres, e de outras etnias para além da africana. Mas porquê estragar as ilusões da ideologia (e a rescrita da História) com as evidências da realidade? E questionar as viagens e as visitas que a primeira-dama faz, em especial algumas que levanta(ria)m dúvidas legítimas devido ao custo ou até mesmo quanto ao local propriamente dito? Afinal, é mais fácil e mais «fofinho», tanto para jornalistas desonestos como para espectadores manipuláveis, ficar-se «derretido» com a presença de Michelle Obama num programa de «late night comedy» numa sessão de karaoke no carro com o apresentador daquele; e em que a artista mais cantada, mais elogiada, é Beyonce, que está longe de ser um bom exemplo mas que, em Portugal, é também vista por alguns como uma voz contra a violência quando, na verdade, está na prática a incitá-la.
A «missão» em que, porém, a primeira-dama mais se tem empenhado no seu «mandato» é o combate à obesidade nas escolas entre os jovens norte-americanos, através de uma iniciativa designada «Let’s Move». No entanto, aquilo que mais se tem… movido neste caso – como em tudo em que a esquerda se mete – é o Estado, a pressão e o poder da burocracia, do governo federal, que se traduz invariavelmente numa diminuição da liberdade (e da capacidade) de escolha. Na tentativa de imposição de uma «alimentação saudável» e da eliminação de «junk food», até biscoitos e sumos podem ser proibidos! O que explica a resistência de muitos dos «interessados, tanto alunos como professores e administradores dos estabelecimentos de ensino (públicos) abrangidos, que podem ver os seus financiamentos reduzidos ou mesmo retirados, e até a serem alvo de multas (!) caso se recusem a seguir as directrizes (ou doutrinas) nutritivas «progressistas»; houve quem não se deixasse intimidar e decidisse por se libertar desta «ditadura do palato». Todavia, e o que não surpreende, a campanha terá falhado em emagrecer… convenientemente os alunos, e havia indicações de que o Congresso poderia estar a preparar-se, enfim, para terminar mais esta experiência social esquerdista. É pois de admirar que ela não queira que se divulgue no Twitter o que foi o almoço depois das aulas?
Para descanso das mentes… e do metabolismo de muitos, já faltam só cinco meses para os Obama saírem. Barack até que estaria disponível para um terceiro termo, se não fosse a Constituição «e, mais importante, a Michelle, proibirem-no». Já não existiam muitas dúvidas, mas fica assim confirmado que quem manda é ela.

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